A influência social que atua nas nossas ações e percepções
A pressão social pode nos levar a cometer atrocidades como, por exemplo, assassinato?
É da natureza humana querer ser bem visto pelos outros. Nossa necessidade de pertencimento, de conexão, de buscar validação externa é um traço evolutivo bem forte que carregamos.
Para nossos ancestrais, ser bem visto pelos outros da tribo significava não ser excluído, o que naquele tempo, era uma questão de vida ou morte.
O poder da pressão social não é nada novo. É algo bem profundo que passa pela forma como nossos cérebros evoluíram.
Nos dias de hoje, a influência social ainda desempenha um grande papel na forma como nos comportamos. Ainda queremos ser bem vistos por todos a nossa volta.
No livro “Contágio: Porque as coisas pegam”, que trata da psicologia do compartilhamento e a ciência da transmissão social, o autor Jonah Berger fala do conceito de Moeda Social.
As roupas que vestimos, os carros que dirigimos, as músicas que escutamos e aquilo que falamos, tudo influencia o modo como os outros nos veem.
Logo, não é de surpreender que as pessoas prefiram compartilhar coisas que causem uma boa impressão a respeito delas mesmas. Compartilhamos coisas engraçadas para parecermos divertidos, compartilhamos ideias inteligentes e novidades úteis que nos fazem parecer mais inteligentes e descolados. É assim que cunhamos nossa moeda social.
Assim como as pessoas usam dinheiro para comprar produtos ou serviços, usam a moeda social para obter impressões positivas desejadas entre a família, os amigos e colegas.
Até aí tudo bem. Agora, até que ponto essa necessidade de validação externa, de obter moeda social, pode nos levar a cometer atos terríveis?
Podemos ser manipulados pela pressão social a cometer, por exemplo, assassinato?
Foi com essa chamada que um novo documentário da Netflix me chamou atenção.
The Push é um documentário/reality show que envolve a condução e manipulação de pessoas inocentes por diversas situações até o ato final de empurrar um outro ser humano do alto de um prédio.
Baseado em experimentos sociais, como o Experimento de Milgram, o “ilusionista psicológico” Derren Brown, comanda o programa que busca mostrar que com o empurrão certo (captou?), as pessoas podem ser manipuladas a cometer atos chocantes.
Sem entrar no mérito da qualidade e da abordagem final do programa em si, o que mais me chamou atenção foi essa questão de como a pressão social, a nossa necessidade de aceitação e pertencimento e todo ambiente a nossa volta, influencia dramaticamente nosso comportamento e tomada de decisão.
Em The Push, assistimos uma série de pequenas situações e escolhas que os autores conduzem o participante a tomar. Esses pequenos eventos influenciam cada vez mais na decisão seguinte.
São várias as formas de influência social abordadas durante o programa. Entre elas a do mecanismo de conformismo social, que tem como principal engrenagem a necessidade de aceitação e é a mais comum e persuasiva forma de influência social.
Em 1950, o psicólogo Solomon Asch começou a elaborar suas pesquisas acerca da pressão social exercida pelos grupos. A pergunta que ele pretendia responder era: como e até que ponto as forças sociais moldam as opiniões e atitudes das pessoas?
Os resultados do seu experimento foram impressionantes e mostram como podemos nos render a pressão do grupo. Esse é um claro exemplo de como o comportamento das pessoas à nossa volta influencia nossas ações.
E toda essa interferência do meio e das pessoas que nos cercam é, na maioria das vezes, inconsciente.
Todos nós somos mais ou menos suscetíveis a esse tipo de influência e, em tempos de vazamento e manipulação de dados pra influenciar nosso consumo e até nosso voto, é importante estar consciente desses comportamentos. Temos que estar atentos para fugir do efeito manada e da escravidão mental que é o conformismo.
Essa consciência será fundamental para diminuirmos as oportunidades de sermos manipulados pelas pessoas e o ambiente a nossa volta.
Porém, o contrário também é verdadeiro. A influência pode ser positiva. Se cercar de pessoas e atividades capazes de nos causar um impacto positivo é essencial e ajuda muito no nosso crescimento.
Costumamos ignorar o quanto as pessoas e o ambiente influencia nossas ações e percepções.
Então, se possível, escolha bem o ambiente em que vive. E isso inclui as pessoas que convive. E fique atento as formas de influência e pressão externa sobre seu comportamento.
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