5 coisas que você precisa saber antes de se tornar um chefe

Dannie Karam
6 min readMar 8, 2018

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Vamos do início. Meu nome é Danniela, sou formada em comunicação social e trabalho no mercado digital há cerca de 12 anos. Essa pouco mais de uma década me fez passar por experiências muito válidas, mas longe de serem todas positivas. Especialmente no quesito “chefe”. Então não é de se estranhar que eu tivesse uma extrema vontade de gerir a própria (e enorme) equipe. Aquela vontade de corrigir todos os erros que impactavam a mim e uma série de pessoas que eu sentia terem super boa vontade. Mas quando a oportunidade bateu na porta, a coisa não foi bem assim.

A verdade é que ser chefe é provavelmente uma das maiores responsabilidades que a gente pode ter na vida.

E estar preparado pra isso é bem mais difícil do que parece. É claro que alguns anos de experiência depois, e uns cursos de gestão no currículo acabaram ajudando. Mas se você precisa encarar isso na cara e na coragem, compartilho esses 5 aprendizados que me fazem diferença todos os dias enquanto estou à frente do time multinacional de Branding da Nuvem Shop, plataforma de e-commerce super robusta e eficiente pra quem quer ter um negócio na internet :)

1. Se não pode com eles, não junte-se a eles.

Desculpe o ditado, mas ele está errado quando o assunto é liderança. Sim, LIDERANÇA. Afinal, ser chefe é isso. Ser líder. Liderar é direcionar e fim de papo. Não é mandar. Não é alimentar o seu ego. Não é o glamour. Pelo contrário. O líder real consegue os benefícios para o time e não pra si. Dá crédito para o time e não pra seu próprio trabalho. Faz um trabalho ingrato todos os dias, porque leva as “porradas” mas não ouve os elogios. Por isso reforço: se não pode com eles, não se junte a eles.

Quando você se torna um chefe, você é responsável por isso. Por mostrar o impacto que as pessoas de um time estão fazendo. Por promover união entre elas. Por lidar com um monte de pessoas diferentes e garantir que elas queiram chegar no mesmo lugar. Não é sobre o quanto você tem de diplomas na parede e nem sobre o quanto você quer ganhar a mais de salário. Se as pessoas romantizassem menos, iam ver que as vantagens de ser líder, na verdade, são bem poucas. Mas compensam a cada vez que você ouve que realmente contribuiu com a vida de um integrante do seu time. Isso, meus amigos, não tem preço.

Portanto, se você não está preparado pra se tornar apenas um porta-voz, se dedicar pra alguém mais do que pra si, se preocupar com o crescimento profissional do outro mais do que o seu… Melhor repensar esse cargo.

2. Você acertou! Nós erramos.

Esse truque da linguagem é provavelmente a coisa que mais surte efeito na gestão do meu time. Já funcionou anteriormente e continua sendo insubstituível na boa comunicação.

Quando um integrante do seu time acerta, o mérito é dele. Quando um integrante do seu time erra, o erro é seu também.

Por quê? Porque o esforço de fazer as coisas acontecerem pra uma empresa que nem é daquela pessoa, a dedicação, o empenho, seja lá pelo motivo que for, é dela. Ela entregou o melhor e conseguiu um resultado positivo. E este deve ser propriamente reconhecido e precisa sim ser elogiado. Não acredita? Experimente ficar casado alguns anos com um parceiro que só te chama de feio todos os dias, e veja como você vai se sentir.

Mas quando um integrante do time erra, a responsabilidade, em algum nível, será sua também. Você deixou passar na revisão. Você deixou passar no treinamento. Você deixou passar na motivação. Os motivos não faltam. A culpa é sua também, e tomar isso pra si ajuda o time a se sentir mais seguro em pontuar o que está dando errado, ajuda a tomar decisões mais rápidas de resolução, e ainda contribui para o compartilhamento de novas idéias, de estratégias mais ousadas e iniciativas mais criativas — afinal, não há medo de errar se temos suporte psicológico, certo?

