Conflitos religiosos e a função da religião na resolução de conflitos

Diana Bonar — PeaceFlow
4 min readJul 23, 2017

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(mos meus textos @ é usado para incluir ambos os gêneros)

Eu tenho entrado em contato com muitas discussões interessantes que abordam a resolução de conflitos e estudos da paz em muitos níveis. Desde diálogos multi atores em resolução de conflitos ambientais, elaborações de estratégias de não violência e treinamentos sobre isso; sobre a importancia da cura de traumas na construção da paz e a influência exercida pela crença de cada povo/nação em sua forma de resolver conflitos.

Eu quero compartilhar o texto no link abaixo, porque levanta algumas questões interessantes sobre as análises de conflitos. E mostra como religião e identidade andam jutas. Às vezes, aquilo que parece ser um conflito por disputa de crenças, na verdade é pela manutenção de uma identidade, que traz sentido e acolhimento. Os principios da Comunicação Não-Violenta (CNV) ajudam a compreender aquilo que está abaixo da superfície, e além dos rotulos. É muito mais simples e superficial impor títulos de “extremismo” ou “fanatismo” como forma de proteger a sua culutura, a se dispor a um diálogo que revele necessidade por segurança, identidade e reconhecimento atreladas à paradigmas tradicionais, vinculados a escritutas milenares, fato que torna ainda mais difícil qualquer mudança de percepção por parte do “rotulado”. Por exemplo, o “mundo muçulmado” percebe o “mundo ocidental” como individualista e teme que o contato com essa cultura possa minar o sentido de grupo e coletividade cultivado por séculos. A questão aqui não é uma disputa entre fieis à Cristo ou à Alah, mas uma disputa por um modus operandi de cultura, que por sua vez, afeta toda uma sociedade. Em um mundo cada vez mais globalizado, é um desafio manter raízes, raízes essas que muitas vezes são o símbolo e ação de resistência contra uma cultura dominante imperialista.

Eu não defendo nenuma tática que busque atender às necessidades de forma violenta , seja do povo/nação e do tempo que for. E defendo que é importante tem em mente o que é um “processo de desumanização” e como é fácil ser manipulado por esse processos, principalmente na presença de mídias de massa parciais e que martelam diariamente os rótulos do “inimogo”. Pois saiba que é uma tática de guerra desumanizar o seu oponente para diminuir a culpa em exterminá-lo, e dizer: “afinal não eram humanos”. Esse processo foi conduzido por Hitler contra os Judeus, entre Tutsi e Hutus na Ruanda e entre outros inúmeros conflitos. Fique muito atent@ ao seu discurso e aos discursos que você segue, porque acima de tudo esses rótulos desumanizam os “rotuladores”.

Obs. Esse processo é mostrado claramente no 5° Episódio da 3ª temporada de Black Mirror, no Netflix.

O texto em questão é interessante porque aborda os conflitos religiosos em suas diferentes facetas, ao mesmo tempo em que mostra a função da religião na resolução de conflitos. Em muitas comunidades é @ líder religios@ que ainda resguarda o poder de legitimidade para resolver disputas entre os morador@s, com poder de influência positiva na resolução de disputas. Assim como países majoritariamente budista tendem a se mostrar mais capazes de sustentar ações de não violência, como a greve de fome, por exempo.

O texto também aborda a manipulação da mídia nessas questões e o lado negativo que costuma ser exarcebado, como no parágrafo abaixo:

“Popular portrayals of religion often reinforce the view of religion being conflictual. The global media has paid significant attention to religion and conflict, but not the ways in which religion has played a powerful peacemaking role. This excessive emphasis on the negative side of religion and the actions of religious extremists generates interfaith fear and hostility. What is more, media portrayals of religious conflict have tended to do so in such a way so as to confuse rather than inform. It does so by misunderstanding goals and alliances between groups, thereby exacerbating polarization. The tendency to carelessly throw around the terms ‘fundamentalist’ and ‘extremist’ masks significant differences in beliefs, goals, and tactics.”

Fica claro como os rótulos “fundamentalista” ou “extremistas” encobertam diferenças muito relevantes em relação à crenças, objetivos e táticas. E quanto mais falharmos na conexão e comunicação, mais esteriótipos ganham força, e mais poder ganha as manipulações de poder e política. E assim, mais o conflito pode se torna real. E, por isso, é cada vez mais importante enxergamos às necessidades encobertas por rótulos e julgamentos, observar que tipo de discurso estamos proliferando e de que forma podemos contribuir com processos pacíficos, simplesmente com a escolha da palavra, tom de voz e intenção, e claro MUITA escuta de CONEXÃO.

“ Where silence and misunderstandingare all too common, learning about other religions would be a powerful step forward. Being educated about other religions does not mean conversion but may facilitate understanding and respect for other faiths. Communicating in a spirit of humility and engaging in self-criticism would also be helpful.”

Abaixo segue o link para o texto

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Diana Bonar — PeaceFlow

Mirabolando planos para mudanças sistêmicas pela não violência. Especialista em Comunicação Não-Violenta e gestão de conflitos. Fundadora da PeaceFlow.com.br