O Patrimônio Arstístico da UFSC

Portal Cotidiano
3 min readJun 28, 2019

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Reportagem e fotografia por Jade Kalfeltz

Diversas obras de arte estão espalhadas pelo campus Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina. Muita gente não conhece a história desses murais, esculturas e monumentos. Às vezes, nem repara na existência dos mesmos.

Com a intenção de sensibilizar o olhar da comunidade, estudantes da disciplina de Prática de Exposição do curso de Museologia da UFSC, em conjunto com as professoras responsáveis, organizaram um tour pelo campus apresentando o património artístico da Universidade.

As guias da chamada “ação educativa” foram as alunas Maria Luiza e Fernanda Moreto. A atividade está vinculada à exposição curricular Vivo ou Morto, disponível para visita no Museu de Arqueologia e Etnologia — MarquE — até o dia 28 de junho. ​

Foram vistas 14 das 22 obras espalhadas pelo campus. Todas as informações das legendas, sobre as obras e artistas, foram repassadas pelas alunas durante o tour. Alguns participantes ainda acrescentaram informações das quais tinham conhecimento e sugeriram interpretações diversas para algumas obras.

Ainda sobre as informações das obras, em 2012, professores da Universidade organizaram o catálogo ​ Arte na UFSC​, cuja versão online pode ser vista aqui. Nele consta um levantamento das peças artísticas da Universidade.

Primeira obra de arte feita da UFSC, o mural de Martinho de Haro (1907–1985) foi pintado em 1982, dentro da Reitoria. Martinho nasceu em São Joaquim, muito cedo começou a pintar. Suas obras foram sobre São Joaquim, é um artista regional. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e também na França. Sua obra representa a construção social e cultural de Florianópolis: as rendeiras, o engenho, boi de mamão.
Também de Martinho de Haro, as guias contam que este mural representa a questão econômica de Florianópolis. As representações são a pesca, a pecuária e a indústria. Num panorama geral, trata a questão socioeconômica de Santa Catarina. Ele também está instalado dentro do prédio da Reitoria.
O artista responsável pelo famoso mosaico da Reitoria é Rodrigo de Haro, filho de Martinho. Com 440 metros quadrados, é um dos maiores mosaicos da América Latina. A parte interior foi construída entre os anos de 1995 e 1996 e é uma homenagem à Santa Catarina de Alexandria.
Já o mosaico da parte exterior da Reitoria, também feito pelo Rodrigo, fala sobre relatos de viagens, crônicas pré-colombianas, lendas amazonenses, literatura colonial e poemas de artistas contemporâneos. Com imagens e palavras, foi construído entre os anos 1997 e 2000.
Inaugurado em 1995 por três artistas brasileiros, surgiu da iniciativa de um dos reitores da ufsc, em 1992, de realizar um concurso para um projeto de edificação chamado “América: 500 anos de dominação”. O Novo Sol​, segundo o Catálogo Arte na UFSC, representa a “ruptura cultural ocorrida a partir do encontro entre ameríndios e europeus”. O ferro na horizontal representa a chegada europeus à América. Abaixo dele, figuras demonstram como era a vida antes da colonização e acima, figuras de bússola, mapas, ciência, matemática e símbolos políticos representando a sociedade pós colonização. Ele está localizado na Praça da Cidadania.
O Guardião​, obra da escultora brasileira Elke Hering (1940–1994), foi feita em 1988 ao lado da Biblioteca Central. Representa uma figura humana de frente para o pôr do sol com um vazio na parte de dentro. Com significados ligados ao misticismo, alguns pesquisadores falam que a escultura nunca foi acabada.
Feita em 1998 por trabalhadores da Sintufsc, a Pira da Resistência​ representa a greve de 89 dias realizada pelos mesmos. Ela pode ser vista na frente do Centro de Comunicação e Expressão (CCE).
Junto a Pira da Resistência, em frente ao CCE, temos o Jazigo do Catatau. O Catatau foi um cachorro abandonado filhote na ufsc que foi criado por servidores da Universidade. Por 12 anos ele conviveu com a comunidade universitária, estando presente em várias atividades. A homenagem ao “UFSCão” foi feita gratuitamente pelo artista plástico Adlei Pereira, em 1997.
Feita em 1993 num festival que deveria reunir artistas de toda a América Latina na UFSC, ​ Un Abrazo Andinoamericano ​é um monumento de 3 metros de altura, idealizado pelo artista chileno Lautaro Labbé com a ajuda de uma aluna e de um auxiliar seu. A construção da obra, que dizem ser a representação de duas lhamas, contou também com a ajuda de outros 35 alunos de Labbé. A escultura seria uma maneira de passar uma mensagem de união entre os povos da América Latina. Ela pode ser vista ao lado do CCE, atrás da antiga concha acústica.
Monumento feito em 1998 pelo historiador e museólogo Gelci José Coelho, conhecido como Peninha, a​ Santa Cruz​ representa a paixão e a morte de Jesus Cristo. Cada elemento da obra tem um significado: a corneta representa o anúncio da morte de algum condenado; o coração em chamas, a fé; a lança, o objeto que atravessou o coração de Jesus resultando um golpe fatal. A obra está localizada no gramado em frente ao Museu de Arqueologia e Etnologia da UFSC.
Existem poucas informações sobre ​ A Grande Escultura. Sabe-se somente que ela foi feita por um coletivo de ceramistas e que sua construção data de 1992. Conforme contam as alunas de Museologia, a estrutura da escultura foi construída pelo artista e professor José Luiz Kinceler (1960–2015) e, até 2003, aos pés da obra constava também uma placa em homenagem à Dona Maria do Barro. Está localizado ao lado dos Correios e do Restaurante Universitário.
De autor desconhecido, a​ Mandala​ foi construída em 2010 para celebrar os 50 anos da UFSC. É uma homenagem a Franklin Cascaes, historiador que escreveu sobre o folclore da Ilha. Na obra vemos 14 representações do Boitatá, presente nas lendas indígenas e nas histórias do escritor. Ela está localizada no Lago da UFSC, posicionada estrategicamente de frente à outra obra, o “Boitatá Incandescente”.
Construída em 2010 pelo artista Laércio Luiz, o Boitatá Incandescente​ possui 15 metros de altura e foi feito com seis vigas da Ponte Hercílio Luz. Representa um dos Boitatás das histórias de Franklin Cascaes.
A escultura​ Dama das Águas​ representa uma figura feminina com asas. Foi criada em 1996 pelo escultor Caio Borges. Fez parte de um projeto de “humanização do campus universitário”, iniciado em 1992 com a obra O Novo Sol. Pode ser vista no gramado do Lago da Universidade.

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