Parte 4 da série: “O outro lado da glória: o reverso da medalha da diplomacia brasileira”.
Continuidade da Parte 3: “O outro lado da glória: A difícil construção de uma diplomacia autônoma, consciente de sê-la”.
Independentemente de diversos percalços diplomáticos, das críticas sutis de um diplomata “dissidente”, como Roberto Campos, e das frustrações nacionais no sentido de se qualificar como parceiro internacional confiável e atuante — o que basicamente se deve às insuficiências de seu desenvolvimento, ou do baixo ritmo de crescimento de sua economia, afetada por virulentos surtos inflacionários que levaram o país a seis trocas sucessivas da moeda nacional em menos de dez anos –, o Brasil logrou construir, no final dos anos militares e na redemocratização, uma política externa bastante equilibrada, muito respeitada internacionalmente, assim como uma ferramenta diplomática eficiente e atenta, ambas focadas, sobretudo, na busca de autonomia completa em seu processo decisório. As duas décadas finais do século XX e as duas primeiras do século XXI consolidaram, internamente e aos olhos do mundo, uma excelência diplomática pouco igualada em termos de padrões burocráticos registrados em países emergentes, criando uma aura de prestígio que pode ter suscitado certo insulamento e alguma arrogância nos quadros da carreira profissional brasileira. …
O mundo acostumou-se a que anúncios recentes relativos à formação de grandes projetos de integração, na Ásia-Pacífico e seu entorno, sejam feitos pelo, e associados ao, Presidente Xi Jinping, da República Popular da China.
A declaração do Primeiro-Ministro do Vietnã, Nguyen Xuan Phuc, em 15 de novembro de 2020, contraria esta rotina. Naquela data — segundo noticiado — o líder vietnamita afirmou, na condição de “país anfitrião” de cúpula online, que “Tenho o prazer de dizer que, após oito anos de trabalho duro, a partir de hoje, concluímos oficialmente as negociações da RCEP (Parceria Regional Econômica Abrangente) para a assinatura”.
Segundo Phuc, a conclusão das negociações da RCEP envia uma mensagem forte ao mundo, ao “reafirmar o papel de liderança da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) em defesa do multilateralismo”. …
Abstract: Core political values change between generations, considering the ways groups of people experience economic, social, and political events. This paper will draw the voting tendencies of younger generations in order to understand shifts in the U.S political pendulum as younger people outvote elderlies at the ballots.
Today in America there are six generations: The Greatest Generation (individuals born before 1928), The Silent Generation (individuals born between 1928–1945), The Baby Boom Generation (individuals born between 1946 and 1964), Generation X (individuals born between 1965 and 1980), The Millennial Generation (individuals born between 1981 and 1996) and Generation Z (individuals born after 1997) (PEW RESEARCH CENTER, 2019). …
Resumo: O que a vitória de Joe Biden pode afetar as relações entre EUA e México? O presente ensaio busca apresentar as possíveis implicações da volta dos democratas à Casa Branca, apontando o que esperar das relações bilaterais em seus aspectos centrais.
Introdução
A vitória de Joe Biden e a volta dos democratas à presidência dos Estados Unidos apontam para uma reorientação da política externa da potência hemisférica. A postura apresentada em sua campanha sugere um retorno dos EUA às suas tradicionais linhas de ação na esfera internacional. Em sua plataforma e discursos eleitorais, Biden assumiu maior preocupação com o multilateralismo comercial, defesa de uma ordem internacional liberal e reativação do pacto transatlântico por meio da reaproximação as potências europeias. …
“The Cold War ended not with a bang but with a picnic.” (LYNCH, 2020)
O cientista político e professor de política dos Estados Unidos da Universidade de Melbourne, Timothy J. Lynch, é um dos intelectuais mais ativos no estudo da política externa americana. Em seu último livro “In the Shadow of the Cold War: American Foreign Policy from George Bush Sr. to Donald Trump”, publicado pela Cambridge University Press, traz reflexões acerca de como a Guerra Fria projetaria uma “sombra” sobre os governos americanos que se sucederam ao fim da ordem mundial bipolar.
O livro é dividido em oito capítulos, que se dedicam aos governos americanos pós-1989, com atenção maior a partir de Clinton (com capítulos duplos), uma vez que o governo de Bush Sr. já se iniciou no ano tido como o último da Guerra Fria. A conclusão (Capítulo 8) é dedicada ao governo Trump. Lynch parte da ideia de Robert Legvold, de que eras históricas tidas como “épicas” demorariam longos períodos a evanescer, de modo que seus efeitos seriam sentidos por um tempo estendido (LEGVOLD, 2016). …
A Universidade Federal de Santa Maria — UFSM informa a publicação do dossiê “História cultural e o imaginário Ocidental sobre o Oriente” da Revista InterAção. O Dossiê corresponde ao volume 11, número 2, da Revista e foi organizado por Bruno Mendelski (UNISC/IREL UnB).
A edição pode ser acessada aqui.
A Universidade Federal de Santa Maria — UFSM informa a publicação do dossiê especial “História cultural e o imaginário Ocidental sobre o Oriente” da Revista InterAção. O Dossiê corresponde ao volume 11, número 02, da Revista e foi organizado por Bruno Mendelski (UNISC/IREL UnB).
A edição pode ser acessada aqui.
Estamos acostumados a citar “velhos ditados chineses”, para explicar situações diversas. Surpreende, portanto, quando o Sr. Yang Wanming, Embaixador da China em Brasília, menciona uma linha de João Cabral de Melo Neto, na poesia “Tecendo uma Manhã”, no sentido de esclarecer a política externa de seu país.
Após recorrer à metáfora do poeta e diplomata brasileiro, de que “um galo sozinho não tece uma manhã”, o representante da RPC faz analogia com a atual inserção internacional de seu país. …
As relações entre a China e Taiwan são “entre dois Estados, pelo menos uma relação especial entre dois Estados” — para a surpresa dos que nos encontrávamos como observadores em Taipé, o “Presidente” Lee Teng-hui, assim as definiu, pela primeira vez, em 09 de julho de 1999, durante entrevista à radio alemã Deutche Welle. Agregou que Taiwan não necessitava declarar independência, pois a “República da China” já era “um país independente” desde sua fundação, em 1912.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan e autoridades locais confirmaram, imediatamente, esta nova política taiwanesa para as relações com a República Popular da China. Doravante, não haveria mais referências a “um país”. O diálogo entre Pequim e Taipé, portanto, deveria ser conduzido, a partir de então, entre entidades políticas soberanas e, não, entre um Governo legítimo e uma província rebelde, conforme a China continuava a insistir. …
Parte 3 da série: “O outro lado da glória: o reverso da medalha da diplomacia brasileira”
Continuidade da Parte 2: “O outro lado da glória: Os fracassos da primeira diplomacia republicana”
Ainda na segunda metade dos anos 1950, o grande sociólogo que foi Hélio Jaguaribe, condenava a diplomacia brasileira por ser “ornamental e aristocrática”, o que de fato correspondia à visão do mundo de muitos diplomatas, mais interessados nas minúcias da High Politics — como se o Brasil participasse dos conchavos do poder mundial — do que nos esforços mais prosaicos dos “secos e molhados”, o pequeno grupo de diplomatas “econômicos” que lutavam para conquistar melhores posições para o Brasil no comércio internacional. …