Idade Moderna 1453-1789
A era das contestações
Por Roberto Carnier
A Idade Moderna pode ser caracterizada como uma Era na qual a razão começava a contestar o senso comum primitivo, as tradições arcaicas e o teocentrismo do mundo medieval, através de movimentos como a Reforma Religiosa, o Renascimento Cultural e Comercial e o início do capitalismo primitivo, tendo no Iluminismo, o estopim dos movimentos anti-absolutistas
Igreja Católica e Protestantes, Arte Sacra e Renascentismo, Teocentrismo e Antropocentrismo. Oposições e Antíteses que marcaram a Idade Moderna (1453–1789), uma época em que o homem começou a contestar as crendices teológicas medievais e as tradições que reprendiam as civilizações ocidentais, iniciando um processo de diversas lutas contra a Religião Católica, uma total reforma nas artes, o início da ascensão da burguesia e sua influência. Todos esses fatores culminaram no século XVIII em uma vertente, o Iluminismo.
A Idade Moderna iniciou sua Era em 1453, data marcada pela queda do Império Romano no Oriente. O Mundo vivia a plenitude do Sistema Feudal, tendo a terra como fonte de riqueza, a agricultura como eixo econômico e a base do sistema de trocas primitivo perdurava nos países europeus. Diferentemente da Idade Média, o período em estudo teve um processo importante e marcos que definem a transição de um mundo arcaíco para o moderno primitivo. Em nível político, a descentralização dava lugar a centralização de poderes. A necessidade de um poder centralizado em uma pessoa poderosa e influente, para comandar reinos em expansão, lucrar com acúmulo primitivo de riquezas (ouro e especiarias) era necessário em um mundo onde o comércio estava ressurgindo após a expulsão dos arábes da orla do mediterrâneo com as cruzadas. Tal movimento deu origem a formação dos Estados Modernos na Europa e o Absolutismo. Tendo o Rei como um “ser divino” ,comandando um país ou um reino´. Tal situação fora necessária, já que o comércio ressurgia, e para o Reino, Estado, seria interessante lucrar conjuntamente com os ricos mercadores do mediterrâneo
O Renascimento Comercial era evidente, e com ele as cidades, burgos, voltavam a surgir. Os servos livres, os vilões — os que moravam nas vilas — iniciaram um processo de empreendimento nas pequenas cidades, criando um comércio primitivo a base de trocas, muitas vezes utilizando moedas como forma de transação. Tais burgos cresceram e se fortaleceram no fim da Baixa Idade Média após as ultimas campanhas católicas cruzadistas. As campanhas ultramarinas, financiadas por banqueiros e estados monárquicos, na busca de ouro nas Índias, fora um processo desse fortalecimento centralizado dos estados modernos. Embora tais processos foram frutificantes, essas mudanças não ocorreram da noite para o dia.
A Passagem da Idade Média para a Moderna não se deu de forma linear, mas sim bastante dolorosa. A Peste, a Fome as guerras entre reinos nos séculos XIII e XIV assolaram e varreram a Europa de todas as formas. Diante de tanto desespero, o homem viu-se como comprometimento a reestruturação da sociedade. Mas, esses visionários viam que para tal situação, seria necessário contestar o mundo passado para criar um mundo novo. A Partir daí, o raciocínio intuitivo, a contestação da sociedade medieval fora o estopim das passagens e movimentos mais marcantes da Idade Moderna.
O Renascimento Cultural representou o movimento da renovação do meio artístico e científico. O homem começou a elaborar obras-primas de diversos pontos de vista. Da pintura a escultura, as obras buscavam representar o perfeccionismo e o os meios racionais do homem, fatos que nas artes sacras, Deus tomava o lugar do Homem. Dai vem o Antropocentrismo, o homem como o centro do Universo , contrariando a Igreja Católica que colocava deus em seu lugar.
Na área das ciências, cientistas tais como Galileu-Galilei que descobriu que a terra gira em torno do Sol, Da Vinci que pesquisou a anatomia humana, dentre outros, foram reprimidos duramente pela Igreja, pois contestavam as “Leis de Deus”, premeditadas pela bíblia e pelo senhor Jesus Cristo.
A maior força de expressão da Idade Moderna contra a Igreja, certamente fora o Protestantismo. A Reforma Católica veio como um baque e um grande susto para os católicos. Martinho Lutero, ao testemunhar a corrupção da Igreja e o desleixo de seus membros, decidiu romper laços com a Igreja Católica e criar sua própria igreja a seus modos, tendo o Luteranismo o modo bucólico e simples de conviver com Deus. Tal processo de implementação de tal religião não nos cabe explicar aqui devido a sua extensão. Contudo, um movimento que pode ser considerado o de maior agrado as classes em ascensão fora o Calvinismo. Tal movimento protestante agradou a burguesia, pois “o Trabalho era um ato nobre do Homem, e o lucro uma recompensa de Deus”.
Somando-se todos esses fatores, a partir do século XVIII, a burguesia que chegava cada vez mais em ascensão, começava a questionar o sistema político Absolutista:
“A nobreza e o clero não pagam impostos e tão pouco ajudam no comércio. AS corporações de ofício detém os lucros e a mão de obra qualificada para trabalhos. E parte de nosso lucro é remetida ao Rei e seus consortes. O que significa nós, o 3º Estado, que representa 95% da população que trabalha ?”
Diante de tal situação, um movimento racionalista e progressista surgiu, o Iluminismo, que propunha a restauração da sociedade, de forma fraterna, igualitária e livre.
Diante de tais impasses e imensas contestações, observamos que de 1452 a 1789 (data da eclosão da revolução francesa), a base da crítica a sociedade medieval, concretizou em um processo gradual do fortalecimento das classes que ja vinham ascendendo no poder, a burguesia. A Reforma Religiosa, a Renascença e o Renascimento Comercial, foram frutos das necessidades de classes que queriam ascender cada vez mais ao poder. A luta entre classes fora (como ainda é) o eixo motor do progresso das civilizações ao longo da História. Assim como na Idade Moderna, dos comerciantes de pequenos burgos a empreendedores burgueses que queriam cada vez mais o lucro. A Base da contestação feudal, de forma indireta e direta, proporcionou as 2 mais importantes revoluções da História do Mundo: A Industrial e a francesa.
Escrito por Roberto M.S. Carnier
Bibliografia
Leonel Itaussu Mello — História Moderna e Contemporânea