Seus usuários entendem seus ícones ou eles são apenas bonitos?

Como podemos avaliar a compreensão dos ícones nas interfaces gráficas

Camila Lima
5 min readSep 21, 2021

Ícones são metáforas visuais que possibilitam a compreensão de conceitos abstratos e nas interfaces gráficas transpõem a linguagem computacional para uma linguagem comum às pessoas.

O ícone é parte essencial para que a comunicação entre usuário — interface — sistema seja completa.

Por isso, é importante que tais elementos sejam compreendidos pelos seus usuários de forma efetiva. Para ajudar no desenvolvimento e/ou escolha de ícones, trouxe algumas recomendações importantes:

Mantenha características do conjunto de ícones como um todo: Padronize características de tamanho, forma, cores e estilo.

Fique de olho na adaptabilidade: Teste e veja como os ícones se comportam em diferentes displays e interfaces.

Preze pela clareza e simplicidade: Os ícones devem ser claros e simples, para evitar erros de interpretação e ambiguidade.

Use rótulos textuais: Use descrição textual (rótulos) sempre que necessário.

Cuidado com os excessos: O uso de efeitos e animações não devem reduzir a compreensão dos ícones. Estes recursos podem ajudar a trazer a atenção do usuário para um determinado ponto.

As cores nem sempre são tudo: Lembre-se que existem usuários daltônicos, telas com resoluções diferentes… são muitas variáveis, por isso a cor não deve ser o único elemento informativo para distinguir os ícones.

Realize testes com usuários: Nem precisava comentar esse, né? Sem testar com os seus usuários você nunca vai saber 100% se fez boas escolhas no seu projeto.

1, 2, 3… Testando

Aqui vou mostrar duas maneiras que eu avalio os ícones nas interfaces, de forma bem objetiva e com abordagem qualitativa:

1. Teste de compreensão

(a) Primeiro, identifique o perfil e experiência dos seus usuários:

Essa dica vale para todos os projetos, entenda quem são seus usuários, se suas características tem influência sobre as escolhas dos ícones, se eles já estão acostumados a mexer em sistemas digitais, etc.

(b) Segundo, organize os ícones e o protocolo:

Escolha quais serão os ícones avaliados e os agrupe conforme sua localização na interface. O contexto de uso dos ícones pode ou não ser indicado pro participante. Ah! E não esqueça de inserir um termo de consentimento e um breve texto explicando o porque da pesquisa e como será realizada a dinâmica ;)

Dica: Você pode organizar seu protocolo online, utilizando ferramentas como o Google Forms. Assim você consegue alcançar um grande número de pessoas com mais facilidade.

(c) Agora, pergunte pro usuário:

As questões averiguam o significado dos ícones atribuídos pelos participantes. Estes redigem a resposta em espaço específico, ou selecionam em uma lista de conceitos qual mais pertinente ao ícone.

(d) Analise as respostas:

Siga a tabela de Brugger de 0 a 6 pontos para avaliar as respostas dos participantes. Para cada tipo de resposta dada existe uma pontuação. Depois, basta usar um pouco de matemática, tirar a média e porcentagem, para chegar no grau de compreensão dos ícones.

Um ícone com a compreensão excelente tem uma porcentagem superior a 80%. Um ícone com uma boa compreensão está entre 66% e 80%. E um ícone que é provavelmente compreendido está entre 50% e 65%. Resultados abaixo destes apresentam riscos pro design do seu projeto.

2. Associação conceito-ícone

(a) Identifique o perfil e experiência dos seus usuários.

(b) Organize os ícones e o protocolo.

(c) Pergunte pro usuário:

Aqui você irá fazer o contrário, deixe apenas o espaço para que o usuário escreva o que ele acha que melhor representaria um determinado conceito.

(d) Analise as respostas:

A análise dos resultados é feita por incidência das respostas, de acordo com a repetição dos elementos escritos pelos participantes. Quanto mais respostas iguais, mais perto você está de uma generalização e mais perto de um ícone ser bem compreendido pela maioria das pessoas.

Dica: Você também pode pedir que os participantes desenhem os ícones e verificar quais desenhos mais se repetem.

Conclusões

Esses protocolos foram criados pensando na flexibilização, rapidez de execução e redução de recursos. Por poderem ser aplicados online, há a possibilidade de alcançar mais usuários do que de forma presencial.

É importante destacar que estes protocolos não substituem teste de usabilidade e de interação, tendo em vista que a observação dos usuários também é parte importante no processo de avaliação de interfaces e dos elementos que a compõem.

Sobre a autora:

Camila Lima — Me. em Design | UX Product Designer

LinkedIn | E-mail: camilasclima@gmail.com

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