Winter is coming: como se proteger da próxima tempestade financeira

Danilo Ferraz
2 min readOct 5, 2021

A tempestade que se forma no horizonte é clara:

Nos EUA, país que essencialmente dita os rumos da economia mundial, 40% de todo o dinheiro (no caso, o dólar) em circulação foi impresso nos últimos 12 meses, em grande parte devido ao estímulo fiscal injetado pelo governo americano durante a pandemia.

No Brasil, onde a inflação (tradicionalmente de dois dígitos ao ano) já é “prata da casa”, a impressão desenfreada de dinheiro vem junto de uma reforma tributária que aumenta os impostos para que o governo possa gastar mais. A resposta seria reduzir, via reforma administrativa, o custo da máquina pública para um governo mais enxuto, com menos gastos e uma reforma tributária mais profunda. Ao invés disso, caminhamos para um quadro de sobrecarga tributária que resulta em aumento da informalidade, fuga de capitais, perda de investimentos externos, aumento da sonegação e, por consequência, queda da arrecadação.

E essa não é uma conclusão minha: o economista americano Arthur Laffer já apontou em estudos que um aumento excessivo nos impostos leva, paradoxalmente, à queda da arrecadação, já que os negócios formais são paulatinamente destruídos. O Brasil já entrou nessa fase: de acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), estima-se que o brasileiro trabalha, em média, 153 dias por ano — o equivalente a cinco meses — só para pagar impostos. O problema também pode ser observado através de outros indicadores: 35% do PIB nacional é proveniente de impostos. Esse dado, porém, não é de todo verdadeiro, pois apenas dois terços dos contribuintes em potencial são efetivamente tributados. Logo, o Brasil convive com uma carga real e formal que ultrapassa os 50%, colocando nossas terras tupiniquins entre os países com a maior carga tributária do mundo.

Diante deste cenário — e citando o sempre sensato Fernando Ulrich — penso que devemos “falar menos em valuation, classes de ativos e otimização de portfólio e mais em riscos tributários e blindagem patrimonial”. A melhor forma que conheço de fazer isso é através das criptomoedas. No momento que escrevo este artigo, por exemplo, o Bitcoin vai na contramão da Nasdaq e Ibov e ascende aos US$ 50 mil por unidade. No livro “On the origins of Money”, Carl Menger escreve:

“A moeda não foi gerada pela lei. Na sua origem, ela é uma instituição social, não estatal.”

Carl Menger, On the origins of money

Retirar — ou minimizar — a influência do Estado da equação monetária dentro do âmbito das economias pessoais é uma excelente forma de se proteger de uma tempestade que há tempos se anuncia.

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Danilo Ferraz
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Fundador da Ferraz Capital e do Instituto Futuro Para Todos. Em missão para criar transformação econômica e social através do Mercado Financeiro.