Poesias Marítimas

Tu que és livre sempre gostarás do mar — Charles Baudelaire

afm
2 min readMar 3, 2018

Onde Navego

O mar pequeno
do seu corpo que remo
tornou-se rubro
ao meu toque muito

s e r e n o

Onda que me banho
do seu cabelo castanho

embaraça a língua
o pensamento e ainda

o s n e r v o s

Até você tempestadear
sal, tempero e olhar
a sua carta-náutica incerta
Desperto em praia deserta

q u a s e s e m a r

Se aprofundo azul
desaprendo teu sul
Eu não insisto
Navegar é preciso

e m t u

Passo Manso Português

As janelas estão sempre fechadas
como se proibido o vento angariar
as caravelas cortinadas

E levar sonhos à novas Índias
Pois pros lados de lá
há temperos que aqui não tinhas

Mas nesse lugar o que fazer?
Se deste ar posso viver
e já muito me cansa
ir daqui até Boa Esperança

Sou de Passo Manso, português
Mas o desejo desbravador
despejo sobre vocês

Ora, me aguça indagar as boas novas!
Contudo não sei nadar
Que já me cava muitas covas

Capitã

Vamos naufragar esse barco de uma vez
Eu não vou tentar nadar contra a correnteza
Vamos afogar as mágoas dos porquês
nas águas do mar das tristezas

Se enquanto você não me viu
como intruso em seu navio
um imigrante, fugitivo, quase morto
nada garante estar vivo no próximo porto

E, descoberto, você me usou
Ao invés de sub-capitão
limpador de convés hoje sou
Nada de sol, nada de timão

Que naufrague! Que se alague
E me largue à deriva!
Eu encontro outra embarcação
que me dê vida

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afm

Em Jornalismo por fluência e Cinema por paixão. No café pelas xícaras e em RJ por SP. Vinte e 3.