Para lembrar e celebrar o dia 20 de janeiro, dia da consciência indígena no Brasil, reuni 20 nomes de diferentes áreas de conhecimentos, artes e militância. Uma iniciativa que eu chamei de #20DiasDeConsciênciaIndígena.
O Dia da Consciência Indígena relembra a última batalha da Confederação dos Tamoyos, uma luta e aliança de povos indígenas contra a invasão portuguesa, com um de seus líderes mais conhecidos sendo Aymberê, da etnia Tupinambá. O combate de 48 horas contra os invasores se findou em 20 de janeiro de 1567, com a morte dos líderes da Confederação.
Essa data foi proposta pelo GT Indígena do Tribunal Popular em São Paulo, a partir de 2011, estimulada por Sassá Tupinambá e difundida por Benedito Prézia em sua coluna do jornal Porantim (jornal impresso do CIMI). Ao longo dos anos, a efeméride foi adotada no calendário de lutas dos movimentos indígenas.
Nesse dia, reforçamos que a história da invasão não encontrou aqui pacifismo e entreguismo, como a “história oficial” gosta de destacar. Os povos indígenas são de resistência.
01 — Joênia Wapichana
É a primeira mulher indígena a ser advogada no Brasil, e a ser eleita deputada federal (2018). Também em 2018, ganhou o principal prêmio de Direitos Humanos da ONU, o mesmo que Mandela e Malala já receberam anteriormente. // Instagram
02 — Aílton Krenak
Escritor, Ailton fez um discurso histórico durante a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987, defendendo a Emenda Constitucional tratando de indígenas. Durante sua fala, Aílton passa tinta de jenipapo em todo o seu rosto, gesto que simboliza luto para os Krenak. Triste perceber como o discurso de Ailton ainda é tão atual. Assista aqui.
04 — Davi Kopenawa
Escritor, xamã, grande voz em defesa da terra indígena Yanomami entre RR e Venezuela. A Terra Indígena Yanomami, mesmo homologada, é alvo de garimpeiros, e Davi constantemente recebe ameaças de morte.
Escreveu o livro “A queda do céu — Palavras de um xamã Yanomami”.
05 — Daiara Tukano
Professora e artista plástica, seu depoimento pedindo socorro aos Guarani Kaiwoa em 2015 viralizou. É correspondente da @RadioYande, a primeira rádio indígena do país.
06 — Katu Mirim
Rapper e youtuber, Katu lançou a campanha “Índio Não É Fantasia” em 2018, que viralizou. Ela acaba de lançar a música “Retomada”, com Marina Peralta e AfroJess.
07 — Denilson Baniwa
Designer e artista plástico, fundou a @RadioYande com outros dois parentes Tupinambás. Sua arte estampa a capa do livro “Literatura Indígena Brasileira Contemporânea”.
08 — Márcia Wayna Kambeba
Geógrafa, escritora, fotógrafa e poeta, é a primeira de seu povo a ser mestra em Geografia Cultural (UFAM). Escreveu o livro de poemas Ay Kakyri Tama (“Eu moro na cidade”)
09 — Djuena Tikuna
Cantora, jornalista e produtora cultural, se tornou a primeira mulher indígena a protagonizar um show no Teatro Amazonas (na ocasião do lançamento de seu álbum).
10 — Célia Xakriabá
Professora, defende a produção acadêmica indígena. Foi a primeira indígena a trabalhar em uma secretaria de estado de educação (MG). Também foi a primeira de seu povo a entrar em um programa de pós-graduação (UnB).
12 — Olívio Jekupé
Escritor de literatura infantil Guarani, tem livros publicados desde 80. Cursou Filosofia na USP e apesar de não concluir, diz que o curso o incentivou a escrever.
13 — Sueli Maxakali
Fotógrafa, faz still e é assistente de direção nos filmes feitos em conjunto com o seu marido, Israel Maxakali.
Já produziu cerca de 20 filmes desde 2007.
14 — Ana Terra e Watatakalu Yawalapiti
Notórias vozes da aldeia Tatuari, construiram a Casa das Mulheres junto a outras xinguanas, um sonho que encontrou resistência por parte de homens.
16 — Casé Angatu Xukuru Tupinambá
Doutor (FAU/USP) e professor de história (UESC), do seu mestrado (PUC-SP) nasceu o livro “Nem tudo era italiano”, falando sobre populações periféricas de São Paulo.
16 — Kaká Werá
Escritor, educador, empreendedor social e fundador do Instituto Arapoty, já trabalhou na secretaria de cultura de SP, sob o comando de Marilena Chauí. Em 2018 foi candidato a deputado federal (Rede)
17 — Souto MC
Rapper e compositora de samba, em 2018 ganhou o prêmio Sabotage de Melhor MC. Em 2019 foi indicada como Artista Revelação e Melhor Videoclipe (“Selena”) pela @Genius_Brasil
19 — Shirley Djukurnã Krenak
Guardiã dos saberes Krenak, povo que já foi considerado extinto, Shirley usa sua voz para mostrar como o desastre de 2015 afetou o Rio Doce, sagrado para eles
20 — Eduarda Arfer Jurum Juntá Tuxá
Artista, fotógrafa e escritora, Eduarda também é acadêmica de letras na UFBA e possui o blog “Aldeia Literária”
*Esse texto foi editado em abril de 2021.