Prototipação (Kit Fora da Caixa)

Alex Bretas
Educação Fora da Caixa
4 min readMay 26, 2015

Toda semana, três ferramentas novas. Apoie o Kit Educação Fora da Caixa e nos ajude a continuar com esse projeto. Clique aqui para apoiar.

Fonte: Logoworks.

Tem certeza que está certo? Dica: prototipe primeiro

Prototipar é testar uma ideia. O termo surgiu nos terrenos da engenharia e da tecnologia, mas nos últimos anos foi sendo ampliado para outros campos como o design. Mais especificamente, prototipação pode ser entendido como um componente do Design Thinking, uma abordagem de resolução de problemas cujas características principais são o foco no usuário (empatia) e a necessária convivência entre caos e ordem. Momentos de confusão são entendidos como oportunidades de inovação.

Nesse contexto, prototipar é tangibilizar ideias, ou seja, trazê-las do abstrato para o mundo real. Mesmo que o protótipo seja apenas uma representação da realidade, é possível aprender com ele antes de partir para ações maiores — sempre mais demoradas e custosas.

Por quê?

“Desenvolver rapidamente um protótipo é o objetivo número um dos nossos designers. Nós não confiamos até que possamos vê-lo e senti-lo”. (Win Ng)

Não é preciso ser nenhum especialista em Design Thinking para perceber a importância do protótipo ou começar a prototipar. Na verdade, é como uma filosofia de vida: ao gastarmos muito tempo imergindo nas nossas ideias, perdemos conexão com o mundo. Por isso, ao invés de ampliar o escopo abstratamente, recortamos e reduzimos o tamanho da ação até que ela caiba nas nossas mãos. Isso significa, na prática, fazer o que é possível aqui e agora com os recursos que dispomos, sabendo que já existem centenas de ferramentas que podem nos ajudar.

A aprendizagem pela via da prototipação decorre de dois fatores:

  1. Na medida em que damos corpo à nossa ideia, moldando-a para funcionar de verdade, aprendemos;
  2. Na medida em que criamos oportunidades para o protótipo interagir com outras pessoas — inclusive com potenciais usuários — , ganhamos feedbacks e aprendemos.

Uma das principais razões pelas quais as pessoas prototipam é errar rápido. Parece piada, mas não é: a capacidade de errar rápido é uma das características mais distintas das pessoas e organizações que inovam. A premissa por trás desse pensamento é que sempre ocorrerão erros no trajeto (não somos capazes de prever tudo, e frequentemente prevemos mal). Se conseguirmos reduzir nossas pretensões de estarmos certos — abrindo espaço para um olhar de cientista — , as chances de errarmos rápido, barato e pequeno aumentam bastante. E o caminho para fazer isso é por meio do binômio prática/reflexão, a essência da prototipagem.

Como?

Fonte: Blog do Larusso. Facilitação gráfica por Vivian Dall’Alba.

Existem muitas maneiras diferentes de prototipar, mas é importante ressaltar que a princípio tudo é “prototipável”: serviços, produtos, intervenções, programas, políticas e até mesmo estilos de vida. O foco deve residir sempre no núcleo da ideia inicial, em sua essência. O que não é primordial pode ser deixado para depois (lembre-se que a melhoria virá rapidamente).

Uma das formas de prototipar é reduzir a escala. Por exemplo, imagine que o governo federal quer testar uma nova política pública voltada para a educação básica. Ao invés de implementá-la de uma vez em todas as escolas, a prototipagem reduz drasticamente o tamanho da intervenção: uma escola é suficiente. Em contextos de projeto como esse, vale mencionar ainda a diferença entre protótipo e projeto piloto: o primeiro costuma ser bem menos complexo e precisa poder ser descartado.

Dê uma boa olhada ao seu redor e procure por materiais e objetos que estejam à mão. Eles podem constituir a matéria-prima do seu protótipo caso você opte por uma simulação física. Designers de produto utilizam essa técnica frequentemente para prototipar dispositivos eletrônicos, por exemplo. Imagine testar o tamanho ideal de um tablet com os usuários: talvez um feito de papelão já dê conta do recado.

O papel também pode ser um fiel companheiro durante a prototipagem. Toda a arquitetura de interação de um site pode ser representada em algumas sequências de flipchart, e isso pode ser uma poderosa ferramenta para coletar feedbacks de pessoas que compõem o público-alvo da solução.

É possível ainda prototipar experiências. Considere o desenvolvimento de um novo serviço de atendimento ao usuário, por exemplo. A equipe pode optar por criar uma pequena encenação (role play) que encarne as principais hipóteses da ideia a serem testadas, e então apresentá-la a diferentes tipos de público.

A prototipação parte da prática para gerar insumos valiosos ao desenvolvimento de novas ideias. Antes de começar a prototipar, vale reservar alguns minutos para clarear quais perguntas se está querendo responder ao testar o protótipo. Em outras palavras, como você medirá o sucesso dos testes que serão feitos?

Ainda assim, o fazer nos revela muito do que não prevemos. Pode ser que a sua própria noção de sucesso mude…

Para saber mais:

Ver “Prototipação” (a partir da página 121).

Este texto faz parte da série especial do Kit Educação Fora da Caixa, que aborda diversas ferramentas educacionais inovadoras. Navegue no blog para ver tudo o que já publicamos.

Toda semana, três ferramentas novas. Apoie o Kit Educação Fora da Caixa e nos ajude a continuar com esse projeto. Clique aqui para apoiar.

--

--

Alex Bretas
Educação Fora da Caixa

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.