Colagem: um grande brainstorming?

Daniel Viana
5 min readDec 14, 2017

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Muita gente já deve ter ouvido falar sobre o exercício de brainstorming. A famosa “tempestade cerebral” é utilizada em setores de produção em geral, para potencializar a geração de ideias em torno de um tema específico. Mas o brainstorming também pode ser utilizado para desenvolver o potencial criativo dos indivíduos.

Para o Trabalho Final da disciplina de Laboratório de Criatividade, foi solicitada a criação de um novo desafio. Pois bem, como fiz a introdução deste post sobre brainstorming, obviamente, meu desafio se assemelha a ele. Neste caso, trata-se do Desafio da Colagem. Assim como no brainstorming, uma das maneiras de se criar uma colagem, é através do aproveitamento de várias ideias, que parecem ser totalmente diferentes, em torno de um mesmo tema.

Dentro da bibliografia da disciplina, principalmente no livro Creative Workshop (David Sherwin), este desafio enquadra-se na categoria de Atividades de Execução. Este tipo de atividade trabalha habilidades como o Trabalho Manual, a Capacidade de Ideação e o Potencial de Contextualização.

A Colagem é uma técnica artística que vem ganhando mais espaço e credibilidade nos últimos anos. Procurando pelo tema na internet, é fácil encontrar exposições, livros e artistas que abordam o tema. Para citar alguns, temos Cut & Paste: 21st Century Collage, reunindo 40 colagistas ao redor do globo (com dois brasileiros, inclusive) e The Collage Workbook, que explica todos os pormenores da técnica, entre muitos outros.

E quem não se lembra dos tempos de escola, quando juntávamos várias revistas, recortávamos suas figuras e, delas, fazíamos trabalhos? O desafio que propus para a disciplina consiste exatamente em relembrar um pouco desta saudosa época, criando um quadro utilizando a técnica da Colagem. Para exemplificar, executei, arduamente, a tarefa.

O primeiro passo é procurar por referências. Como eu disse, na internet está cheio delas. Divirta-se e claro, inspire-se.

Tem colagem pra todos os gostos e, principalmente, interpretações.

Depois de horas no Pinterest e muitas referências, encontrei a série Faces [ON]bonded, com os incríveis trabalhos do designer Marcelo Monreal, que mistura retratos de famosos, surrealismo e arte botânica. Detalhe para os trabalhos do Marcelo Monreal: eles são digitais, ou seja, se você não quiser colocar a mão na massa, rola fazer pelo Photoshop (ou qualquer outro software de edição de imagens) também.

Ao dividir os rostos, o artista acentua suas características físicas. As flores revelam vitalidade profunda, o interno.

No meu caso, decidi usar a referência dos famosos, mas criar um contexto mais íntimo com a figura famosa. E este é um passo importante no processo: qual mensagem você quer passar? Talvez, no início, não seja possível definir com muita certeza isso. Mas eu acredito que este não seja um problema, as ideias podem surgir à medida em que você vá vendo o que tem disponível. Mas, de qualquer forma, o próximo passo é catalogar jornais, revistas e tudo o que você possa imaginar para encontrar as pessoas e coisas que estarão na sua colagem.

Neste momento, é importante salientar os materiais necessários para fazer a colagem. Na minha utilizei:

  • Jornais e revistas;
  • Tesoura;
  • Lápis para marcações;
  • Cola branca;
  • Um pedaço de MDF (você pode substituí-lo por uma folha de papelão, ou por qualquer superfície mais sólida, pra servir de base e como fundo da colagem).

Talvez você não utilize tudo isso, talvez utilize outros materiais, mas estes itens são os básico na produção.

Para o momento de pesquisa, o detalhe é: separe tudo o que você pode considerar útil. Objetos variados, rostos e paisagens podem servir para incrementar a produção, mesmo que eles não tenham 100% de relação com a ideia que você deseja passar.

Não tem muita coisa certa ou errada no processo. Como nos trabalhos vistos anteriormente, ou em outros disponíveis infinitamente na web, você vai perceber um tom bem forte de surrealismo nas peças. Os conceitos podem ser bem abstratos, difíceis de serem interpretados. E há casos em que eles sequer existem, a estética fala por si só.

Detalhe importante sobre o que eu acabei de dizer. Se existe um conceito ou uma ideia sobre todas as colagens feitas, só os autores podem responder. Pra mim, nem todas possuem.

Mas continuando a produção da colagem. Depois de separadas as figuras, você provavelmente já terá uma ideia da mensagem que quer passar. Como eu falei, a minha era trabalhar com ideia mais íntimas do famoso em questão. Encontrei uma foto do Belchior e decidi que “dentro” dele, estariam temas como música, pessoas, arte e, claro, o Nordeste e o Ceará. Peguei as imagens que estavam relacionadas com tudo isso e recortei todas elas.

Depois de recortadas as figuras, hora de fazer a montagem, ou seja, posicionar suas imagens e decidir como vai ficar a colagem ao final de tudo.

E agora vem o momento mais tenso: colar. Erros podem ser fatais. Uma imagem perdida pode fazer muita falta. Desta forma, use lápis para marcar as posições, tire fotos para lembrar quem vem antes de quem e, só depois de ter certeza, comece a colar a imagens. Com muito cuidado, passe cola nas imagens e vá colando-as com cuidado. Uma dica é não colar a imagem completa, deixando espaços para posicionar ou ajustar depois.

Pois bem, aqui embaixo está a minha colagem do grande Belchior.

E ai, mãos à obra?

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