1
Sexo não precisa
Nem deve
Ser poetizado
Segue só a sina
De leve
Tendo negado
Na escrita
Breve
De poeta desamado
A saliva
Que deve
O ter encharcado
Na vida
Que ferve
Tesão sagrado
E evita
No que escreve
O sujo luxuriado
Contudo, ainda
Se atreve
A ser o mais delicioso pecado
2
Todo monogâmo
é um traidor enrustido
Que em seu âmago
tem coração inteiro e tesão partido
3
Ela é flexível
Acima de todos
Dá espasmos
Desce o nível
Deixa-os cômodos
Há orgasmos
Ela
Felina
Oblíqua
Dedilhada
Eruptiva
4
Numa cronologia apalavrada
amor e tesão fazem orgia amargurada;
O primeiro pede
de perto a pele
Nela se perdem
depois não pode
e repelem
então se parte
5 Sempre puxei olho para portas fechadas
A tua era nobre, mas com fresta entreaberta
donde um eco fala
Fogo, sangue e saliva
Em sussurro desejo desperta
Aos seus quartos, cozinha, sala eu fui espiar
Móveis cobertos sem vida
As portas abertas só conseguiram te esfriar
6 à princípio, um precipício destrutivo
mas se vivo, dele preciso
não basta morrer
se inércia me interessa à medida
que promessa a vida
de querer
faz-se inércia à beira
infinito
é viver
quando maior desejo
seja o início
do ter
quando te vejo
perigo
o prazer
7 A noite me esclarece as questões da vida, e dela vivo
A rua me acha o abrigo e nela deito
Junto à sua mente mentirosa e fria, que me aquece em seus seios, formosa vadia
Saia que trilha calçadas cinzas com trechos de mato
Nada me finjas com falas de fato, apenas
iluda por seus gestos certos no meio das pernas
E eu me seguro pra não amar você e cada pedaço de pele
que dá o mais puro prazer falso que fere
8 Linda Nazaré
Finja, não leve fé
No meu arredio jeito de amar
Pois, se tardio eu chegar
Nada pergunte. Deixe-me deitar
E a mim se junte sem dizer que me ama
Basta saber o calor de quem transa
E que no silêncio mora amor
De final de semana
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