9 preciosas dicas para quem está “em transição”

Daniela Reis
6 min readJun 4, 2016

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Há 4 anos eu começava o que chamei aqui de “O tempo de transição”. De lá pra cá, fiz muitas mudanças na minha vida: de casa, de cidade, de estado, de trabalho. Esse processo, além de profundamente transformador — e talvez justamente por causa disso, tem sido inspirador para pessoas que me acompanham e com frequência me procuram para conversar, pedir um conselho ou apenas para compartilhar o seu próprio processo de transição e as questões que surgem ao longo do caminho.

Pensando nessas questões, juntei aqui alguns aprendizados. Sem expectativa de receita de sucesso e nem de ser uma receita, aqui vão os ingredientes que foram e ainda têm sido fundamentais na minha transição:

  1. Estamos sempre em transição de um lugar para outro, de um objetivo para outro, de um sonho para outro, de uma casa para outra, de uma metamorfose para outra. Há, no entanto, um momento em que se inicia uma profunda transição. É aquele momento em que começamos a perceber que estamos acordados. Não apenas ao abrir os olhos, na cama, pela manhã. Mas, na vida. Aquele instante mágico em que a gente se dá conta da preciosidade de estar vivos em um mundo que todos os dias nos choca e encanta. Essa conexão profunda, de repente, passa a nos mover. E então tomamos consciência de que queremos mudar algumas coisas na nossa vida. Da forma de consumir ao trabalho que escolhemos, tudo parece precisar de um novo sentido. No meu caso, foi aí que começou, pra valer, a transição.
  2. A primeira coisa que penso ser útil dizer, se você está exatamente nesse ponto, é: evite tomar decisões precipitadas. É difícil, eu sei. Quando a gente começa a pensar em transição, a vida que queremos parece estar tão longe e pode ser que você se sinta realmente infeliz com a sua vida hoje. Mas, não dá pra pular dela como quem salta de para-quedas. Não se desespere. Você não está sozinho e nem precisa jogar tudo para o alto. É perfeitamente possível planejar o caminho de transição e pavimentá-lo com cuidado, respeitando o fluxo natural que a própria vida irá conduzir você. Perceber esse fluxo, aliás, é uma das belezas do processo. Não o perca.
  3. Talvez, a principal questão da transição seja: por onde começar? A dica é: comece por aquilo que te incomoda. Escute seu coração: o que te incomoda é trabalhar em algo que não é o seu sonho? O que te incomoda é não ter tempo? O que você gostaria de começar a mudar? Apenas dê um primeiro passo e comece a observar o que acontece. Matricule-se num curso, assista a uma palestra, pode ser pela internet. Comece e observe.
  4. Já que falei em não ter tempo como uma das razões do incômodo que nos leva a querer fazer essa tal transição, aqui vai mais uma dica: ser dono do seu tempo talvez seja o maior ganho de todo o processo que você vai viver. Ser dono do seu tempo significa estar presente na sua própria vida, ter a consciência de que você está escolhendo o que fazer com essa dádiva finita — pelo menos enquanto estivermos respirando nesse planeta — a cada novo dia. Para ser dono do seu tempo, é preciso primeiro entender de que forma você o vê passar, hoje. Pense no tempo como moedas de ouro. Imagine que você tenha 24 moedas de ouro todos os dias. Quantas moedas você colocaria em coisas que não valem tanto assim pra você? Quando você está presente, o tempo é arte. É a oportunidade de apresentar toda a sua criatividade ao mundo. Lembre-se disso da próxima vez em que olhar para a sua agenda.
  5. E agora que falamos em moedas, vamos conversar sobre dinheiro. Essa é uma das principais questões que as pessoas me perguntam. Minha dica é: não inicie uma transição que envolve mudança de trabalho e diminuição temporária da renda — o que é bastante comum -, sem antes se livrar das suas dívidas. Se o processo de transição vai demandar muita coragem, um processo de transição sem dinheiro e com dívidas vai demandar muito mais. Evite preocupações extras e sofrimento desnecessário. Se você não está numa boa situação financeira, talvez essa seja a sua porta para a transição: entender o que o leva, em níveis mais profundos, a se endividar. Buscar identificar as crenças mais arraigadas sobre o dinheiro na sua vida é um bom começo. Mudar de trabalho acreditando que irá resolver algo que, na verdade, pode ser uma ferida muito profunda, só irá postergar o momento em que você será convidado a, de novo, encarar essas questões frente a frente. Não adie mais esse momento.
