Criando Experiências Coesas entre Físico e Digital — Entrevista com André Hernando

#3 UXComCafé

Design Banco Bmg
18 min readAug 4, 2023

Introdução rápida:

Esse artigo faz parte da nossa série de entrevistas do time de design do Bmg, onde convidamos nossos designers para responder algumas perguntas sobre vida pessoal, carreira, tendências e dicas. Hoje, nosso entrevistado é o André Luiz Hernando, coordenador e designer especialista no Bmg. Aqui no time, conhecemos o André como “CB”.

Fiquei supercontente quando o CB topou participar dessa conversa. Para quem não sabe, aqui vai um spoiler: ele foi o primeiro designer aqui no banco e ajudou a construir as primeiras experiências do que conhecemos sobre “banco digital”. Com isso, espero que você fique animado para ler essa entrevista assim como eu. Então, sente-se confortavelmente, pegue seu café e vamos para a entrevista!

“[…] É importante ter maturidade, inteligência emocional, entender que haverá momentos de estresse e aprender a não levar para o coração. Inclusive, falo muito para minha equipe, você precisa aprender a conviver com esses momentos e não a fugir deles. Quanto mais você vai crescendo na carreira, mais responsabilidades e cobranças vai ter, então precisa ter inteligência emocional para lidar com isso.” André Hernando, Lead Designer, Banco Bmg

Alerta de jargão!

Esse artigo possui algumas abreviações e termos que podem ser novos para você. Então, esclareço sobre cada um e seu significado. Anota aí:

PSD: Sigla utilizada para Photoshop. É também o formato de arquivo produzido pela ferramenta de design.

Front: Do termo “Front-end”, área da programação que cuida do desenvolvimento da parte visual de uma interface, da interação entre os usuários e a tela.

Layoutar: verbo popular usado no universo do design para a ação de desenhar layouts ou projetos de design, considerando sua parte visual e gráfica.

Squad: Palavra para “esquadrão”, em inglês. No universo de metodologias ágeis usadas pelas empresas, significa um time multidisciplinar que tem o objetivo de resolver problemas específicos em um projeto.

B2C: Termo para “Business to Consumer”, ou “da empresa para o consumidor” em tradução livre. É um modelo de negócio em que uma empresa vende seu produto ou serviço para o consumidor final.

Mindset: Palavra em inglês que significa “mentalidade” ou “atitude mental”. É a forma como uma pessoa pensa e se comporta, o modo de pensar e encarar as situações que podem moldar atitudes.

Acho que a primeira dúvida é: como surgiu seu apelido, “CB”? Porque não há nenhuma dessas letras no seu nome (risos).

“CB é um apelido que recebi quando entrei para trabalhar no Submarino. Lá, todo mundo tinha um apelido e, quem não, recebia um. Então entrei com o apelido ‘CB’, que significa Caiçara da Baixada (fazendo referência a quem mora no litoral de Santos, ou Baixada Santista). De lá para cá, faz 20 anos que carrego esse nome. E sei exatamente quem trabalhou ou não comigo pela forma que me chama. Se me chamar de ‘CB’ é porque trabalhou comigo em algum momento e, se me chamar de André, faz parte da minha vida pessoal. Mas é lógico que, nesses 20 anos de carreira, tenho muitos amigos de trabalho que se tornaram amigos pessoais.”

Legal saber dessa curiosidade sua, CB. Agora, nos conte um pouco mais sobre você.

“Tenho 41 anos, união estável com a Andressa e uma filha de 8 anos chamada Mariê, que é o grande amor da minha vida. Depois que temos filhos, perdemos o posto e eles passam a ser nossa prioridade. Nos finais de semana gosto de estar com a família, fazer uma viagem curta e brincar com minha filha, incomodá-la até o ponto de ela me pedir para sair de perto (risos). Lógico, há fins de semanas que fico um pouco cansado, com vontade só de assistir televisão, mas no geral gosto de fazer essas coisas.

Passear, ir à praia, andar de caiaque… adoro o mar. E sempre que possível também pego a bicicleta, pedalo até a ponta da praia e fico lá sentado um pouquinho. Dá um alívio visual ver o mar, sair um pouco dos prédios… Sou um cara menos urbano, gosto mais de natureza, de ficar mais solto.

