O carnaval que nos traz esperanças de dias melhores…

Darlane Batista
2 min readMar 11, 2019

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De tempos em tempos, surgem situações que unificam o povo brasileiro. De fato, nós somos uma nação unida tal qual os contratos matrimoniais: usamos quase sempre do mesmo bordão e compartilhamos de mesmas emoções, desde as alegrias até as tristezas. E foi neste conflito de emoções que o carnaval de 2019 foi marcado.

Não apenas ondas revolucionárias marcaram as plataformas sociais, como também houve uma grande politização nas ruas. Frases, músicas e fantasias que faziam sátiras ao governo Bolsonaro se espalharam pelos quatro cantos do país; e tão logo alcançaram os assuntos mais comentados no Brasil. Talvez tenha sido esse o motivo pelo qual o presidente da república discorreu, de modo tão inflamado, acerca das verdades escondidas durante o carnaval.

Mas será mesmo a folia carnavalesca definida pelas cenas de nudez as quais ele expôs? Ou será, na verdade, subliminarmente político?

Durante os quatro dias de carnaval, cenas de gentileza e empatia reinavam pelo país tropical — o maravilhoso dueto entre a pequena Stella e Alceu Valença, blocos silenciando-se para ajudar uma mãe a encontrar seu filho, abrindo caminho para um cadeirante passar… — , afinal, assim como já dizia a música, que o respeito é “a razão da simpatia, do poder, do algo mais… Da alegria!”.

Também é inegável dizer que carnaval e política não andam misturadas. Sendo este, oriundo de festas realizadas por escravos durante o período colonial, é interessante pensar em como a festa e a folia também refletem os pensamentos e valores dos grupos aos quais ela pertence. Prova disso foi o carnaval de Brasília, que em pleno regime militar, saiu às ruas ironizando acerca do fechamento do Congresso. Ou até as escolas de samba, que até hoje discutem abertamente sobre diversos temas que atendem aos grupos sociais injustiçados, como as faces do descobrimento do Brasil e o caso de Marielle.

Ah, mas de uma coisa eu tenho certeza: diferente do que o Presidente da República acha, promiscuidade nunca foi o foco do carnaval, ao contrário, como já dizia Vilém Flusser, carnaval é o tempo de tirar máscaras.

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