Entrevista com o atacante Caio Canedo, do Al-Wasl, ex-Botafogo

EDIÇÃO ESPORTIVA
5 min readAug 23, 2016

--

Nascido em Volta Redonda, o atacante Caio começou a jogar futebol nos Estados Unidos, onde morou no início dos anos 2000. Mas, apesar da estrutura do esporte colegial norte-americano, a família voltou ao Brasil. O destino era novamente a Cidade do Aço. E com um ano na base do Voltaço, Caio se destacou e mostrou que o retorno foi acertado. A ida para o time principal não demorou e, em 2007, o atacante já estava no Botafogo, onde recebeu o apelido de “Talismã” da supersticiosa torcida alvinegra. Após passagens por clubes como Internacional e Vitória, Caio aportou no “Mundo Árabe”. Em entrevista exclusiva ao Edição Esportiva, ele, atualmente no Al-Wasl, fala sobre a torcida do Glorioso e sobre as diferenças do futebol brasileiro e eremita. E explica o motivo pelo qual ele e muitos outros não querem deixar os Emirados Árabes tão cedo: “Carrego uma responsabilidade enorme dos meus familiares nas costas. E a vida financeira aqui é agradável.”.

Você foi revelado pelo Volta Redonda, considerado o time do interior de melhor estrutura no Rio. A base num clube que oferece esse planejamento faz diferença para a formação?
Confirmo que o Volta redonda tem, sim, a melhor estrutura de clube do interior do Rio e, com toda certeza, isso ajuda bastante na formação dos atletas. Temos vários exemplos disso, como Dedé, Madson, eu, Robinho, entre outros talentos que foram revelados pelo clube. Todo atleta precisa da melhor estrutura possível para poder ter um rendimento maior. Fato! Volta Redonda faz um ótimo trabalho.

Foto: Wallace Teixeira/Agência Estado

Você virou xodó da torcida do Botafogo muito rápido, em função da fama de talismã. Você torce pelo clube? Consegue assistir aos jogos?
Torço muito pelo clube. Tive uma passagem marcante pelo Botafogo. Como todo jovem, tive altos e baixos, mas conquistei títulos. O ano de 2010 ficará pra sempre na memória. Até hoje recebo muitas mensagens nas minhas redes sociais de botafoguenses. Todas positivas. Pessoalmente também, o carinho é gigante! Fico muito feliz por isso. A torcida é apaixonada e merece tudo de bom!

E pretende voltar a jogar pelo Alvinegro um dia?
Só Deus sabe meu destino. O carinho é enorme pelo clube e pelos seus torcedores. Um dia, se o meu pensamento for voltar para o Brasil, a grandeza do Botafogo com certeza atrai.

O que você encontrou de diferente no futebol dos Emirados? O que eles têm que nós não temos?
A intensidade nos jogos. É uma correria danada, sem falar no calor. Não dá pra comparar o nível técnico de um Brasileirão com um ‘Emiradão’, mas o nível aqui subiu muito. Muitos jogadores de ótima qualidade estão chegando na liga. Éverton Ribeiro, Nilmar, entre outros, são grandes nomes, tornando a liga cada vez mais qualificada. Uma coisa que eles tem que nós talvez não temos seria o dinheiro.

Foto: Facebook

E o inverso: o que ainda falta aos árabes?
Talvez mais vontade, gana de querer evoluir. Muitos tem talento de sobra, mas rola um pouco de acomodação, talvez por não precisarem tanto. Muitos teriam a vida bem tranquila se o futebol não existisse.

Quais as dificuldades para se adaptar num local tão distante e de cultura tão diferente? Quanto tempo levou para estar totalmente à vontade?
Foi estranho positivamente comigo. Eu cheguei e já me senti muito à vontade. Todos me abraçaram. Talvez o fato de falar inglês tenha me ajudado muito, facilitando minha comunicação. Tenho facilidade de fazer amizades rápido. Com isso tudo alinhado, não tinha como dar nada errado, tudo fluiu perfeitamente.

Foto: Facebook

Em que você considera ter evoluído técnica e taticamente no Al-Wasl?
Taticamente você acaba aprendendo com cada estilo de treinador. Teve um ano no qual fiz muitos gols jogando de centroavante. Mesmo tendo um biotipo diferente de todos os centroavantes de origem, eu consegui evoluir muito taticamente nessa posição. Tecnicamente, eu creio que foi meu cabeceio. Notei a fragilidade dos árabes nas bolas aéreas, então treinava dobrado para ter uma vantagem maior sobre eles.

Uma coisa parece não ter mudado: você continua decisivo. Foram três gols que garantiram vitórias para o clube na última temporada da liga nacional. Num campeonato de 26 jogos, é uma boa marca…
Gosto da responsabilidade. Sei que depositam uma grande porcentagem dela no meu futebol. Tenho que estar sempre preparado para decidir os jogos. Esse ano promete! Anotem!

Você já manifestou desejo de permanecer no Al-Wasl. Não pretende retornar ao Brasil?
No momento, não pretendo voltar ao Brasil. Mas também não fecho as portas. Carrego uma responsabilidade enorme dos meus familiares nas costas, sei o quanto precisam de mim. E todos sabem o quanto a vida financeira aqui é agradável.

Foto: Facebook

E no futuro, Caio, tem vontade de jogar na Europa? Alimenta o sonho de defender a Seleção?
Europa é consequência de um bom trabalho. Hoje os olhos estão virados para todos os países. O futebol está muito nivelado hoje em dia. Penso em fazer uma ótima temporada novamente pelo Al-Wasl. Europa é um sonho pra qualquer jogador. Sobre seleção, entra no mesmo caminho. Fazendo um bom trabalho, aparecendo bem e chamando a atenção, dá pra acreditar. Sabemos que olham pouco pra cá, então é trabalhar dobrado, fazer o triplo de gols, e causar um impacto positivo legal.

Curta o Edição Esportiva no Facebook e acompanhe mais entrevistas e comentários sobre o esporte.

--

--