Corpo Transgressao

Colombina Sanglant
4 min readMar 11, 2015

Performances que desterritorializam no contexto das manifestacoes de Junho de 2013 no Rio de Janeiro/Brasil

No Rio de Janeiro, desde 2007 — ano em que a cidade sedia os jogos panamericanos — vem se implementando politicas de higienização, expulção e “segurança na construção de uma metrópole global e turística voltada para os grandes eventos, Copa do Mundo (2014) e Olimpiadas (2016). Em 2013, o aumento da passagem, foi a gota d’água que desencadeou protestos por todo Brasil. No Rio de Janeiro os temas da militarização, homofobia e racismo institucional, deram as manifestações um caráter mais critico, onde o compartilhamento da violência recuperou o sentido de uma vida nas barricadas.

Videoclip de 202 filmes. Aqui podemos acompanhar a tomada da Assembleia Lesgilativa do rio de Janeiro no dia 17 de junho de 2013. A manifestação contra o aumento da passagem e as ações dos activstas mascarados tem o espaço público como lugar de intervenção. A ocupação da ALERJ consiste em uma desterritorialização e implementação de novos sentidos ao espaço. A capoeira é experenciada pelos activistas como uma continuidade da resistencia contra a escravidão, violencia continua na história da cidade.

As manifestações e ocupação de espaços públicos como a “Ocupa Câmara” na Cinelandia e a tomada da ALERJ (Junho de 2013) são praticas espaciais (LASH apud LEFEBRE, s/d) que desterritorizalizam a pólis (LASH), traçando uma relação direta corpo-espaço, que destitui os significados antes estruturados pela construcao representativa da cidade. Os agenciamentos coletivos de enunciacao em forma de multidao sao um turbilhao de desejos que na avidez pela vida transmitem fluxos intensos de afeto e rebeldia. A malha de afetos construída transforma o espaço em zonas autónomas temporárias (Hakim-Bey) que se relacionam através de mediações, a navegação no “Arquipélago” (Boyer) é feita das mais criativas formas, com a contribuição da Internet e sua conexão com a rua, o arquipélago se estende ate a web.

Performance do coletivo coiote na marcha das vadias (27 de julho de 2013). A atuacao mecheu com simbolos religiosos em provocacao a visita do Papa ao Rio de Janeiro. As cruzes enfiadas nos anus e as santas quebradas marcam o territorio corporal, desacralizam as imagems carregadas de simbolos religiosos e abrem estimulo para o prazer. O pornoterrorismo e a proposta de desconstrucao da normatividade corporal e o desafio a experimentacoes mais livres ou de corpo-limite (Panamby).A criacao de um criculo de seguranca pelas activistas na marcha para que a performance pudesse ser relazida sem colocar em risco o coletivo e tambem construcao de espaco, onde as regras sociais e religiosas sao subvertidas e dao lugar ao corpo livre, ao respeito as multiplas sexualidades e experimentacoes e e a descolonizacao do corpo.

Ocupe o mundo! O bloco Livre Reciclato propoe total ocupacao do espaco, o ruido faz com que tudo vibre, as latas golpeiam o asfalto e os corpos dancam nus e livres ao som desordenado. A Lapa, espaco noturno de festa no Rio de Janeiro, e o principal lugar ocupado pelo Bloco e potencializa a euforia da festa e do carnaval a um nivel extremo, onde se retoma a vitalidade nas experimentacao dos sentidos.

O arquipelago permite mostrar as diferentes praticas espaciais e localizar as performances no espaco conceitual. A ilha é o lugar de reconstrução da relação, o percurso que se faz de retomada da origem, passando pela história, para entendimento da própria identidade. Este percurso de reconstrucao da relacao identitaria consiste em uma pratica espacial e se desdobra no campo semantico de uma estetica da violencia.

“Se hablar de geostetica nos permite inevitablemente a unas condiciones extrinsecas a mercados y centros hegemonicos de legitimacion que habria que entrar a analizar, hablar de “archipelia” implica, mas bien pensar el “medio” por el que transitan y entran en relacion multiples imaginarios de diversas procedencias” (Deleuze).

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