Dossiê Agressões e Violações na Cracolândia I

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Craco Resiste
3 min readJun 29, 2017

A Craco Resiste é um movimento autônomo que vem marcando presença na região da Luz, no centro de São Paulo, conhecida como Cracolândia, atuando como uma espécie de vigília. Estamos presentes constantemente no território para evitar e denunciar as agressões das forças de segurança e outras formas de violência a que estão submetidas, cotidianamente as pessoas que vivem e frequentam essa área fortemente estigmatizada.

A violência contra os usuários de droga e população de rua é uma constante na região. Episódios esporádicos, quando a situação ganha grandes proporções, acabam por chegar ao público, através dos meios de comunicação. Raramente, no entanto, a versão dos atingidos, das vítimas das arbitrariedades do Estado, é apresentada de forma ampla.

Por isso, trazemos aqui uma compilação e registro das violações feitas constantemente no território, para mostrar de que não se tratam de episódios isolados, mas de agressões permanentes como forma de limpeza social. Mesmo na gestão Fernando Haddad, quando a prefeitura cedeu às experiências bem sucedidas mundialmente de redução de danos, implementando um programa neste sentido, a violência nunca parou de acontecer. Até as ações de limpeza e zeladoria das ruas foram e são usadas como forma de humilhar e violentar essas pessoas.

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Agora, com a retomada aberta do projeto de higienismo declarada sem pudores no discurso truculento de João Dória, os policiais e guardas que estão presentes no território se sentem liberados para intensificar as agressões contra essa população. Antes da ação de 21 de maio, era constante a ameaça de uma operação organizada para fazer uma verdadeira varrição social, se valendo de internações forçadas, prisões e até demolições, para que não reste nada para impedir o processo de especulação imobiliária e privatização da cidade.

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Sistematizamos as ações violentas contra os residentes e frequentadores da região da Cracolândia segundo alguns padrões:

1Agressões generalizadas A partir de um suposto ato cometido por um indivíduo ou grupo as forças de segurança do estado e do municí- pio agridem de diversas formas, indiscriminadamente, todas as pessoas que se encontram na região conhecida como Cracolândia.

2Uso cruel de armas menos letais Frequentemente os policiais militares causam ferimentos graves intencionalmente com o uso do armamento letal. Foram registrados e testemunhados vários casos em que as pessoas são atingidas no rosto, causando marcas dolorosas, humilhantes e aumentando o risco de sequelas permanentes. O spray de pimenta também é usado corriqueiramente para humilhar e agredir sem justificativas razoáveis. Espancamentos com cassetete são outra prática recorrente.

3 Provocações e agressões gratuitas Além dos diversos relatos de usuários e trabalhadores sociais da área, militantes da Craco Resiste já presenciaram provocações feitas por policiais militares e guardas municipais contra os usuários da região. Essas atitudes dificultam a ação dos serviços de assistência ao criar um ambiente de tensão e conflito permanente, que deriva ainda para episódios de extrema violência. Ações cotidianas, como a limpeza das ruas, são transformadas em momentos de agressão e humilhação contra o povo de rua. São tomados objetos pessoas desnecessariamente e feitas agressões verbais, com spray de pimenta e cassetetes.

4 Violência contra pessoas em situação de vulnerabilidade Como constatado nos levantamentos feitos pela prefeitura e governo estadual, a região da Cracolândia tem crianças e um percentual relevante de pessoas com diversos tipos de vulnerabilidade. No entanto, a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana têm usado sem pudor cassetetes, bombas de gás e spray de pimenta contra essas pessoas. É importante lembrar que são justamente essas pessoas que têm mais dificuldade de se locomover e fugir dos episódios de violência generalizada, via de regra, provocados pelas próprias forças de segurança. Assim, os mais vulneráveis acabam sendo os mais atingidos pela truculência das dos braços armado do Estado .

5 Desinformação e falta de transparência A Polícia Militar e a Guarda Civil têm apresentado versões incompletas, contraditórias e apresentado fatos falsos para justificar as ações feitas no território da Cracolândia. A prefeitura, por sua vez, também não tem apresentado de forma pública e clara quais são os planos de intervenção na área, vazando informações a conta-gotas para veículos de imprensa. O poder municipal evita deste modo, o debate franco sobre a situação das pessoas que vivem na região e as medidas que serão adotadas.

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Craco Resiste

A Craco Resiste é um movimento contra a violência policial na Cracolândia. Estamos no território para resistir a todas as formas de agressão institucional.