Millennials e o Bullying Corporativo

Daniel Ambrosio
3 min readFeb 24, 2018

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“Ah vocês Millennials e essa dificuldade de chegar cedo no trabalho! Eu já estou aqui desde as 08:00”.

Eram 10:00 da manhã quando ouvi alguém, com aparência de ser um membro da Geração X, mandar essa frase para um colega de trabalho que, enquanto bocejava, disse estar chegando naquela hora ao trabalho.
As definições variam, mas os Millennials são os seres humanos nascidos entre 1977 e 1994 segundo a Newsweek Magazine. O New York Times citou o intervalo de datas como sendo de 1976 a 1990 e, em outra oportunidade de 1978 a 1998. A consultoria Iconoclast diz que os primeiros Millennians nasceram em 1978. O site CareerPlanner.com define que eles nasceram entre 1980 e 1994.
Se pegarmos as datas mais extremas entre todas estas definições, falamos de um intervalo de 21 anos — nascidos entre 1977 a 1998. É tempo demais e gente demais para dizer que são todos iguais, independentemente de outras questões que influenciam ou determinam a formação de caráter e comportamento das pessoas. Parece horóscopo!

Quando o termo Millennials (ou Geração Y, Gen Next) começou a dominar a mídia e vários artigos foram postados, replicados, copiados e compartilhados comparando o comportamento desses novos (não tão ávidos) consumidores com a Geração X (da qual faço parte), vários estereótipos começaram a surgir. Dentre eles, esse que diz que essas pessoas não tem compromisso com o trabalho; que elas não se apegam à empresa se por trás não houver um propósito corporativo que esteja alinhado à sua filosofia de vida; que preferem viver a vida a ficar trancafiados em um escritório das 08:00 às 20:00.

E claro, como é comum na história destes bípedes que dominam o planeta Terra, os estereótipos levam ao bullying e ao preconceito. A convivência com o diferente provoca reações, nem sempre agradáveis. Muito do que se diz dos Millennias está relacionado à maneira com que eles encaram o mundo corporativo e seus hábitos de consumo. As outras gerações mais velhas, que já estavam ocupando suas posições nas empresas quando essa “garotada” chegou ao mercado (para produzir e consumir) obviamente se incomodou. Surge aquele joguinho do “nós” e “eles”, afinal de contas, o rótulo dado a eles é diferente do rótulo dado a mim.
Além dessa frase que abre esse artigo, em várias oportunidade presenciei comentários jocosos, cínicos, irônicos e com rancor direcionados àqueles que simplesmente nasceram em uma outra época. Me lembra muito o que víamos (ou vemos) em outros casos de “preconceito com as minorias” — exceto que nesse caso, nas empresas os Millennials já não são mais a minoria.

Boa sorte aos Centennials!

Bônus: depois de tanta confusão para encaixar as pessoas em um rótulo chamado Millennials, alguém percebeu que isso não estava funcionando muito bem e que tudo se misturava. Assim surgiu a brilhante nova-velha geração chamada Xennials que, para bom entendedor é uma corruptela da soma dos dois nomes das gerações que a cercam: Geração X e Millennials.

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Daniel Ambrosio

Mestre em Computação, apaixonado por viagens, fotografia, estudos e pela minha família. Não nessa ordem!