Por um Medium mais feminino

Leandro Demori
3 min readMar 18, 2016

Ana, a provocação é pertinente (e como não seria?).

Se de fato o Medium é aberto às ideias e opiniões de todos e todas, também precisa estar pronto para fazer com que essas ideias e opiniões ganhem luz de modo equânime — não só entre homens e mulheres, mas passando por outras questões de cor, nacionalidade, classe social, assuntos de interesse.

Eu não poderia concordar mais.
O levantamento que você fez me impressionou.

Eu jamais tinha parado pra pensar que a porcentagem de escritoras na publicação oficial é tão baixa. Se por um lado não olho pro sexo (ou pra cor, ou pra classe social…) ao pedir que um texto seja enviado para lá, por outro também é verdade que estou muito cercado de homens, o que condiciona minhas escolhas de todo modo, e isso é ruim.

Faço apenas duas observações sobre o passado (e depois vamos falar de futuro).

  1. A publicação oficial do Medium Brasil não deve ser entendida como “só posso fazer sucesso se meu texto estiver lá”. Estamos tentando fugir disso, e por isso as atualizações por lá têm sido menos frequentes. Queremos que as pessoas montem suas próprias publicações e façam com que seus textos trilhem caminhos próprios sem depender da nossa curadoria. Somos apenas auxiliares nesse processo, e não atores principais. Não queremos editorializar o Medium dessa maneira. Queremos que as histórias sejam as estrelas, não importando onde estão publicadas e nem por quem são publicadas.
  2. Faço notar que, além da análise quantitativa que você fez muito bem, existem outros parâmetros que levamos em conta. Um deles é a qualidade e o alcance dos textos. Sabe qual foi o texto mais lido da publicação oficial desde que ela foi criada, há dois anos, até hoje? O da Ana Becker que fala sobre a pena de morte na Indonésia (875 mil leitores). Está certo que o primeiro viral do Medium Brasil foi escrito por um homem, mas olha o assunto. Na área cultural, dentro da publicação oficial, o texto de maior alcance é da Larissa Palmieri, sobre MadMax. Fora da publicação oficial, o texto mais lido em português na história do Medium é o da Carol Patrocinio sobre a Valentina (se não me engano, dois milhões de leitores nas primeiras 24 horas apenas).

Nada disso serve pra justificar, apenas pra apontar que nas métricas que mais importam pra gente (que medem relevância) as mulheres estão mais bem representadas do que parece, e isso me deixa um pouco mais tranquilo em pensar que estamos no caminho. Mas falta muita coisa ainda.

Uma das grandes belezas do Medium é dar poder de curadoria às pessoas. Sabe quantos textos originais em português são postados aqui no Brasil por semana? Três mil e quinhentos. Ou seja: quase 15 mil textos por mês, só em português. Confesso que temos um trabalho enorme em acompanhar tudo e separar as melhores coisas. Confesso mais: não conseguimos dar conta disso.

Toda vez que alguém que eu sigo recomenda algum texto, esse texto aparece na minha timeline. É como se fosse um retweet. Eu gostaria muito que essa atividade de curadoria — recomendar os textos mais legais — fosse intensificada por vocês e pelas pessoas que vocês conhecem. Isso me ajudaria, e ajudaria o Medium a buscar o equilíbrio necessário entre os gêneros. Então, sim, isso é um convite: recomende os textos que você gosta, assim eu posso ter contato com eles e também recomendá-los. Formamos assim uma rede virtuosa. Que tal?

Para fora da publicação oficial (que é efetivamente uma gota no oceano), eu gostaria de sugerir alguns projetos ótimos tocados por mulheres dentro do Medium, que vocês podem seguir (se é que já nao seguem) pra ajudar nesse trabalho de curadoria.

1/6 de Chance

Uma história informal dos fracassos da indústria de jogos no Brasil
Editado pela maíra

Nua e Crua

Nós mulheres e nossas histórias
Editado pela Anamaria Legori, Sâmara Correia e por mim

YouPix

Tecnologia
Editado pela Bia Granja

Sobre Comportamento

Pessoas, o que elas pensam, fazem, e a sociedade que constroem
Editado pela Aline Valek

Aos Fatos

Em busca da verdade na política
Editado pela Tai Nalon

Mulheres 50 Mais

Espaço para troca de ideias, informação e vivências sobre as mudanças nessa fase da vida.
Editado por grande elenco feminino

E ainda alguns perfis pessoais que escrevem e/ou indicam conteúdo como Bia Kunze, clara averbuck, rosana hermann, Lovelove6 (que era a grande estrela e campeã de audiência na infelizmente terminada Nébula), Larissa Lemos, Carol Patrocinio, Carol, Flávia Durante, Flavia, Luísa Fedrizzi, Rachel Glickhouse, Eu gosto de uma coisa, Renata Simões, Laura Capriglione.

São as que lembro de cabeça, mas é um bom começo.

Bora?

Valeu pela provocação. :)

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