Ideologia de gênero

O termo ideologia de gênero surge entre a década de 1990 e os anos 2000 — os primeiros registros datam o ano de 1998 — como uma reação de grupos conservadores a certas discussões do feminismo e da sexualidade.

“Ideologia”, quando utilizada em seu sentido negativo, como neste caso, remonta à significações de senso comum que busca criar uma falsa interpretação da realidade. Algo fabricado por uma classe a fim de enganar e dominar outra.

Já o conceito de “gênero” advém do movimento feminista e é compreendido como construções baseadas nos sexos biológicos. Assim, ao se falar em “questão de gênero” se faz referência às atividades culturalmente atribuídas a eles, sendo ideias construídas com base em costumes e não nas características biológicas.

Dessa forma, a expressão “ideologia de gênero” já nasceu carregando um sentido pejorativo e, atualmente, é usada pelos setores mais conservadores da sociedade a fim de protestarem contra atividades educativas que abordem questões de gênero e sexualidade. Grande parte do temor vem tanto das fake news associadas ao assunto quanto da abordagem de questões que vão contra os valores passados pela família — terreno em que surge a argumentação de “doutrinação” das crianças.

No Brasil, esse tema tem sido recorrente após as eleições de 2018 e é muito associado a notícias falsas, criando uma atmosfera de temor na sociedade em torno do assunto. O impedimento de sua discussão prejudica a luta contra o preconceito LGBT e até mesmo o acesso à educação sexual básica (que envolve métodos anticoncepcionais, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez, etc).