04. O dia da cirurgia e o início de tudo • parte 2

Primeiras horas na UTIP do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Momentos de espera, junto com toda angústia de ver Gabriel sedado e dormindo, sem saber muito o que poderia acontecer quando acordasse.
Gabriel entrou para a UTIP pouco antes da meia noite na quarta-feira, 10 de janeiro. Papai e mamãe entraram assim que liberados, era o momento de ter de volta o menininho que havia sido deixado no bloco cirúrgico e receber de volta estando em outro "momento" de sua vida.

Será que estava bem? Será que sentia dores? Muitas perguntas ficavam martelando nossas cabeças… Durante a noite que nem foi tão longa assim, Gabriel acordou algumas vezes. Precisou ser sedado em todas vezes para que não se agitasse demais, pois sangrava na parte dos pinos em todos momentos que ele se mexia demais.

Na cirurgia que ele fez (osteoplastia mandibular) é feito um pequeno corte abaixo da mandíbula, em cada lado, para que se tenha acesso à parte óssea. Feito o procedimento, os pinos são colocados um pouco acima. O sangramento é normal pois onde se tem os pinos não se faz pontos/sutura.

Amanheceu. Gabriel continuava recebendo medicação mais forte para dor e assim passava a maior parte do tempo dormindo. Chorava muito cada vez que acordava. Tentamos alimentar ele com a seringa e nenhum sucesso… Gabriel mamava no peito em livre demanda até a cirurgia. Além das dores, não ter o conforto do peito para ele também era um transtorno.

Pouco antes do meio-dia de quinta-feira Gabriel recebeu alta da UTIP, estava estável, apesar das dores, então não precisaria de um monitoramento tão intenso. No quarto seria mais tranquilo, menos movimentação e mais carinho.

A quinta-feira (11 de janeiro) não foi um dia nada fácil. Ele passou a maior parte do dia precisando de medicação forte para dor e estava extremamente incomodado. Na maior parte do tempo ele permaneceu dormindo.

As primeiras 48h foram esmagadoras… o “pior” de tudo já estava passando. A cirurgia e toda complexidade do que poderia acontecer já havia ficado para trás. Nos restava aguardar pacientemente que tudo fosse ficando mais calmo. E foi, aos pouquinhos, muito lentamente. Mas foi!

Na sexta (12 de janeiro), Gabriel já conseguiu se alimentar, não precisou de tantos resgates de morfina e passava um tempinho maior acordado, interagindo mais conosco. No sábado (13 de janeiro) já percebemos que teve uma melhora bem significativa, apesar de estar tomando pouquíssimo leite, já estava melhor. No final do dia recebemos a notícia de que poderia ter alta no domingo.

E assim foi! Domingo (14 de janeiro) de manhã ele estava bem melhor em relação aos outros dias que passou internado. Já estava mais "comunicativo" e esperto, havia passado uma noite tranquila. A então alta chegou! Em casa tudo seria melhor, mais conforto e menos "estresse" hospitalar.

A forma de alimentação do Gabriel: desde o início sabíamos que ele não usaria a sonda nasoenteral (nasoentérica). Usaríamos uma seringa com uma pequena "sonda" na ponta e iríamos oferecendo o leite para ele diretamente na boca. As primeiras tentativas foram muito frustrantes, ele não aceitava e era um complicador no quadro todo: Gabriel se irritava muito, chorava e não aceitava. Tentamos também com a seringa sem a sonda, com colher diretamente e por fim uma colher "alimentadora". Foi o que mais funcionou e ele aceitou de uma maneira melhor.

A partir daí, tentamos em casa estabelecer uma melhor rotina, adaptada ao novo. Mas com muito mais tranquilidade pois já sabíamos que o pior já havia ficado para trás… agora seria a fase de nossa adaptação e espera.

Enfim, o início de um novo momento na vida do Gabriel se iniciou. Nos bastou apenas fazer o melhor possível para ele.

Segue: Os momentos do Gabriel - vídeo

• • • Pierre Robin: uma (con)sequência de vida • • •

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