O dia em que eu NÃO passei em uma Federal

Douglas Cavalini
3 min readFeb 9, 2018

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Aparentemente, o único propósito do nosso sistema educacional é preparar para o vestibular. Desde que me conheço por gente, ouço as pessoas ao me redor falando da descomunal importância de se entrar em uma faculdade. De preferência em uma pública. Mas pra quê, afinal?

Mas eu nem sei o que quero ser!”

Começando do início. Querer que alguém decida o futuro de toda sua vida profissional aos 16,17 ou 18 anos é pedir muito. Não, não se sinta mal se você estiver em duvida entre as centenas de opções possíveis, ou se até mesmo não sabe se quer alguma delas.

Escolher uma profissão sem contato prévio com a mesma torna tudo mais difícil. Em alguns países, já durante o ensino médio, os alunos têm contato com diversas oficinas de profissões das quais ele mesmo possui interesse. Corte e costura, música, economia, e por aí vai. Aí, ele tem uma ideia de como será no curso superior. E mesmo assim, a escolha segue sendo difícil.

Aqui é ainda mais difícil. Portanto, não espere magicamente descobrir a sua tal “vocação”. E também não se sinta especial por achar que já sabe o que quer. Só saberemos mesmo se escolhemos o curso muito depois. Às vezes no primeiro semestre, às vezes no último. Talvez só no estágio tu percebas que aquilo tudo não era nada do que imaginava ser. E não há nada de errado nisso

“Mas então eu não devo fazer nada?”

Talvez. É preciso considerar a escolha de não fazer faculdade. Pelo menos, não nesse momento. Mas o mais importante é compreender que esta, definitivamente não é a última etapa da vida.

E foi isso que percebi quando recebi a notícia de que eu não havia entrada em uma faculdade que queria. Não é o fim, nem de longe. Assim como não vai ser depois de ter concluído.

De novo, a vida é cheia de possibilidades. E de encontros e desencontros. Eu não duvido nada que eu mude de faculdade umas duas vezes, que eu largue um emprego bom para tentar fazer outra coisa que nem mesmo considerei um dia.

E isso não é ruim! Pelo contrário. Não viva a vida como uma via de mão única, onde tudo precisa ser de um mesmo jeito sempre. Não planeje tudo. Entenda que não fazer a menor ideia do que querer, fazer, sentir é até bom.

Escolher uma coisa é impor uma limitação. É se desfazer de algo. E talvez ainda não seja o momento de fazer isso. Mas se fizer, talvez ela não seja uma mudança definitiva.

E o tal medo de mudar?

Por último e não menos importante: sempre da pra tentar de novo. Pra recomeçar. Seja hoje ou daqui a 15 anos. Mas não confunda tentar de novo com teimosia. Tentar novamente repetindo os mesmos erros é o mesmo que não fazer nada. Faça, mas faça diferente. Mude.

Invariavelmente todos nós iremos mudar. Como já fizemos algumas várias vezes. Gostos, opiniões, tudo. Acontece que ficar no mesmo lugar sempre, é bastante confortável. Mas nem sempre é o melhor a se fazer.

Então, quando quer que se sinta desafiado, que se encontre em um cruzamento de caminhos opostos, ao menos considere virar para o outro lado. Ou de recuar e refazer algo.

Tente, erre, acerte, mude. Viva. Não se martirize por ser diferente, por ainda não ser o que você mesmo deseja a si, por estar seguindo para o lado oposto daqueles que conheces.

Aos poucos tudo se ajeita. Se não agora, mais tarde. A vida é um rascunho eterno, sem borracha. Portanto, não deixe que seus rabiscos assumam uma forma grotesca. Junte uma linha aqui, um traço ali e transforme seu desenho em arte, mesmo que ele só faça sentido para você.

No fim, a única crítica que importa é a sua.

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Douglas Cavalini

Estudante de Jornalismo que escreve uns textos sobre a vida, às vezes.