Pela propriedade e com lema pró-lucro, Netflix deixa streaming esportivo escanteado no momento em que setor explode

Eduardo Mendes
3 min readJan 25, 2023

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Até 2028, as receitas de streaming esportivo nos Estados Unidos irão bater US$ 22,6 bilhões. Atualmente, quase nove em cada dez lares americanos (87%) assinam pelo menos um serviço de streaming entre os mais de 50 OTT de esportes disponíveis.

Os dados constam no estudo feito pela Parks Associates, e foram divulgados durante o Connection Summit no início deste mês, em Las Vegas.

As novas estatísticas reforçam a corrida dos bilhões pela compra dos direitos das ligas esportivas dos EUA promovida pelas plataformas e big techs.

Porém, ainda não suficientes para derrubar a crença irretocável da Netflix sobre este mercado.

O mantra de Reed Hastings sobre propriedade e aluguel tornou-se um bordão dentro da líder de streaming para justificar por qual motivo os esportes ao vivo foram relegados a segundo plano.

“Estamos no negócio de proprietários, e os direitos esportivos são o negócio de aluguel. A economia é melhor se nós possuirmos os shows”, disse Hastings que assumirá o cargo de presidente executivo.

Para a Netflix, esportes combinam com documentários e, agora, também com conteúdos fitness, adicionados à programação, em dezembro, após uma colaboração com a Nike.

A receita de US$ 7,85 bilhões no quarto trimestre e os mais de 3 milhões de assinantes acima do esperado — no total foram 7,66 milhões de novas assinaturas, segundo a StreetAccount — são mais dois argumentos que jogam a favor da máxima de Hastings.

O discurso também está 100% alinhado com quem supervisiona as séries não roteirizadas e documentais.

Grande fã de esportes e torcedor das equipes de Washington, DC, cidade em cresceu, Brandon Riegg acrescenta ao argumento de Hastings a questão da neutralidade.

“Como não estamos presos a uma liga esportiva no momento, somos neutros e podemos contar as histórias da maneira que acharmos melhor”, disse em entrevista ao Sports Business Journal.

A imparcialidade e autonomia defendidas por Riegg sustentam as duas principais características das produções de esportes da Netflix: acesso profundo e autêntico aos bastidores.

Para o executivo, Drive to Survive e o mais recente lançamento Break Point são a prova do padrão anti clichê:

“Quando estão dispostos a baixar a guarda, é quando você consegue coisas que parecem mais autênticas.”

Ao longo de 2023, a Netflix trará outros esportes: golfe (“Full Swing”), basquete (“Bill Russell: Legend”), além de uma série sobre a Copa do Mundo e o Tour de France.

O sucesso da produção que está contribuindo para globalizar a F1 e as primeiras repercussões de Break Point não só deixam os esportes ao vivo em standy-by, como também confirmam os números satisfatórios de 2022: 231 milhões de assinaturas pagas e US$ 32 bilhões em receita.

Em uma empresa repleta de bordões para justificar operações e estratégias, o co-CEO da Ted Sarandos também deixou a sua contribuição em entrevista ao Front Office Sports:

“Não vimos um caminho lucrativo para alugar grandes esportes. Não somos antiesportes, apenas pró-lucro.”

Streaming e negócios nas duas maiores ligas esportivas do mundo

A NBA abraçaria o admirável mundo novo do streaming por US$ 100 bilhões https://rebrand.ly/79kes6x

Apple estreita relações com a National Football League (NFL) no momento em que mira o streaming esportivo e abre as portas para a Web3: https://theblockpoint.substack.com/p/this-is-what-you-it-came-for

O próprio streaming na pauta de inovações do Los Angeles Clippers liderada por ex-CEO da Microsoft: https://rebrand.ly/d136c5

Com plano de expansão global, National Basketball Association (NBA) abre turnê internacional no Japão, país asiático que gera menor audiência para a liga: https://shre.ink/muYv

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Eduardo Mendes

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