[NSFW/Conto] Manchas Vermelhas
Bom dia, boa tarde ou boa noite.
Aqui é o Edu mais uma vez. Hoje, com um conto NSFW. Não é nada suave, já aviso. E também não é o chamado “duárico”. Aqui temos dois homens meio fofos, meio creepys, meio tudo. Então, espero que gostem. Comentem. Curtam. Lambam.
É meu primeiro conto focado no NSFW, então, sejam gentis. Ou não, se não quiserem. É bom ser bruto, também.
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1
Eram todos manchas vermelhas, sabe? Naquele dia. Sol, suor e seu toque. Eram apenas isso. Insetos esmagados. Flores sem pétalas. Corpos de sangue. Eram todos manchas vermelhas.
2
Eu lembro de estar sentado, na parada de ônibus. A chuva vinha de lado, então eu tava ensopado, mesmo embaixo da parada. Eu não sabia mais o que era água da chuva ou suor.
Aí ouvi uns passos. Pesados. Vindo em minha direção. Eu enxergava pouco desde sempre. Mas agora eu via apenas manchas. E você era a maior delas. Você era cor sangue, coagulado, feito a mancha de um acidente. Você tocou no meu ombro. Senti o cheiro de canela vindo da sua boca. E ouvi você me perguntando se eu queria ajuda.
Eu não queria.
Claro, muito obrigado. Foi o que eu disse.
Qual a linha? Você perguntou. Sua voz era grossa, vinda do alto.
Eu pego a 002.
Todo dia?
Sim.
Então eu venho te ajudar amanhã também.
Eu quase disse que não precisava. Quase. Mas eu respondi com um sorriso. Um aceno de cabeça.
O ônibus chegou. Deixei você me guiar, daquele jeito desajeitado. De quem não sabe pra que serve uma bengala. Mas eu deixei. Gostei do jeito que você agarrou meu braço. Me puxou do jeito mais idiota possível.
Você nunca ajudou uma pessoa com deficiência antes. Óbvio que não. Você não era assim. Você nunca ligou.
3
O cheiro de fritura era forte. Era um dia de sol. A lanchonete do outro lado da rua tava, sei lá, testando uma fritadeira nova. O cheiro era muito forte. Quase enjoativo.
Não ajudava o médico falar que minhas alterações de humor, por causa da T, podiam piorar. Talvez eu precisasse trocar de remédios. Gastar mais. Me incomodar mais.
E o cheiro tava insurportável.
Porra.
Que dia insuportável aquele. Era um calor nojento. A parada cheia. E o ônibus atrasado.
Você também tinha se atrasado.
Alguém passou, chutou minha bengala. Talvez de propósito. Talvez. Nem pediu desculpas. Mas soltou da minha mão. Me agachei pra procurar. Tateando o chão. Alguma senhora tentou me ajudar. Eu imagino a cena. Patética. Eu me arrastando pelo chão com uma idosa. Procurando um pedaço branco de alumínio.
Ai meus dedos pararam em algo duro. Grande. De couro. E você se abaixou, pra pegar no meu braço. Me erguer do chão. Como um bonequinho. E colocou a bengala na minha mão.
Tudo bem? Você perguntou, com cheiro de canela.
Sim, eu que… fui desastrado.
Sei como é.
Ai você respirou fundo. Quer tomar um café ali do outro lado da rua? Disse.
Eu fiz que sim com a cabeça.
Manchas se afastaram enquanto andávamos. E eu me aproximava cada vez mais daquele cheiro nojento de fritura.
Entramos em algum lugar. O som de fora se abafou. O calor do sol se foi. Você me colocou pra sentar em uma cadeira estofada.
Você se sentou a minha frente.
E chamou alguém pra nos atender.
Me vê dois café preto e… o que tu quer comer, rapaz?
Mordi os lábios. Só café tá bom. E aí a pessoa se foi.
Me concentrei apenas em você. Na mancha de sangue que estava na minha frente.
Trabalha aqui perto? Você perguntou.
Sim.
E o que você faz?
Financeiro.
Eu odeio matemática.
Eu também.
Mas tu é financeiro. Não devia gostar dessa merda?
Devia. Acho. Mas só me acostumei.
Sei.
O café chegou. Coloquei açúcar e isso te fez resmungar. Você bebeu um gole demorado. E ficando em silêncio por um instante. Tudo se misturou. Cheiro de canela. Fritura. Café. Mas tentei só me concentrar em você.
E cê trabalha no quê? Perguntei.
Policial.
E você gosta?
