Manifestação contra Jair Bolsonaro mobiliza milhares em Florianópolis
Texto e fotografias: Camila Ignacio Geraldo
Colaboração: Victor Lacombe e Wagner Reis
D o alto do carro de som que estava cercado de milhares de pessoas em frente à Catedral Metropolitana de Florianópolis, a estudante Victória Borges (22) passava instruções para os manifestantes no início da passeata que mobilizou milhares de pessoas contra o candidato à presidência Jair Bolsonaro: “Não sentem no chão nem aceitem provocações”, começou ela, até o momento em que o microfone falhou e sua voz parou de ecoar pela Praça XV de Novembro. Segundos depois, os recados voltaram a ser dados, não pelo microfone, mas em formato de um jogral repetido por mulheres e homens, idosos, jovens e crianças, que ocupavam a praça naquele sábado. “Isso é pra todos verem como nos fazemos ser ouvidas quando somos muitas”, disse Victoria ao recuperar o microfone, fazendo uma alusão à organização das manifestações que aconteceram em todo o Brasil impulsionadas pela hashtag #EleNão, criada em grupo de Facebook seguido por 3,8 milhões de mulheres.
Há quase uma semana das eleições nacionais, a manifestação organizada por mulheres, LGBT’s e coletivos de negros e negras em Florianópolis teve um grande número de participantes, em um ato que formava cerca de 800 metros de extensão. De acordo com o número anunciado pelos policiais militares no local, aproximadamente 15 mil pessoas estavam na manifestação. Para as organizadoras, o número real foi de quase 35 mil manifestantes. “Qualquer um que já participou de protestos aqui sabe que haviam mais de 15 mil pessoas no ato”, reforça a organizadora Victória.
O voto feminino é um dos diferenciais das eleições de 2018. Pela primeira vez, homens e mulheres tendem a votar em proporções diferentes nos candidatos à presidência da república. Jair Bolsonaro, por exemplo, tem o apoio de 36% dos homens, enquanto possui somente 18% de preferência entre as mulheres. “O protagonismo das mulheres, principalmente aqui em Santa Catarina, um dos estados mais conservadores do Brasil, mostra a linha que a mulherada está dando. Não vamos deixar que tantas ideias retrógradas vencerem nas urnas”, fala Victória Borges.
Veja como foi a manifestação do dia 29 de setembro em Florianópolis: