A educação segundo a riqueza

Coletivo Sistema Negro
2 min readJun 19, 2017

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Marcos Felinto

As vezes me parece demagógico o posicionamento de ricxs em prol da educação. De modo geral se diz que a educação deve ou é o principal pilar sobre o qual uma grande reforma de mentalidades poderia se iniciar no país.

Quando se referem aos pobres, com este discurso e com seus projetos, dizem que esta é a porta pela qual os mesmos encontrarão autonomia e prosperidade capazes de romper com a condição desfavorável.

Se ricxs, que são os mais escolarizados são, há séculos, incapazes de mover transformações concretas, que favoreçam a equidade material, que é o acesso a terra, saúde (física e mental), boa alimentação (incluindo aquela que favorece o simples prazer de comer) e o lazer ,o que posso pensar sobre os possíveis poderes de uma boa educação para todxs ou mesmo da boa educação que ricxs recebem em grandes colégios e universidades?

Por outro lado vejo que quando ricxs falam em educação como chave para criação de um senso autonomo, o qual muitas vezes chamam de liberdade, o fazem de modo a olhar apenas para o indivíduo, alienando-os do contexto de comunidade.

Dentro deste quadro o pobre, pós instrumentalizado, apenas terá mais condições para degladiar postos de trabalho. O pobre por seu empenho e mesmo quando consciênte de sua parte no jogo será a satisfação de ricxs que, por a + b, poderão afirmar que seu projeto para a reforma do país a partir da educação é valido = ele estudou, trabalhou, pode comprar, prosperou.

Ao meu ver, em todas as possíveis leituras para prosperidade, penso que esta deveria independer deste tipo de educação atenta ao mérito e se ver mais conectada a um modelo de educação que pense tudo a partir da corresponsabilidade e da empatia, que rompa com o conhecimento vestibular utilitarista e com a instrumentalização para que nos relacionemos com objetos máquinas e pessoas números.

Talvez quando educação for pensada longe do olhar meritocrático tenhamos algo a partir do que trazer uma reforma baseada na corresponsabildade pela pobreza.

Há ricxs que defendem o mérito, mas qual é o mérito de ricxs em um país em que ainda herda da escravatura e de uma ditadura?

Por fim, penso que a educação deveria antes de tudo nos dar instrumentos para que resolvessemos questões coletivas, como a pobreza e as violências geradas pela mesma. Visto de dentro desta perspectiva a riqueza, se mal partilhada, só poderia ser vista como fardo, como fracasso de um projeto e as instituições de ensino, os grades colégios e universidades, como centros de deformação.

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