Eu não lembro do que você respondeu, não exatamente. Mas lembro que você deu uma risadinha. Lembro que fez uma piadinha. E lembro que gostava do seu trabalho. Você se gabou. Você era o cara que ia desbancar alguma coisa. Algum jogo do bicho ou rinha de bicho. Que você tinha o dinheiro do cafezinho, mas que era honesto. Que era dos bons. Eu duvidei. Sempre. Mas eu gostava também, mais do que deveria.
4
Teve aquela vez. Que a gente tava se conhecendo mais. Sendo amigo. E eu disse que gostava de armas. Casualmente. Disse que sempre quis ter a sensação na mão. De ter mais força, de alguma forma. De ter algum controle sobre as coisas. E você riu. Riu daquilo. E me levou pra um desses clubes de tiro. O lugar fedia a pólvora e suor. Era terrivelmente barulhento. Fedor. Barulho. Luz forte. Tudo que eu odeio.
Mas aí você colocou uma pistola na minha mão. Me pegou pela cintura e me posicionou. O queixo no meu ombro. Suas mãos subiram para meu pulso.
Atira. Você disse.
E eu atirei. Uma. Duas. Cinco. Até esvaziar o pente. Até eu me dar conta do seu pau duro roçando nas minhas costas.
Tu gostou, guri?
Gostei.
Mais do que deveria.
5
Eu queria. Era óbvio que eu queria. Era óbvio que eu queria pôr a seu pau curto e grosso na minha boca. Não ligava pro pelo que tanto te deixava inseguro. Pra sua tremedeira. Sua voz incerta. E claro, não liguei quando você esporrou na minha boca. No estacionamento do clube, tudo que eu queria, era algo dentro de mim. Era algo. Era aquilo. Eu engoli. Você ainda estava duro. Continuei te massageando com uma mão. E a outra levei até o coldre. Tirei sua Glock de lá. Perguntei se estava travada. Você disse que sim. Acenou com a cabeça. Como se soubesse o que viria a seguir. E continuou acenando com a cabeça. Me olhando baixar a calça. A cueca. E esfregando o cano. Lustrando sua arma com o meu gozo. Beijando com meus lábios. Sujando ainda mais o seu trabalho. Estávamos só sendo amigos.
6
Você ficou uma semana sem me ver. Sem me “ajudar”. Imagino se você se arrependeu do que fizemos. Se já tinha feito algo assim com um homem.
De qualquer forma, eu aceitei que você não iria mais aparecer. E assim ficou por um tempo. Sem minha mancha vermelha de sangue se espalhando pelo meu mundo.
Eu senti sua falta todas as noites.
Senti raiva todas as noites..
Por quê? Você nunca explicou seu sumiço. Eu me perguntei se tinha feito algo errado. Interpretado algo errado. O que aconteceu?
7
Houve um dia. Especialmente estressante. Eu estava na parada, saí mais tarde do trabalho. Muita coisa errada pra resolver. E eu fiquei sozinho esperando, talvez, o último ônibus da linha que passaria naquela noite. Eu ouvi passos. Não erram os seus. Eram passos mais leves. Que não queriam se anunciar. Mas estavam lá. E virei a cabeça. Vi uma mancha pequena, bem de perto. A mancha pegou meu braço, colocou alguma coisa nas minhas costas. A mancha me chamou de vagabunda. Disse que era pra eu entregar o que tinha nos bolsos. A mancha gritou mais. E eu não sabia o que fazer. Eu deixei acontecer. Deixei a mancha por a mão nos meus bolsos e sem tirar a mão de lá, eu ouvi um som de estouro. Senti algo esguichando em mim. Algo quente. A mancha, presa em mim, caiu no chão e me levou com ela.
Eu torci meu pé. Ouvi um grito de alguém do outro lado da rua. E o som alto das suas botas. Ouvi você chegar.
Tentei me apoiar no chão. Tentei me levantar. Mas meus dedos esmagaram algo mole e molhado. Algo verdadeiramente vermelho sangue. Senti muito cheiro de ferro. Senti seus dedos agarrando meu braço. Me levantando e afastando a mão morta de mim.
Eu chorei. Eu chorei e deixei você me por na viatura. Me levar pra sua casa. Eu chorei de raiva. Muita raiva.
8
Você tirou minha roupa. Me ofereceu um banho. Pediu desculpas por não ter chegado mais cedo. Por não ter aparecido por tanto tempo. Você ainda estava tentando entender. Você me deixou te abraçar. Agarrei seu torso largo e deixei minha cabeça descansar na sua barriga. Grande, quente, confortável. Não sei por quanto tempo mais eu chorei. Mas foi o que fiz.
Sinto tanta vergonha. Eu disse. Eu odeio chorar.
Não tem problema. Você sussurrou, tocou meu corpo. Não tem problema, meu guri.