  6. Se livrou das dívidas e conseguiu se reorganizar? Provavelmente nesse momento você já fez uma boa parte da transição. Mas, se por acaso ainda não conseguir ver mudanças claras, se ainda percebe contradições entre o seu discurso e a sua prática, se ainda não consegue ceder a uma tarde de compras no shopping para aliviar a dor do fim de um relacionamento ou ainda sucumbe diante de uma proposta de trabalho que você sabe que vai trazer dinheiro mas levar a felicidade, não se desespere. E aí vem uma outra dica: abrace suas contradições. Se não fossem elas, não teríamos espaço para o crescimento. Já pensou que triste deve ser a vida de alguém que nunca consegue olhar com amorosidade para suas próprias contradições? Não seja você essa pessoa. Identificou uma contradição? Cumprimente-a. Diga “olá, contradição, grata por me mostrar o caminho.” E se não consegue perceber que caminho é esse, apenas esqueça. A contradição tem dessas mágicas, uma vez percebida, o caminho para supera-la se apresenta. Esteja atento.
  7. Aprenda a ser feliz com o suficiente. Isso vai tornar sua transição mais suave e, eventualmente, se tornar o grande objetivo dela. Não estou, com isso, fazendo voto de pobreza. Pelo contrário, acredito firmemente que há o suficiente para todos e que podemos viver em abundância. Mas isso dependerá da nossa consciência pessoal sobre o que é suficiente e o que é desnecessário. O suficiente é o que realmente potencializa nosso ser, nossos sonhos, nossas escolhas conscientes. O desnecessário é o que apenas alimenta nosso ego, nossa sombra, nossas escolhas inconscientes por uma busca incessante de ter mais e mais. Dá pra ser feliz trabalhando menos, tendo mais tempo, usando plenamente o seu potencial criativo e reduzindo a pegada sobre a Terra, consumindo com consciência e dando a devida atenção ao que financiamos com o nosso dinheiro. Dá pra ser. O maior ganho desse processo é a gente perceber que a nossa relação com o dinheiro é um portal para o autoconhecimento. Enquanto eu tinha um salário no fim do mês, não precisava pensar sobre essa relação… Hoje em dia, me observar enquanto enquanto realizo a transição para um formato de remuneração que não tem formato, que está, digamos assim, no fluxo, tem sido um caminho profundo, às vezes dolorido, mas sempre revelador e transformador. Você quer saber se não ter salário e viver no fluxo não me dá medo?
  8. Sim, claro que dá medo! Mas eu descobri que a melhor forma de lidar com meus medos é conhecê-los. Então, a dica é: quando chegar aquela sensação inconfundível do medo, que normalmente vem acompanhada de um excesso de preocupação, observe os medos. Tente elaborar soluções mentais para resolve-los. Exemplo: medo de não ter dinheiro pra pagar as contas. Solução mental: eu ainda tenho o carro pra vender, com isso tenho mais x meses garantidos. Ou, sei lá: se tudo der errado, posso virar motorista do Uber. Ah, claro que meu sonho não é exatamente ser motorista do Uber, mas é só pra ficar bem claro que quando enfrento meus medos, sou capaz de encontrar alternativas. Rapidinho você vai perceber que a maioria dos medos tem solução, sim senhor. E, de quebra, se observar atentamente, vai chegar às crenças que estão por trás dos medos, como lá na dica 5, e vai poder começar a desfrutar de um momento incrível, quando você começa a identificar a relação entre as crenças e o medo, e consequentemente, os efeitos disso na sua vida, inclusive financeira…
  9. Vá procurar a sua turma. Se você chegou até aqui, pode ser que já tenha feito mil e uma pequenas mudanças na sua vida e, de repente, seus amigos se afastaram, sua família começou a achar que você enlouqueceu… Não se assuste, é natural que ao mudar o centro gravitacional da sua história, novas relações se construam e outras se enfraqueçam. O que realmente fez diferença na minha transição, quando cheguei a esse momento, foi descobrir onde estava minha nova turma. No início, eu me sentia um ET. Parecia que só eu era a diferentona que estava se sentindo incomodada comigo e com o mundo. Quando comecei a circular por novas tribos, descobri que há um mundo mudando, há pessoas mudando, há iniciativas incríveis e muita gente trabalhando muito pra que essa transição de dimensões planetárias aconteça. Descobri que, em rede, é mais fácil e mais gostoso passar por tudo isso.

É isso aí. Uma boa transição pra nós e que a gente se fortaleça mutuamente.

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Daniela Reis

Apenas uma pessoa apaixonada pela experiência de estar nesse planeta, nesse momento.