As disrupções no mercado, as novas tecnologias e as mudanças no comportamento dos consumidores têm afetado as mais variadas empresas e segmentos.
De acordo com um estudo da KPMG, estima-se que 96% das organizações estão passando por transformações em seus negócios. Já um estudo da McKinsey indica que 80% dos CEOs pesquisados consideram que seus modelos de negócios estão em risco.
Embora haja consciência da necessidade e urgência desses movimentos, o que se observa é que grande parte dos esforços acaba tendo baixa efetividade. Isso é comprovado no mesmo estudo quando se estima que menos da metade dos esforços corporativos trará resultados que de fato alterem a realidade da organização para melhor.
Antes de entender as barreiras que impedem que isso aconteça, é importante deixar claro que a transformação de negócios vai muito além do lado tecnológico e digital, que é a ótica sob a qual grande parte das iniciativas vem sendo conduzidas. Aspectos que dizem respeito a mudanças de comportamentos, atitudes e comunicação também devem ser considerados nessa jornada.
Dito isso, fica claro que qualquer movimento de transformação organizacional que não se atente aos aspectos humanos terá resultados abaixo do esperado. A importância disso é reforçada por um levantamento global da consultoria Russell Reynolds, que afirma que somente 18% dos CEOs acreditam que a cultura de suas empresas permite que haja modificações efetivas na sua dinâmica de funcionamento.
Entrando mais a fundo nas motivações que prejudicam uma cultura favorável a mudanças, identificou-se que as principais barreiras são a inércia organizacional, a colaboração ineficiente e a resistência a mudanças.
Diante desse cenário em que o componente humano se torna chave para o sucesso das companhias, torna-se necessária uma nova abordagem de atuação, em que conceitos como inovação nunca estejam dissociados de significado e valor percebido para as pessoas, interna e externamente à empresa.
Somente com essa abordagem mais humana e multidisciplinar é possível que se trate esse tema tão caro às organizações de maneira completa e efetiva. Saber como transformar a cultura organizacional em uma plataforma que impulsione inovações e que gere valor e engajamento com o público é chave para garantir a sustentabilidade de negócios a longo prazo.
Esse movimento exige comprometimento e dedicação em todos os níveis e áreas, sendo que algumas premissas são fundamentais para atingir o sucesso:
1) Sensibilização e comunicação: Engajar todos os envolvidos desde o início é primordial, sensibilizá-los dos motivos, objetivos e etapas da jornada.
2) Diagnóstico assertivo: Antes de ir para a prática, deve-se ter um retrato fiel da realidade atual e dos desafios que se apresentam.
3) Desenho da Visão e Estratégia: Traçar o cenário futuro e o impacto proposto, criando estratégias, que indiquem os caminhos para a organização ir de A à B.
4) Capacidade de implementação: Ter condições de realizar as ações propostas e engajar todos na sua execução.
5) Acompanhamento e ajustes: Acompanhar as ações realizadas, propondo melhorias e ajustes ao longo do tempo.
Como se pode perceber, dada a competitividade e a velocidade das mudanças no ambiente corporativo, a necessidade de transformação de negócios vem sendo uma pauta recorrente nas organizações. Mas contrariando um quase lugar comum no pensamento presente, a resposta para os grandes desafios vividos está menos na tecnologia que permeia os processos e portfólios empresariais e mais nos ativos que impulsionam e utilizam tudo isso: as pessoas.
Por Bruno G. Schroeder, sócio-fundador.