Já morei em São Paulo, por necessidade, por precisar ir para o escritório todos os dias. Mas, depois da pandemia e agora com o modelo híbrido, consegui conciliar morar em Santos, estando mais próximo à natureza. Então estou juntando o melhor dos dois mundos, São Paulo para o profissional e Santos para qualidade de vida.

Quando era mais novo gostava de pegar ondas e andar de skate, mas agora não tenho mais energia para isso. Meu negócio é mais caiaque e bicicleta mesmo.”

Bom te conhecer um pouco mais! E quando você percebeu que queria ser designer?

“Acho que percebi quando já estava envolvido. Sou formado em desenho artístico, então já tinha um pouco dessa veia de ir para o lado da arte. Até cheguei a fazer algumas ilustrações depois de um tempo, mas segui para a carreira de interface.

Lembro que conversei com meu pai, aos 19 anos, e disse que queria fazer sites, porque já gostava muito dessa coisa de internet. Na época era dial-up (internet discada), não é da geração de vocês que já nasceram com internet em casa (risos), mas já gostava muito dessa questão de fazer sites. Dois dias depois ele me deu um livro de HTML 4. Abri o bloco de notas e comecei a escrever.

Aprendi muito, mas pensei: ‘Poxa, mas meu negócio não é código’. Na época, programação envolvia montar tabela, um outro tipo de desenvolvimento. Agora a tecnologia mudou muito, com coisas mais modernas. Mas falei: ‘Agora preciso ir para a parte mais visual… como deixar isso aqui visualmente atrativo’. Foi quando comecei a mexer com Photoshop. Tinha um amigo no meu prédio que já fazia isso, incluindo o irmão dele. Um dia fui à sua casa e ele me mostrou a ferramenta, se não me engano o Photoshop 3. Daí, muito rusticamente fazendo interface, aprendi a fatiar. Naquele tempo usávamos a ferramenta de fatia no PSD e fatiávamos cada um dos pedacinhos e montávamos na tabela, montando a interface. Mas isso tudo por conta própria.

Quando tinha 18 anos, comecei a trabalhar numa empresa de suporte técnico de telefone. Na época, as pessoas tinham um problema na conexão, ligavam para o suporte e eu era um dos atendentes. E sempre fui fazendo atendimento, mas olhando para a questão do site… só olhando e olhando mesmo porque não mexia com isso (risos). Em um certo momento, um dos donos lá me falou: ‘André, você não gosta dessas coisas? Quer montar um novo layout? Aí você me ajuda a montar o novo site…’ e daí comecei a ir mais para essa linha. Fui largando o suporte técnico e comecei a olhar para layout, recortar e tudo mais.

Depois fui trabalhar em outra empresa que era 100% voltada para isso. Numa época cheguei a trabalhar com material adulto. Foi um ano trabalhando com esse tipo de produto e depois fui para o Submarino. Daí para frente, nunca mais parei. No Submarino entrei atuando um pouco no front, montando o site conforme o pessoal layoutava e, aos pouquinhos, fui entrando para a parte de montar o layout dos sites, sem pensar em experiência do usuário, navegação… nada disso. Estamos falando de mais ou menos 18 anos atrás, na época não se falava ‘UX’, essa é uma terminologia mais recente.

Daí, teve um momento em que o ex-gerente da empresa falou que precisava de alguém para olhar especificamente para o site, que se preocupasse com a navegação como um todo. Falei: ‘Quero me envolver nisso!’. E foi um caminho sem volta, começamos a olhar cada vez mais para o site do Submarino, layoutar uma nova versão — olhando já com esse viés do cliente, navegação, fluxo…, mas ainda utilizávamos o Photoshop, um arquivo pesado.

Lá também tive a oportunidade de desenhar a primeira versão do site mobile do Submarino, na época do iPhone 3. E foi uma ótima nova experiência, totalmente diferente do que já havia feito. Para chegar aonde cheguei, passei por experiências desde HTML, criação de ‘bannerzinho’, até montar realmente um layout grande pensando em fluxo de navegação e experiência do usuário.”

Contando sua história, me parece que você é muito autodidata. Você aprendeu tudo sozinho?

