Seus usuários entendem seus ícones ou eles são apenas bonitos?
Como podemos avaliar a compreensão dos ícones nas interfaces gráficas
Ícones são metáforas visuais que possibilitam a compreensão de conceitos abstratos e nas interfaces gráficas transpõem a linguagem computacional para uma linguagem comum às pessoas.
O ícone é parte essencial para que a comunicação entre usuário — interface — sistema seja completa.
Por isso, é importante que tais elementos sejam compreendidos pelos seus usuários de forma efetiva. Para ajudar no desenvolvimento e/ou escolha de ícones, trouxe algumas recomendações importantes:
Mantenha características do conjunto de ícones como um todo: Padronize características de tamanho, forma, cores e estilo.
Fique de olho na adaptabilidade: Teste e veja como os ícones se comportam em diferentes displays e interfaces.
Preze pela clareza e simplicidade: Os ícones devem ser claros e simples, para evitar erros de interpretação e ambiguidade.
Use rótulos textuais: Use descrição textual (rótulos) sempre que necessário.
Cuidado com os excessos: O uso de efeitos e animações não devem reduzir a compreensão dos ícones. Estes recursos podem ajudar a trazer a atenção do usuário para um determinado ponto.
As cores nem sempre são tudo: Lembre-se que existem usuários daltônicos, telas com resoluções diferentes… são muitas variáveis, por isso a cor não deve ser o único elemento informativo para distinguir os ícones.
Realize testes com usuários: Nem precisava comentar esse, né? Sem testar com os seus usuários você nunca vai saber 100% se fez boas escolhas no seu projeto.
1, 2, 3… Testando
Aqui vou mostrar duas maneiras que eu avalio os ícones nas interfaces, de forma bem objetiva e com abordagem qualitativa:
1. Teste de compreensão
(a) Primeiro, identifique o perfil e experiência dos seus usuários:
Essa dica vale para todos os projetos, entenda quem são seus usuários, se suas características tem influência sobre as escolhas dos ícones, se eles já estão acostumados a mexer em sistemas digitais, etc.
(b) Segundo, organize os ícones e o protocolo:
Escolha quais serão os ícones avaliados e os agrupe conforme sua localização na interface. O contexto de uso dos ícones pode ou não ser indicado pro participante. Ah! E não esqueça de inserir um termo de consentimento e um breve texto explicando o porque da pesquisa e como será realizada a dinâmica ;)
Dica: Você pode organizar seu protocolo online, utilizando ferramentas como o Google Forms. Assim você consegue alcançar um grande número de pessoas com mais facilidade.
(c) Agora, pergunte pro usuário:
As questões averiguam o significado dos ícones atribuídos pelos participantes. Estes redigem a resposta em espaço específico, ou selecionam em uma lista de conceitos qual mais pertinente ao ícone.
(d) Analise as respostas:
Siga a tabela de Brugger de 0 a 6 pontos para avaliar as respostas dos participantes. Para cada tipo de resposta dada existe uma pontuação. Depois, basta usar um pouco de matemática, tirar a média e porcentagem, para chegar no grau de compreensão dos ícones.
Um ícone com a compreensão excelente tem uma porcentagem superior a 80%. Um ícone com uma boa compreensão está entre 66% e 80%. E um ícone que é provavelmente compreendido está entre 50% e 65%. Resultados abaixo destes apresentam riscos pro design do seu projeto.
2. Associação conceito-ícone
(a) Identifique o perfil e experiência dos seus usuários.
(b) Organize os ícones e o protocolo.
(c) Pergunte pro usuário:
Aqui você irá fazer o contrário, deixe apenas o espaço para que o usuário escreva o que ele acha que melhor representaria um determinado conceito.
(d) Analise as respostas:
A análise dos resultados é feita por incidência das respostas, de acordo com a repetição dos elementos escritos pelos participantes. Quanto mais respostas iguais, mais perto você está de uma generalização e mais perto de um ícone ser bem compreendido pela maioria das pessoas.
Dica: Você também pode pedir que os participantes desenhem os ícones e verificar quais desenhos mais se repetem.
Conclusões
Esses protocolos foram criados pensando na flexibilização, rapidez de execução e redução de recursos. Por poderem ser aplicados online, há a possibilidade de alcançar mais usuários do que de forma presencial.
É importante destacar que estes protocolos não substituem teste de usabilidade e de interação, tendo em vista que a observação dos usuários também é parte importante no processo de avaliação de interfaces e dos elementos que a compõem.
Gostou?
Vou deixar aqui alguns trabalhos que publiquei com outros autores sobre o tema iconografia. Se você quiser saber mais, acesse:
Indico também a leitura do livro: Símbolos Gráficos: Métodos de Avaliação de Compreensão.
Sobre a autora:
Camila Lima — Me. em Design | UX Product Designer
LinkedIn | E-mail: camilasclima@gmail.com