Eu me sentei. Você tinha me coberto com uma toalha e a deixei cair. Pedi pra você me acalmar. Pedi. Implorei.
Me faça pensar em outra coisa, qualquer coisa.
E assim você fez.
Me deitou. Abriu minhas pernas e pediu se eu queria ser beijado. Sim. Eu queria.
E assim você fez.
Até meu ar se perder. E sua boca desceu. Lambeu minhas pernas. Senti sua língua quente passeando pela minha virilha.
Tu se mijou todo. Disse. Mas vou limpar.
É. E assim você fez.
E sua língua entrou em mim. Seus lábios chuparam os meus. Senti minha boceta esquentar. Disse que precisava mijar mais. E você disse que tudo bem. Mas não deixou de me chupar. Chupou meu grelo. Dedos entraram. A outra mão apertava minha coxa. Unhas me rasgaram. Eu gozei e mijei. Sem você parar. Agarrei seus cabelos. E pedi por mais.
Até nada mais conseguir falar.
Você me deixou dormir.
E deixou a noite virar dia.
9
Eu levantei. Tateando a parede, minha mão parou em sua farda pendurada em um cabide. Mordi os lábios. Pensei em te acordar. Não. Me vesti com ela. Ficou larga em mim. Mas tudo bem. Praquilo ia servir.
Ultimamente tenho sentido mais raiva e incômodo do que o normal. O médico avisou. Procurei o coldre com a arma. No dia anterior, você me salvou com ela. Mas eu não queria me sentir assim. Um coitadinho. O mundo é marcado por manchas vermelhas. E fui até você. A maior de todas. Chupei seu pau e você acordou. Deu uma risada quando percebeu o que eu vestia. Deixei, de novo, que você gozasse na minha boca. Limpei a cabeça larga do seu pau. Tirei um que outro pelinho da boca. Então puxei a arma do coldre. Está travada, eu disse, e lambi o cano. Deixei molhado o bastante. Apertei seu pau com uma mão. E com a outra, enfiei a Glock em você. Você urrou. E sei que gostou. Suas pernas abriram e você pediu mais. E enfiei mais. E mais forte. Senti um pouco o cheiro de ferro. Sangue. E pedi se você queria que eu parasse. Mas você urrou e gritou por mais. E mais. E mais. E mais. E mais. Até seu rabo não ser nada alem de carne viva e pele ralada. Minha outra mão estava toda melada. E deixei você me ver enquanto limpava os dedos com a língua.
Você se ergueu. Respirou fundo. Pediu pra mim, tocando no meu rosto, se eu o perdoava.
Eu só pedi para que você não sumisse mais. E aí você me abraçou. Ficou vulnerável. Disse que tinha medo do futuro. Mas não era o que importava.
Você se tornou meu.
E eu ligava só pra isso.
10
As noites foram tranquilas por algum tempo. Deixei tudo como ru queria.
Eu ficava mais na sua casa do que na minha.
Não deixava você sair sem me avisar.
Não deixava você guardar segredos.
Ai um dia você disse que ia passar uns dias fora. Disse que eu podia ficar na sua casa, se eu quisesse.
Eu não quis.
Fui trabalhar também. Lá, ninguém falava muito comigo. Só o leitor de tela do computador. As vezes o rádio.
11
No almoço um pessoal cochichava. Falava de uma tal operação da polícia. Imaginei você. Como naquele dia. Estourando a cabeça de alguém.
Fui ao banheiro.
E lá fiquei por meia hora.
Me masturbando.
Pensando.
Nas manchas.
Vermelhas.
Molhadas.
Em carne viva.
Em nós dois.
12
Hoje você não veio me buscar. Mais uma vez, começo a me perguntar de novo. Fiz algo de errado?
Não.
Acho que não.
Estava tudo sob controle. Não tem porque questionar isso.
A tal operação terminou ontem, e achei que você já viria me buscar.
Mas não.
Ontem foi uma noite solitária.
Abraçado em uma farda suja. Com seu cheiro de suor. Um pouco de sangue. Dinheiro do cafezinho, você me lembrava. Tudo bem. Eu esperei. Eu e sua arma na minha boca. Na minha boceta.
Mas não era a mesma coisa.
Não era nada sem você.
E eu fiquei lá, esperando.
Outro policial apareceu. Naquela parada. Perguntou se eu queria ajuda. Era gentil. Cheirava a menta. E não era nada do que eu gostava em você. Tava na cara. Então eu perguntei.
E ele me disse. Que você até foi pra quela tal operação. E disse que você se foi. Que você se meteu com as pessoas erradas. Que elas estavam lá. Que era coisa manjada. E que você tinha pele e sangue espalhadas por metade da cidade. Que você se tornou a maior mancha de todas. Sujando meu mundo.