“Na questão do HTML e do ‘Flash’, uma tecnologia antiga de animação de sites, sim. Aprendi lendo livro e vendo tutorial na internet, via muita coisa e copiava para aprender. Mas, na questão de experiência do usuário e padrões de mobile, fiz um curso mais específico do Jakob Nielsen nos Estados Unidos, em Dallas. Foi uma imersão de uma semana lá onde tive a oportunidade de aprender algumas coisas bacanas. Isso já faz uns 10 anos, na época em que trabalhava no Magazine Luiza. Um diretor queria aprimorar a parte de UX lá dentro, porque não tinha muitas pessoas olhando especificamente para isso. Ele pediu para escolher um curso e levantar o orçamento para investimento. Ofertei esse que fiz nos EUA. Foi muito legal.

Tudo foi fluindo para que eu estivesse aqui hoje. Sou muito realizado profissionalmente, para falar a verdade. Acho que sou feliz no que faço.”

Que experiência incrível, CB! Agora nos conte, quais são as suas principais responsabilidades e áreas de foco atualmente? Isso mudou ao longo do tempo?

“Mudou sim e muito. Aqui no Bmg, vou fazer 6 anos de carreira em setembro desse ano. Quando cheguei, entrei como especialista e fui o primeiro designer do banco. Já existiam ferramentas como o DNA (nossa ferramenta para franqueados), mas não existia um designer olhando para essas ferramentas e muito menos para o ‘logo digital’. Nem se falava em banco digital quando entrei aqui, vindo a ser criado um ano depois que cheguei. Entrei olhando especificamente para formalização eletrônica, que é um canal onde nossos clientes formalizam a proposta, e, aos poucos, o Bmg foi criando esse conceito de banco digital. Nós já tínhamos um aplicativo que servia apenas para Android, para o cliente acompanhar as faturas do Bmg Card, e outro app que o pessoal chamava de ‘Bmg Invest Digital’.

Fazendo uma ordem cronológica, tínhamos esses dois aplicativos e foram criadas as duas primeiras squads, uma olhando para o app do Bmg Card e outra para o app do Invest. Daí, foi contratado outro designer para olhar para o segundo. Lembro que iríamos fazer o aplicativo do Bmg Card para o iOS, mas queríamos fazer algo em que esse app não fosse apenas para esse produto, mas sim para todos os cartões que o cliente tivesse. Então fizemos um app multicartões.

Nesse meio tempo, sofri um acidente de moto e fiquei três meses afastado. Quando voltei, tudo já tinha mudado, o pessoal já estava falando em banco digital. E foi daí que começou o extrato, fatura de conta e N outras coisas. Na época erámos apenas sete pessoas em uma salinha olhando para o banco digital. Nós fazíamos o layout e os desenvolvedores da Raro Labs codavam o aplicativo. Depois, todos os outros aplicativos de Invest e cartões tombaram para o único do app da conta digital, virando o ‘Meu Bmg’.

E, desde então, só crescemos. Hoje temos aproximadamente 25 designers na equipe, já tivemos até mais. Isso é muito legal porque mostra o quanto o banco está reconhecendo a importância e valor das nossas entregas no dia a dia. Fico muito feliz em saber que estou lá desde aquela época.

Quando entrei como especialista, estava olhando para o B2C, que são os produtos core dentro do aplicativo. Os produtos ‘core’ são os consignáveis — empréstimo consignado, Bmg Card, FGTS… Depois, fui convido para ser coordenador dessas frentes, pela bagagem que eu tinha por ter feito a implantação desses produtos dentro do B2C. Quando tivemos a reestruturação de equipes em julho do ano passado, começamos a olhar para as plataformas físicas, o DNA e o Consig. O ‘DNA’ é a plataforma dos franqueados e o ‘Consig’ é a plataforma para os corbans (correspondentes bancários), mas que os franqueados também utilizam.

Antes, olhava apenas para o DNA, mas, depois da reestruturação, o Consig, DNA e Formalização Eletrônica vieram para mim. Hoje olho para todas essas plataformas e comigo estão outras sete pessoas.”

Como você enxerga o papel do design na estratégia do Banco Bmg? Como o design contribui para alcançar os objetivos da empresa?

“O designer hoje tem um papel fundamental, tem uma skill que é muito voltada para a visão do cliente. Sempre estamos olhando para o produto na interface, interação e tudo mais, com o olhar do cliente. Então somos a ponte entre como o cliente interage, como se sente, não só do ponto de vista mecânico de interação, mas também do ponto de vista de sentimento, olhando para a questão do mapa da empatia.

