Black Bloc

Colombina Sanglant
3 min readMar 25, 2015

Hordas mascaradas: entre o medo e a revolta na construcao de um corpo rebelde.

O Black Bloc é uma tática de manifestação bastante conhecida entre os anarquistas, inclusive praticada no Rio de Janeiro desde 2007, nos atos contra o aumento da passagem. Em junho, devido ao campo de confronto com a polícia, a aderência da população ao Black Bloc foi explosiva e o crescimento da formação, assustou as elites. Enquanto os movimentos sociais reivindicavam o reconhecimento de suas identidades o Black Bloc era a proposta contrário, formado por sujeitos mascarados, vestidos de negro que em meio ao bloco se tornam vultos. A tática não reivindica uma identidade, mas se constitui na negação das identidades das singularidades presentes no bloco. Forma um agenciamento de criação de uma nova subjetividade, que não cabe do campo estático da identidade.

Combativo protesto agita o entorno do Maracanã no primeiro dia da Copa no Rio. 16/06/2014.
Black Bloc Rio de Janeiro. Foto: Midia Ninja.

“Os Black Blocs são compostos por agrupamentos pontuais de indivíduos ou grupos de pessoas formados durante uma marcha ou manifestação. A expressão designa uma forma específica de ação coletiva, uma tática que consiste em formar um bloco em movimento no qual as pessoas preservam seu anonimato, graças, em parte, às máscaras e roupas pretas”(DEPUIS-DÈRI, 2014: 10).

Black Bloc Rio de Janeiro. Foto: Midia Ninja.

Se a negociação com o Estado se dá por meio da afirmação identitária e a luta da inclusão social pelas bandeiras coloridas, o Black Bloc nega qualquer tipo de identidade e afirma seu desejo de destruição de uma sociedade na qual não quer ser incluído.

Corpos disciplinados por toda a vida que, naquele momento, se desconstruíam transformados em hordas mascaradas que afrontavam contra símbolos do capital e do estado, rompendo bancos, incendiando monumentos, enfrentando a repressão policial. Neste sentido, estes corpos constituem uma dupla resistência, enfrentando o poder soberano repressivo e também rompendo as amarras de seus corpos disciplinados, na constituição de um novo sujeito, desterritorializador de seu próprio corpo. Podemos pensar também o Black Bloc como constituição de uma Zona Autônoma Temporária1, um espaço revolucionário em que as leis, hierarquias e a própria moral são destituídas de seu poder consagrador para dar espaço à criatividade e à subversão.

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