Meu pornô, ninguém sai!

Coletivo Aurora Maria
3 min readNov 29, 2017

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Quando tocamos no assunto da prostituição e, principalmente, do pornô, muitos homens recusam que tais práticas são prejudiciais às mulheres… os argumentos são inúmeros, mas inconsistentes.

Sabe-se, hoje, que o consumo da pornografia cresce cada vez mais e, entre as categorias mais procuradas, estão os vídeos “hardcore”, ou seja, de conteúdo mais pesado e “anal”. Como explicitado no texto em que colocaremos no fim desta postagem, as mulheres que trabalham com pornô têm que se submeter à inúmeras situações perigosas para poder ganhar um dinheiro que pouco dá para se sustentar, para a maioria das atrizes do ramo.

Ah, mas diz-se que essas mulheres estão lá porque querem, então por isso merecem as consequências. Esse tipo de argumento está errado em dois pontos: o primeiro é porque ele é punitivo com base numa moral que é variável e vários que falam isso não seguem a moral que pregam; segundo é que, a partir da verificação em pesquisas e documentários, as mulheres que seguem por esse ramo (ou da prostituição) o fazem por não enxergarem outras opções, por precisar de dinheiro fácil e rápido, e, claro, porque o capitalismo coloca o corpo da mulher à venda, como se fôssemos mercadorias e, com essa moral burguesa bem apreendida, colocamos nosso corpo à venda.

Seguindo essa categoria mais procurada, a do “anal”, vemos que as mulheres que trabalham com o pornô têm que fazer mais e mais posições perigosas para conseguir um dinheiro extra. Com isso surgiu o “rosebud” (botão rosa), que é caracterizado por um prolapso retal, é uma condição onde o reto desce e fica para fora do ânus. Imagine só se isso é algo saudável, salubre, bom para a atriz? Claro que não! Mas cada vez tem mais acessos, inúmeros homens se excitam com a exposição de sofrimento dessas mulheres em frente à câmera. Assim como o rosebud, vídeos com mulheres vomitando ao fazer sexo oral forçado, vídeos de mulheres adultas fingindo ser crianças, entre outras, têm visto seu público crescer. É extremamente problemático.

Se queremos falar da preocupação com a posição da mulher na nossa sociedade, devemos falar da pornografia e da venda do corpo feminino. A lógica de mercadoria chega até o nosso corpo e nos faz vendê-lo. Não somos mercadorias, nossa saúde importa! Dessa forma, entendemos que deixar de ver pornô não acabará com essa indústria do dia para a noite, mas é uma forma de se importar sobre o que acontece com as mulheres, toda a exploração por trás disso, toda a visão problemática que isso traz. Abolir o pornô é entender que as mulheres não são mercadorias.

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