Acho que a maior prova de que o design tem um papel fundamental aqui dentro é dividida em dois pontos: primeiro, o aumento da equipe, porque saímos de um designer para uma equipe de quase 30; e em segundo, a reestruturação recente que colocou os designers como Plataform Designers, com a responsabilidade de olhar para as plataformas como um todo. Então, além da hard skill de ter a visão do cliente, também conseguimos tocar as demandas do dia a dia assumindo as plataformas.

Resumindo, acho que temos um papel muito importante porque trazemos a visão do cliente e, às vezes (ou sempre) somos os chatinhos do bem, com a capacidade de ligar vários pontos para entregar uma ferramenta e soluções que sejam bacanas para a boa experiência do cliente e rentabilização do banco. Afinal, é a experiência do cliente que vai trazer rentabilização, é uma consequência.”

Quais habilidades e competências você valoriza ao buscar novos designers para a nossa equipe? Existe algum aspecto específico que seja importante para você?

“Gosto muito de proatividade. Parece que é ‘chover no molhado’, mas gosto das pessoas que tenham autonomia e sejam proativas. E meu papel aqui como gestor é: como eu facilito aquilo que minha equipe quer fazer. Lógico, também tenho o papel de fazer o entendimento e direcionar para onde ir, mas, no geral, meu papel é viabilizar o que eles precisam para que aconteça.

Gosto muito de trabalhar com as pessoas que não têm medo de fazer, mas não fazem tudo de qualquer jeito, suas decisões são embasadas. Então, a partir do momento que eles me dizem o que querem e a importância daquilo, meu papel é fazer com que se viabilize. Basicamente sou eu tirando os problemas da frente para que eles possam evoluir.

E, às vezes, há algumas situações em que preciso deixá-los mais soltos para que aprendam a se virar e resolver. Então dou o caminho das pedras, digo com quem falar e eles resolvem.

Proatividade, autonomia, respeito, saber falar com as pessoas, colocar suas ideias divergentes de forma educada e conseguir ter o poder de articulação é importante. Acho que hoje estou com uma equipe muito boa em relação a isso, em todos os aspectos. Tenho níveis pleno, sênior e especialista na equipe, mas me sinto muito privilegiado por ter um time de pessoas sêniores no quesito comportamento. Me sinto tranquilo quando, por algum motivo, preciso ficar ausente, sei que a equipe está bem encaminhada.”

Habilidades anotadas! Agora, quais são os principais desafios ao liderar uma equipe de designers e garantir a qualidade do design nos projetos? Como você os supera?

“Primeiro de tudo, trabalhamos com pessoas e cada pessoa tem um jeito. Então, cada uma delas demanda um jeito de lidar e você vai ‘pegando’ isso com o tempo. Tem pessoas que você consegue ser mais enérgico em um ponto e outras que você precisa falar de outro jeito. O maior desafio é esse relacionamento que você tem que ter com a equipe, porque cada um é UM, cada um tem sua personalidade, assim como acredito que nosso gerente também tenha um caminho de conversar com cada um de nós coordenadores.

Em resumo, acho que o primeiro maior desafio é esse, de sempre tratar as pessoas de forma que elas se sintam acolhidas e próximas a você, de que elas sintam que podem contar com você no dia a dia, inclusive quando têm algum problema pessoal. É preciso empatia para entender que esses problemas acontecem e podem afetar o trabalho.

Agora, falando sobre qualidade de design, como disse, estou com uma equipe em que confio bastante nas suas entregas. Hoje, estou cada vez mais entrando menos (risos). No dia a dia, do ponto de vista de tela e interface, entro apenas para dar minha visão em uma coisa ou outra. Nesse sentido, um grande desafio na transição de carreira de especialista para gestão de equipe é de delegar funções e confiar nas pessoas. Aprendi muito isso nessa transição de carreira. Porque, quando você faz a transição, você entrega aquilo para alguém e, querendo ou não, você tem um pouco de apego, sabe o histórico das coisas e o porquê tudo está de determinado jeito. E quando outra pessoa chega e faz diferente, você tenta direcioná-la para o jeito que você faria. Mas, com o tempo, você entende que esse ‘fazer diferente’ está tudo bem, não quer dizer que é melhor ou pior, só diferente. Talvez não faria desse jeito, mas tenho que confiar no seu trabalho. Então esse papel de ter confiança no que as pessoas da sua equipe estão fazendo é superimportante.