3. Nós erramos, nós consertamos.

Só não se engane. Da mesma forma que erramos, temos que corrigir. Quando adotamos a cultura de aceitar erros e até de incentivá-los (afinal, quando a gente tenta algo novo, sempre tem coisa pra melhorar), temos que ser rápidos na correção dos mesmos. É aí que o papel do líder é essencial.

Quando uma pessoa da sua equipe sabe que não precisa ter todas as respostas, ela não vai filtrar as perguntas.

Ou seja: ela vai se permitir questionar, pesquisar, aprofundar. Ela vai se permitir entender mais o que deu errado, e não vai sentir nenhum receio em dizer, em detalhes, o que aconteceu de bom e de ruim. Além disso, se você mesmo costuma expor onde erra, todo mundo vai se sentir confortável de aprender do seu erro — o que economiza tempo e dinheiro — e de te falar sobre os seus.

E aí isso permite que o líder possa agregar suas experiências anteriores e propor métodos pra solucionar. Daí surgem coisas magníficas: metodologias, automatizações, engajamentos.

E surge algo que, ao meu ver, é o mais incrível: parceria. Você se torna um cúmplice do seu time e ele confia em você pra ajudá-los quando não têm as respostas. E se você mesmo não souber o que fazer? Você tem um time inteiro pra irem juntos na construção dessa solução.

4. Time grande, problema enorme.

Aqui vem provavelmente a coisa que eu mais demorei pra perceber. Sim, eu queria ter um time enorme. Queria liderar várias pessoas, palestrar para o meu time, motivá-lo. Tinha um tanto do meu ego aí que eu nem fazia ideia. Quando percebi que na prática um time pequeno é muito melhor, foi um novo mundo se abrindo pra mim.

É que quanto maior o time, menos presente se faz um líder.

Não estou dizendo que eu mesma não seria capaz de liderar mais pessoas. Não é isso. Mas automaticamente sei que perderia o detalhe. Sei que deixaria de saber nome e sobrenome da minha equipe. Que não saberia mais o que fizeram no final de semana. Que não conheceria mais a história das suas famílias. Sei que não saberia mais quais são seus lazeres favoritos ou o que os motiva a trabalhar…

Eu perderia a principal ferramenta daquilo que vejo como uma boa gestão que é o poder de atuação. Atuo sobre a relação das pessoas do meu time entre si, sobre como enxergam a cultura da empresa, como enxergam a mim, como posso ajudá-las, e em especial, como elas podem me tornar melhor a cada dia. Conseguimos ser próximos em um âmbito mais pessoal, sem perder o respeito profissional, porque nos conhecemos. E sabemos exatamente até onde podemos ir entre nós.

Além de, claro, ter muito mais controle sobre o que realmente podemos entregar de resultados, como usamos nossas horas de trabalho, quais são nossas principais falhas e melhores características, e como tudo isso impacta no ecossistema da companhia. Todo mundo ganha. E você dorme melhor.

5. Limite-se e conheça o ilimitado.

Um exercício diário. Entender que, como chefe, seu papel é ser muito mais de organizador, de moderador e de incentivador — e não de atuante — é um exercício a se fazer todos os dias. Se você está buscando o reconhecimento próprio, se procura por destaque, se quer que todos os detalhes sejam sua responsabilidade, gerencie projetos, não pessoas.

O líder que anda atrás do seu time, não o protege. O líder que anda à frente, não o enxerga. É somente o líder que anda ao lado que pode entender realmente o que seu time está sentindo e como transformá-lo em uma potência de trabalho.

Então, o jeito é colocar-se no devido lugar. Deixar que o time se manifeste, que contribua com suas ideias, que possa colaborar com suas experiências e que tenha voz ativa faz com que as pessoas realmente queiram continuar dando o seu melhor na companhia e não na concorrência. É preciso que o líder saiba se recolher e com isso, descobrir todo o potencial que tem bem diante dos seus olhos.

Quanto mais limitadas forem as atividades do líder, mais ilimitada é a motivação de seu time em alcançar metas, projetos e sonhos. E por mais difícil que seja, nada mais motivador pra um chefe de verdade do que saber que se tornou um bom líder.

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Dannie Karam

Comunicadora / Líder de Branding da Nuvem Shop / Autora do livro Edifício de Alice disponível na Amazon ;)