Alta performance e frustração precoce: os impactos do imediatismo na vida universitária

Diogo Barbosa
Isto Não é um Artigo Científico
3 min readDec 11, 2017

Não é de hoje que vivemos numa sociedade capitalista produtivista que impõe demandas e exige resultados cada vez mais rápidos. Como aliada, a tecnologia tem a função de tornar quase tudo imediato, desde uma discussão banal numa rede social ao consumo de notícias. Entre os universitários, o impacto é potencializado pela cobrança constante do bom desempenho.

O imediatismo deixa o presente dormente, borra o passado e bloqueia o futuro; o tempo não é mais linear. Pode ser considerado um “instante prolongado” como argumenta o professor de estudos de mídia na The New School University de Manhattan, Douglas Rushkoff. Para o especialista, essa abolição do amanhã está diretamente ligada às mídias digitais.

Ao ingressar no ensino médio, a faculdade a ser cursada precisa estar decidida pois será uma sequência ininterrupta desse estágio. Paradoxalmente, é importante ter paciência para fazer essa decisão, e isso é algo que não temos mais. “Vivemos exaustos e correndo” como afirma Eliane Brum. A jornalista, escritora e documentarista brasileira aponta que essa é a “condição humana na atualidade.”

Dentro do ambiente universitário, a cobrança é levada a níveis tão altos que nosso próprio bem estar deixa de ser uma prioridade para se tornar luxo. A pressão externa pelo desempenho potencializa a interna e tudo fica muito mais difícil. Ler textos, entregar trabalhos no prazo e avançar na carga horária do curso são obrigações e precisam ser realizadas da melhor forma possível. Para uma parcela dessas pessoas, as obrigações não se resumem ao meio acadêmico, o que exige o desempenho de uma máquina de produção.

Quando o funcionamento começa a falhar, uma sensação se aloja: a frustração. Não é o fim de um mau dia, mas um estado de espírito. É também um poderoso gatilho para a depressão e a ansiedade caso esses diagnósticos não tenham sido identificados anteriormente. A frustração transforma a faculdade num fardo pesado e sem perspectiva. Faz objetivos próximos desaparecerem, sabota os planos pro futuro. O agora já traz a certeza do fracasso que se aproxima. A graduação deixa de fazer sentido, o mercado de trabalho parece desprezar você. Todo esforço não valerá a pena.

Pode parecer intenso e angustiante, mas com planejamento e paciência é possível amenizar esse quadro. Escolher o curso com calma, pelo menos seis meses após o fim do ensino médio, optar por menos disciplinas por semestre, buscar um estágio na sua área em vez de um trabalho com carga horária maior são rotas alternativas para não ser esmagado pela pressão. Buscar terapias e entrar em contado com psicólogos são boas ferramentas. O uso de medicamentos pode causar dependência então é necessário diagnóstico médico.

É preciso educar nossas emoções e aprofundar as relações pessoais que se tornam tão superficiais para que o ritmo de vida e o padrão de produção impostos pela sociedade, apesar de não ideais, se mantenham.

Para ter uma noção maior e mais problematizada desse assunto vale super a pena conferir os seguintes materiais:

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