Lógico, quando temos pessoas com uma senioridade menor, precisamos ficar um pouco mais próximos, mas esse é apenas um ponto de vista mais técnico. Mas, conforme a pessoa vai evoluindo em nível de senioridade, já consegue entregar uma solução muito mais embasada, em que você fica até sem argumento para falar o que faria diferente. Então, no ponto de garantir a qualidade do design, primeiro é preciso entender que aquela pessoa da equipe tem senioridade para conseguir tocar o projeto sozinha e você vai acompanhando de perto.

Para garantir que o design esteja consistente, a ideia é que você consiga ‘amarrar as pontas’. São pessoas diferentes olhando para canais diferentes, mas, no fim do dia, todas precisam estar olhando para o mesmo norte. Então, do ponto de vista de linguagem, comunicação e design, meu papel é ‘amarrar essas pontas’ para que todas as entregas sejam uma solução única, e não um tipo de ‘Frankenstein’. É preciso manter a consistência e o padrão entre os canais, não deixar que cada um corra para o lado. No fim, todos do time têm autonomia, mas precisamos convergir a entrega para que seja única.

Aprendo todos os dias, ninguém nasce gestor. Daqui a um ano, espero estar muito melhor do que estou hoje, assim como há um ano sinto que evoluí também.”

Que conselhos você daria para designers que desejam expandir suas habilidades e se tornar líderes no campo do design?

“Acho que, primeiro, você precisa ter a percepção de se realmente quer liderar uma equipe, porque, mesmo sendo realizado profissionalmente, o papel do designer tem um momento ingrato na vida. Isso no sentido de que você vai evoluindo, fica cada vez melhor nas suas habilidades e daí passa a olhar mais para pessoas e menos para projetos. Então quando você se torna um designer bem refinado, larga o Figma para olhar mais para Excel. Para muitas pessoas, faz todo o sentido continuar atuando como especialista porque não querem sair desse papel de ter um entregável de design no final do dia. Mas também, com a maturidade, você aprende que, com seu histórico e experiências, pode contribuir com outras pessoas e passa a virar uma liderança.

Nunca levantei a mão para o meu papel de líder aqui, me convidaram e decidi aceitar. Nem sabia que eu poderia gostar disso, a necessidade e a oportunidade me colocaram nessa situação e então descobri.

Com isso, a dica que dou é que, às vezes, você tem que arriscar, testar se é realmente aquilo que você quer fazer. Você pode sentir que tem uma propensão a ser líder, mas, quando chega no dia a dia, percebe que não é bem como imaginava. Acho que vale a pena o risco, testar. Se não der certo, tudo bem, volta para especialista. E, quando digo ‘volta’, não é no ponto de vista de ‘voltar para trás’, não é um regresso, é apenas uma transição. Porque, na carreira em Y, as duas funções estão lado a lado, são paralelas. Você pode voltar para a função de especialista sem problema algum.

Uma vez que você decidiu que é realmente o que gosta, agora é começar a entender que você está trabalhando com pessoas, entender que cada um é um e terão dias de estresse, dias de calmaria… e você precisa ter inteligência emocional para conviver com isso. Acho que é o tipo de coisa que só se aprende com a maturidade. Por isso, dificilmente você verá um líder de pouca idade. Você precisou passar por muita coisa para criar uma ‘casca’ a ponto de ter sua equipe e garantir a tranquilidade e segurança deles.

Por isso é importante ter maturidade, inteligência emocional, entender que haverá momentos de estresse e aprender a não levar para o coração. Inclusive, falo muito para minha equipe, você precisa aprender a conviver com esses momentos e não a fugir deles. Quanto mais você vai crescendo na carreira, mais responsabilidades e cobranças vai ter, então precisa ter inteligência emocional para lidar com isso.

Não adianta deixar de almoçar, não adianta deixar de dormir e não fazer nada pensando no que tem de trabalho, porque, pensando na pirâmide de Maslow, se você não tiver seu bem-estar bem resolvido, não vai conseguir trabalhar e fazer suas entregas. Então almoce com calma, durma, descanse e entenda que os problemas sempre vão existir. Essa é a vida do adulto.” #momentoterapia

Isso foi muito terapêutico. Quais são os principais desafios enfrentados na integração de plataformas físicas com as soluções digitais? Como você aborda a criação de experiências consistentes em diferentes canais?

