Onde Navego
O mar pequeno
do seu corpo que remo
tornou-se rubro
ao meu toque muito
s e r e n o
Onda que me banho
do seu cabelo castanho
embaraça a língua
o pensamento e ainda
o s n e r v o s
Até você tempestadear
sal, tempero e olhar
a sua carta-náutica incerta
Desperto em praia deserta
q u a s e s e m a r
Se aprofundo azul
desaprendo teu sul
Eu não insisto
Navegar é preciso
e m t u
Passo Manso Português
As janelas estão sempre fechadas
como se proibido o vento angariar
as caravelas cortinadas
E levar sonhos à novas Índias
Pois pros lados de lá
há temperos que aqui não tinhas
Mas nesse lugar o que fazer?
Se deste ar posso viver
e já muito me cansa
ir daqui até Boa Esperança
Sou de Passo Manso, português
Mas o desejo desbravador
despejo sobre vocês
Ora, me aguça indagar as boas novas!
Contudo não sei nadar
Que já me cava muitas covas
Capitã
Vamos naufragar esse barco de uma vez
Eu não vou tentar nadar contra a correnteza
Vamos afogar as mágoas dos porquês
nas águas do mar das tristezas
Se enquanto você não me viu
como intruso em seu navio
um imigrante, fugitivo, quase morto
nada garante estar vivo no próximo porto
E, descoberto, você me usou
Ao invés de sub-capitão
limpador de convés hoje sou
Nada de sol, nada de timão
Que naufrague! Que se alague
E me largue à deriva!
Eu encontro outra embarcação
que me dê vida
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