Onde você deposita o seu amor?

Dandara Sanches
2 min readSep 19, 2017

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Foto: http://www.elisatalentino.it/

Nas risadas ao lado da minha mãe. Na ponta dos dedos do meu irmão apertando meu nariz carinhosamente. No dentinho separado da minha afilhada e no seus bracinhos levantados pedindo colo. Nas páginas dos livros infantis. Nos almoços diários com meus amigos de trabalho falando exatamente 643 kg de bosta. No gostinho da minha casa com cheiro de faxina recém-acabada. Nos conselhos sensatos dos amigos que saem de cartas de tarot, memes ou de experiências tão desgraçadas quanto as minhas. Nas cantorias na porta de bar e nos copos de cerveja gelada. No encontro com amigas antigas que parecem que nunca deixaram de se ver só porque nunca deixaram de se amar. Nos textos e na poesia de mulheres de garra. No prato de arroz, feijão e farofa ou na mandioca frita que minha mãe faz especialmente para mim de vez em quando. Nas conversas inspiradoras. Nas novas experiências. Nos cigarros apagados juntos com as reclamações diárias. Nas ligações que faço para minha mãe sobre vida doméstica. Na sororidade. Na arte que encanta. Nos vídeos de papagaios cantando ou de cachorros fazendo fofuras. Nas risadas que fazem chorar e nas lágrimas que fazem sorrir. Nos papos sobre sexo ou cocô, que são os melhores tópicos de conversa. No sabor azedo de frutas verdes. Nos abraços intensos. Nas músicas que acalmam, conversam ou fazem dançar. Nos cabelos cacheados. No cheirinho do café passado logo de manhã. No frio na barriga, também conhecido como borboletas no estômago. Nas fotos agachadas em frente a portões de ferro. No sorriso das minhas amigas. No cheiro da chuva e na terra molhada. No carinho da minha avó. Nas minha rezas para os mais variados deuses. Na união maluca de pessoas completamente diferentes que emana dos encontros de família. Na troca e apoio que recebo de amigos. Na independência. Nos cômodos da minha casa. Na sensação de encontrar paz em meio ao caos. Na minha força. Nas palavras.

Em mim.

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