“Existem vários desafios. Hoje, olhamos por verticais, então temos a vertical do aplicativo, das plataformas físicas e outras. A jornada do cliente pode começar na plataforma física quando vai à uma loja. Nesse momento, ele não tem nenhuma interação com ferramenta, somente com nossa marca através do consultor. Quando o consultor acaba de digitar a proposta na ferramenta à qual chamamos de DNA, por exemplo, esse cliente começa a interagir com nossas soluções, porque ele passa pela formalização eletrônica. Então, o primeiro desafio é que nosso público é de um perfil mais vulnerável, que não tem tanta familiaridade com tecnologia, por isso a formalização precisa ser um pouco burocrática para garantir a qualidade da venda. Resumindo, nosso cliente que é de um perfil vulnerável, que tem pouca familiaridade com a tecnologia e, às vezes, possui alguma deficiência visual por conta da idade, precisa ter uma jornada muito fluida na formalização.

Daí, o próximo desafio é: como esse cliente que acabou de sair da formalização eletrônica no site começa a interagir com o aplicativo? Porque a jornada dele continua. Ao contratar o Bmg Card na loja, o consultor fez a venda do produto pelo DNA e o cliente recebeu o SMS para fazer a formalização eletrônica. Se o cliente usa o cartão para fazer compras, vai precisar acompanhar a fatura, e toda essa interação é feita pelo aplicativo. O cliente então vai precisar criar senha eletrônica, fazer um onboarding… todos esses desafios de ‘como fazer’.

Com isso, nosso papel é garantir que todas essas pontas estejam ‘amarradas’. Porque precisamos ter consistência na formalização eletrônica, que tem o objetivo de formalizar a proposta, assim como no aplicativo, que tem o objetivo de pós-venda.

Nesse sentido, o maior desafio é: o cliente transaciona entre vários canais, com várias interfaces diferentes, e tudo demanda um processo de aprendizagem. Para nós que temos familiaridade com internet é mais fácil, mas nosso cliente, que é o público de 50+, demora um pouco mais de tempo para entender como funciona e, depois que ele entendeu, mudamos o ‘como se faz’ (adicionando-o à uma nova jornada em um canal diferente).

Precisamos acompanhar a experiência do cliente de ponta a ponta, passando por esses canais. O desafio é grande e digo que é impossível solucionar tudo. Se acharmos o contrário, estaremos nos enganando. Temos que entender até onde conseguimos ir, com o tempo que temos e trabalhar com prioridades. Por isso, incentivamos muito na equipe a visita à loja. Basicamente, respirar o ar da loja, porque lá é onde está a maior parte do nosso ‘ganha pão’. É preciso estar dentro da loja para conhecer o cliente, entender quais são suas dores e conseguir traduzir isso em produtos.

Outro desafio é fazer uma ferramenta para o consultor em que ele utiliza 8 horas por dia, 26 vezes por semana e possui um tipo de interação diferente das nossas soluções voltadas para o cliente final. Mal comparando, o DNA é para o consultor como se fosse um cockpit (ou cabine de comando) de um avião — parece uma loucura, com vários botões, mas para ele é a melhor solução porque cada botão faz uma coisa, ele sabe exatamente como funciona. Então, como desenhamos uma ferramenta para o consultor e como desenhamos uma ferramenta para o cliente final é totalmente diferente. Para o consultor não precisa de tantos passos, não precisa ser metódico, mas para o cliente final sim. São diferentes mindsets.

Incrível ouvir toda sua experiência, CB, e foi ótimo ouvir sua opinião sobre esses assuntos. Antes de terminarmos, tem algo mais que gostaria de dizer?

Sim, quero fazer um convite. Primeiro, eu e minha equipe estamos sempre muito abertos caso alguém queira tirar dúvidas e/ou falar mais sobre nosso dia a dia. Então, para quem quiser, fique à vontade para nos procurar. Também, acho que tem muitas pessoas no banco que talvez tenham interesse de fazer parte um pouco disso, então, por favor, se candidatem! É só nos falar que colocamos para dentro.

Convite anotado! Muito obrigada pelas respostas e por sua participação nessa entrevista. Tenho certeza que foi muito inspirador para nossos leitores, assim como foi para mim.

Lembrando que esse artigo faz parte da nossa série de entrevistas do time de design do Bmg, onde convidamos nossos designers para responder algumas perguntas sobre vida pessoal, carreira, tendências e dicas sobre o universo de design.

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Obrigada por ter chegado até aqui e até a próxima. Take care!

Esse artigo foi escrito por Carolina Monteiro. Ela é Product Designer aqui no Bmg e está no Linkedin.

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