Webinar [05]: Eleições — Aprendizados, perspectivas e oportunidades

Como Anda
5 min readJun 18, 2020

O Como Anda realizou no dia 10 de junho o quinto encontro da série de Webinars que vem organizando desde março de 2020. Desta vez, o debate teve como objetivo abordar, por meio de experiências anteriores em eleições, estratégias, ferramentas e táticas que podem ser úteis para a defesa da mobilidade a pé durante as eleições municipais. E, ainda, discutir perspectivas para o cenário das eleições em meio a pandemia do Coronavírus.

Tivemos a participação de Carol Guimarães, coordenadora da Rede Nossa São Paulo (RNSP); Erica Telles, integrante da União de Ciclistas do Brasil (UCB); Mauro Calliari, representante do Conselho Municipal de Transportes de São Paulo, conselheiro no ITDP e membro da Cidadeapé; e Rafael Calabria, integrante do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e da Cidadeapé; e Kelly Fernandes, também representando IDEC e Cidadeapé, que realizou apresentação e mediou o encontro.

Kelly, em sua introdução, destacou que os desafios pautados para a defesa da mobilidade a pé nas últimas eleições continuam muito complexos e, esse ano, ainda apresentam uma mudança de cenário por conta da pandemia da Covid-19. As particularidades de cada município e contextos urbanos, somados a perspectiva de organização e atuação no meio da pandemia, pressionam as organizações a reinventarem suas formas de atuação em meios digitais, e aumentam o desafio de manter a mobilidade ativa em pauta. Para esse grande desafio, Kelly argumentou sobre a importância de tratar do tema de forma transversal a outros assuntos e incluir a mobilidade a pé como indicador para avaliar desigualdades, acesso a oportunidades, que hoje, cada vez mais, se apresentam como temas imprescindíveis no debate público.

Nesse sentido, Mauro reforçou que o momento pode apresentar novas dificuldades para a defesa da pauta, principalmente pela mobilização nas eleições municipais ter de acontecer apenas virtualmente, e pelo fato da pandemia ter afetado algumas conquistas, como a retomada de ocupação dos espaços públicos. Entretanto, Mauro sugere, para a transposição dessas barreiras, uma comunicação com diferentes atores — entusiastas da pauta, população e candidatos — que traga dados, exemplares, que promovam a sensibilização ao ato de caminhar como algo positivo e intrínseco ao cotidiano da maioria da população.

Rafael, por sua vez, destacou a importância dos períodos de eleições municipais para provocar uma revolução em como a mobilidade a pé é tratada nas cidades. Segundo ele, as eleições podem propiciar comprometimentos de pessoas que ficarão quatro anos exercendo mandato, além da mídia ficar muito sensível a fazer balanços e críticas, abrindo janelas de oportunidade para puxar o debate para temas específicos. Foi nessa perspectiva que, em 2016, IDEC, Greenpeace, Cidadeapé e UCB prepararam materiais para colocar a pauta na mídia, como avaliação de propostas de governo, ranking dos planos, comentários de debates ao vivo, além de cartas-compromisso.

A UCB também esteve como correalizadora em campanhas de mobilidade ativa nas eleições de 2016, centrada na defesa das bicicletas e, em 2018, com a Campanha Mobilidade Ativa nas Eleições, que agregou a mobilidade a pé como parte da pauta. Erica apresentou os dois casos em sua fala, e exemplificou a possibilidade de atuação da defesa da Mobilidade ativa nas eleições, em cenários polarizados.

Em 2018, a campanha coordenada pela UCB, SampaPé! e GET UFPR, buscou integrar organizações sociais, de ciclistas e de pedestres, apresentando uma campanha unificada, de tal forma que previu: a elaboração de propostas para serem entregues às candidaturas ao poder executivo e legislativo estadual e federal; a comunicação com a imprensa; a busca de apoio de organizações sociais; e a sensibilização dos eleitores, executando a campanha junto às candidaturas e prestando assessoria gratuita (metodologia, modelos e exemplos de atividades, materiais de apoio, orientações para comunicação social) para organizações locais.

Assim, segundo Erica, os exemplos demonstram a importância de se pensar em coalizões, tanto para a mídia quanto para acesso a candidatos, apontando como fundamental o diálogo com outras pautas transversais a mobilidade ativa.

Por fim, Carol da Rede Nossa São Paulo, apresentou alguns resultados gerais da segunda versão da pesquisa “Viver em São Paulo na pandemia” da Rede Nossa SP; que indica um cenário que pode fortalecer a mobilidade ativa. Segundo a pesquisa o que os paulistanos mais sentem falta nesse período são atividades como: encontrar pessoas, frequentar o comércio e espaços públicos; e os modais que as pessoas responderam que mais utilizarão no pós pandemia são a bicicleta e o deslocamento a pé.

Carol ainda apresentou as frentes que a RNSP tem trabalhado em uma agenda de metas referência para cidade para o ano de 2020 em 10 temas, sendo, um deles, a mobilidade. Mais uma vez foi colocada a necessidade de, ao se pautar a mobilidade, também se falar sobre outros temas como: habitação, trabalho e renda, criança e adolescente. Essa é uma forma de qualificar o debate no legislativo, executivo e principalmente na sociedade.

O debate ainda engajou os participantes que, em uma série de perguntas, aprofundaram mais o tema.

Agradecemos mais uma vezes a todas as pessoas convidadas e ao público que esteve online neste webinar. Se você se interessou no assunto e quer assistir o webinar completo, registramos e disponibilizamos esse encontro no nosso canal do Youtube:

O Como Anda vem compartilhando aprendizados do mapeamento e dos relatos detalhados de experiências de defesa na mobilidade a pé estudados em uma nova fase do projeto, iniciado em 2019. Essas leituras atentas nos levaram a identificar as principais estratégias, as táticas e ferramentas que os grupos usaram nessas ações e refletir como esse conhecimento poderia ser replicado e aplicado em casos semelhantes — e assim, quem sabe, também inspirar mais pessoas a defenderem a mobilidade a pé nas eleições deste ano. Além de estarmos formatando uma publicação e compartilhando os destaques dessas experiências em posts nas mídias sociais, também seguimos organizando uma série de webinars com especialistas e pessoas interessadas para discussão sobre como defender a mobilidade a pé — — antes, durante, ou depois das Eleições municipais de 2020. Já foram 4 webinars com diferentes abordagens para a defesa da mobilidade a pé. Vejam os relatos:

Se animou e que somar com a gente? Ainda teremos outras discussões interessantes pela mobilidade a pé. Preencha o formulário disponível neste link e faça parte de um grupo de diferentes perfis e um interesse comum: se engajar pela mobilidade a pé. Fique de olho e acompanhe mais sobre táticas, ferramentas e outros estudos de caso nas nossas redes sociais (Instagram e Facebook). Juntas e juntos, vamos longe!

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Como Anda é o ponto de encontro de organizações que promovem a mobilidade a pé no Brasil, um projeto em desenvolvimento desde janeiro 2016 pelas organizações Cidade Ativa e Corrida Amiga através do suporte financeiro do iCS. Na terceira fase (2019–2020), o projeto está investigando experiências de incidência política na mobilidade a pé.

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