O que aprendi com “Pollyanna” e “Pollyanna Moça” — Resenha.

Deborah Espíndola
4 min readMay 20, 2020
Foto: Instagram (@debespindola)

Pollyanna. Essa obra é simplesmente apaixonante. Lembro-me bem que estávamos, eu e minha sogra, na recepção do oftalmologista do meu namorado, esperando-o finalizar os exames, quando ela comentou sobre um tal livro que havia marcado sua adolescência. Ao dizer que não conhecia, ela me exclamou algo como: Debi, toda menina precisa ler “Pollyanna’’! Em poucos dias completaria 18 anos, e ganharia dela o 2º volume dessa história fascinante, “Pollyanna Moça’’. Cheguei em casa super animada comentando com minha mãe sobre o tal livro. Aproveitando a Black Friday depois do meu aniversário, corri e encomendei o 1º volume.

“Pollyanna’’, escrito em 1913 pela escritora Eleanor H. Porter (EUA), é um livro de literatura infanto-juvenil que narra a história de Pollyanna, uma criança de 11 anos que acabara de se tornar órfã. Nessas condições, muda-se para Beldingsville para morar com sua tia Polly. A história se passa no começo do século XX e nos mostra hábitos, costumes, comportamentos, crenças e práticas sociais típicos daquela época. O livro é recheado de valores éticos, de solidariedade, compaixão, honestidade, otimismo, fé e, principalmente, contentamento. A leitura é leve, para alguns até boba. E será mesmo se você não se permitir enxergar a preciosidade dela em cada página. É uma narrativa envolvente, com personagens apaixonantes e lições profundas. A presença da menina em Beldingsville significou grande mudança na vida daqueles com quem se envolvia, principalmente daquela com quem morava: a amargurada e severa Miss Polly Harrington. Pollyanna era uma menina doce, verdadeira e cheia de alegria. Não media esforços para fazer o bem e jogar intensamente aquilo que chamava de “O Jogo do Contente’’.

“O jogo é exatamente encontrara alguma razão em tudo para ficar contente… não importa o que é’’. (Página 33)

Em “Pollyanna Moça’’, escrito em 1915, temos o gostinho de acompanhar o final da infância da menina e o início de sua mocidade . Além de todas as características amáveis de Pollyanna, que somos apresentados no 1º volume, acompanhamos a descoberta do amor pela protagonista e sua experiência com esse novo sentimento. Nessa obra, a autora nos apresenta novos personagens intrigantes, mas igualmente apaixonantes, como aqueles que já nos foram apresentados no 1º volume e que serão aprofundados neste 2º volume. “Pollyanna Moça’’ se passa tanto em Beldingsville, onde a menina morava com sua tia, quanto em Boston, onde passará um período com a Sra. Carew, uma mulher muito deprimida. Vemos não só a menina agir como uma espécie de antídoto de felicidade para aqueles com quem convive, mas também passar por dramas momentos reais de desolação. É uma história tão envolvente, se não mais, que a primeira.

Após explanar um pouco do que se tratam os livros, tornarei a falar de minha experiência com eles. Como cristã, não pude deixar notar claros aspectos que podemos observar em nosso relacionamento com Deus. Não pude deixar de olhar para o meu próprio relacionamento com Deus. Pollyanna era filha de um pastor evangélico, portanto teve uma educação centrada na Palavra de Deus e na aplicação da moral cristã. Aprendemos que o contentamento não é sinônimo de conformação, mas que o contentamento de Pollyanna, e o nosso enquanto cristãos, é sinônimo de reconhecer a bondade de Deus! O Senhor é tão bom que nos dá infinitamente mais do que merecemos. Portanto, é o mínimo que estejamos satisfeitos e gratos com tantas bênçãos. Devemos ser alegres em Cristo e por causa dEle! Não importanto a situação. Ele venceu o mundo! (João 16:33)

“– Oh, sim! — Pollyanna acenou com a cabeça, com entusiasmo.

– Ele disse que se sentiu melhor imediatamente, quando pensou em contar esses textos. E disse também que se Deus se deu o trabalho de nos dizer oitocentas vezes para nos alegrarmos, para ficarmos contentes, ele realmente queria que a gente fizesse isso. E papai se envergonhava porque não tinha feito mais vezes antes. E a partir de então, esses textos passaram a ser um grande conforto pra ele, sabe, quando as coisas davam errado, quando as senhoras da igreja brigavam… quer dizer, quando não concordavam sobre alguma coisa — Pollyanna se corrigiu apressadamente. — Ora, foram esses textos também, papai falava, que fizeram com que ele inventasse o jogo… (…)” (Página 128)

Por fim, “Pollyanna’’ e “Pollyanna Moça’’ estão longe de serem livros meramente infantis, no sentido pejorativo da palavra. A verdade é que o contentamento de Pollyanna nos constrange! Poucos transmitem essa mensagem tão bem como fez Eleanor Porter. Poucos fazem tão belo serviço ao cristianismo como fez a autora. São livros maravilhosos que nos despertam o desejo ardente de sermos contentes, contentes, contentes como Pollyanna.

Trechos retirados de “Pollyanna” / Eleanor H. Porter — Ed. Autêntica, 10º reimpressão, 2019.

--

--