Inteligência artificial #1: passado e presente

Dataeasy
4 min readNov 14, 2018

É difícil dissociar o conceito de inteligência artificial da visão sci-fi da literatura e do cinema. Entre androides, supercomputadores e robôs, a realidade é que, para o bem ou para o mal, não estamos tão longe disso — ou, pelo menos, estamos no caminho certo.

Só que as aplicações da IA vão muito além do que estamos acostumados a ver por aí. Estão, na verdade, muito mais próximos da nossa rotina, escolhendo as músicas de nossas playlists e decidindo o que podemos (ou mesmo devemos) fazer com nosso dinheiro.

No primeiro artigo da série da Dataeasy sobre inteligência artificial, vamos passear por alguns momentos memoráveis do desenvolvimento dessa tecnologia cada vez mais fundamental e entender onde estamos a essa altura de nossa história. Boa leitura!

O ano é 1956…

… e a Faculdade de Dartmouth, na cidade de Hanôver (não a alemã, mas sim a estadunidense) abrigou uma conferência de verão que ficou conhecida por ter sido o berço do termo “inteligência artificial”. Antes do cientista John McCarthy cunhar a expressão, nomes como “cibernética”, “teoria autômata” e o singelo “processamento de informações complexas” foram cogitados, sem terem muita adesão no meio acadêmico.

A proposta da conferência, redigida por McCarthy em conjunto aos cientistas Marvin Minsky, Claude Shannon e Nathaniel Rochester, dizia o seguinte:

“O estudo tem como objetivo se basear sobre a conjuntura de que todo aspecto do aprendizado ou qualquer outro recurso da inteligência [humana] pode, a princípio, ser descrita com tamanha precisão a ponto de uma máquina poder ser criada com o intuito de simulá-la.”

No entanto, tentativas de reproduzir o raciocínio humano existiram muito antes do termo se tornar oficial — ou mesmo a tendência que é hoje. O matemático inglês Alan Turing (1912–1954), por exemplo, foi o primeiro grande nome na área de inteligência artificial, tendo desenvolvido um teste para comprovar a eficiência de uma máquina em se comportar como um ser consciente. O teste, convenientemente chamado de Teste de Turing ou Jogo da Imitação, foi proposto em 1950 e, em 2014, virou assunto para um premiado filme de Hollywood.

“O jogo da imitação” se equilibra nas duas grandes transgressões da vida de Turing: um avanço científico sem precedentes e sua homossexualidade em tempos de preconceito naturalizado. (Imagem: Black Bear Pictures)

“O jogo da imitação” se equilibra nas duas grandes transgressões da vida de Turing: um avanço científico sem precedentes e sua homossexualidade em tempos de preconceito naturalizado. (Imagem: Black Bear Pictures)

De Spielberg a Spotify

As décadas seguintes viram ainda mais experiências sendo realizadas no campo de IA. Seja por seu apelo glorioso (de tecnologia para reinar sobre todas as outras) ou pelas previsões apocalípticas (como a do físico Stephen Hawking, que dizia que “o desenvolvimento de uma inteligência artificial plena poderia significar o fim da humanidade”), ela seguiu sendo objeto tanto das ciências quanto das áreas mais artísticas da sociedade — muitas vezes andando lado a lado.

Após um período conhecido como “inverno da IA”, que aconteceu durante os anos 70, a tecnologia ganhou novos ares graças à uma mudança de perspectiva por parte dos cientistas: em vez de objetivarem uma inteligência “geral” — ou seja, um comportamento que se defina como humano em todos os aspectos — , eles decidiram estreitar o campo de visão e focar em tarefas mais específicas, reproduzindo aspectos não só mais simples, mas também mais fáceis de aplicar comercialmente.

Esse novo panorama levou a uma série de funcionalidades e itens de consumo cada vez mais populares. 2002, por exemplo, marcou o lançamento do primeiro “robô doméstico”: o aspirador Roomba, que já vendeu mais de dez milhões de unidades mundo afora.

Ele não responde às suas perguntas mais profundas, mas limpa sua casa como ninguém. (Imagem: Reuters)

Ele não responde às suas perguntas mais profundas, mas limpa sua casa como ninguém. (Imagem: Reuters)

Com a popularização dos smartphones e vários outros gadgets tidos como inteligentes, vários recursos que utilizamos diariamente foram afetados ou mesmo criados com base nos avanços na IA. Quando você diz “OK, Google” ou “Ei, Siri” para seu celular, ali está o reconhecimento de voz permitindo que ele responda a seus comandos; quando você encontra uma playlist de recomendações personalizadas em sua plataforma de streaming, são os algoritmos que “sabem” o que você gosta (e pode gostar) e decidem o que vai compor essa sua mixtape.

Por outro lado, é claro que o conceito mais “generalista” da inteligência artificial segue sendo uma meta essencial no avanço da tecnologia — e algo amplamente explorado pelas mais diferentes artes. Autores como Isaac Asimov (Eu, robô, O homem bicentenário) e William Gibson (Neuromancer) foram pioneiros em imaginar um mundo em que robôs e simulações artificiais, respectivamente, têm um papel fundamental na sociedade do futuro, enquanto filmes como A.I. — Inteligência Artificial (Steven Spielberg, 2001) e Her (Spike Jonze, 2013) são marcos na visualização das implicações da IA em nosso cotidiano.

No entanto, não ache que é só de arte que vive o futuro da inteligência artificial. Na próxima semana, vamos começar a explorar o trabalho de startups que pretendem revolucionar as mais diferentes áreas com o uso da IA, da urbanização mais consciente à sintetização de produtos animais e vegetais.

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