CRIATIVIDADE: A grande fronteira que separa os humanos da inteligência artificial

Eliéser de Freitas Ribeiro
4 min readJul 25, 2023

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Por Eliéser Ribeiro — Sociólogo de Dados

A criatividade, inerente ao ser humano, é o grande diferencial que nos distingue da Inteligência Artificial. Enquanto a IA pode aprender e replicar padrões, a criatividade humana é capaz de gerar ideias originais e inovadoras, quebrando paradigmas. É a nossa capacidade de sonhar, imaginar e criar que nos permite ir além do convencional, explorando novos caminhos e possibilidades. Nesse sentido, a criatividade é a nossa maior vantagem, um atributo que nos torna únicos e insubstituíveis no universo da inovação.

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Singularidade

Você talvez já tenha ouvido falar do paradigma da singularidade, conceito popularizado por Ray Kurzweil, sugere que haverá um ponto no futuro em que a tecnologia alcançará um nível de inteligência que superará a capacidade humana. No entanto, essa ideia pressupõe que as máquinas serão capazes de replicar a criatividade humana, um feito que, até agora, permanece inatingível. A singularidade tecnológica pressupõe uma IA que não apenas aprende e adapta, mas também cria e inova de maneira autônoma, sem a necessidade de intervenção humana.

No entanto, a criatividade é um aspecto profundamente humano, enraizado em nossas experiências, emoções e intuições. É um processo que envolve a capacidade de fazer conexões inesperadas, de sonhar e de imaginar — algo que as máquinas, por mais avançadas que sejam, ainda não conseguem replicar. Portanto, embora a IA possa superar os humanos em muitas tarefas, a capacidade de ser verdadeiramente criativo parece estar além de seu alcance. E, considerando o ritmo atual de desenvolvimento, essa realidade parece estar bem longe de acontecer.

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Transformer

Quando eu era criança eu tinha um carrinho transformer, adorava ele, ora ele era robô, ora era carro. Contudo, quero falar de outro transformer. O exemplo emblemático de criatividade é a concepção do algoritmo transformer, que se tornou a espinha dorsal dos sistemas de IA mais avançados da atualidade, incluindo o ChatGPT e o Bard. Esta inovação surgiu de um momento de inspiração criativa em 2017, quando os pesquisadores do Google, Ashish Vaswani e Jakob Uszkoreit, estavam buscando formas de otimizar o algoritmo de tradução do Google Translate.

Enquanto isso, um colega deles, Illia Polusukhin, estava desenvolvendo um conceito chamado “self-attention”, que tinha o potencial de revolucionar a velocidade e a maneira como os computadores compreendem a linguagem. Polusukhin, um entusiasta de ficção científica, imaginou que o “self-attention” poderia permitir que os computadores gerassem sentenças completas que representassem uma ideia ou conceito, de maneira semelhante a uma linguagem extraterrestre fictícia. Essas sentenças, então, precisariam ser decodificadas pelos humanos para serem compreendidas.

A combinação dessas ideias resultou na criação do algoritmo transformer, um marco na história da IA. Este exemplo ilustra como a criatividade humana, capaz de fazer conexões inovadoras e originais, é fundamental para o avanço da tecnologia.

Anteriormente, o Google Translate e outros sistemas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) traduziam cada palavra de uma sentença de maneira sequencial. A inovação do “self-attention” consistia em ler a sentença inteira de uma vez, analisando suas partes como um todo, em vez de palavras individuais. Isso permitia ao sistema captar melhor o contexto e gerar a tradução de maneira paralela. Posteriormente, outros pesquisadores se uniram a eles, resultando na publicação do artigo “Attention is All you Need” (https://lnkd.in/dSZBsfvg), que agora é uma leitura essencial e uma obra prima do tempo presente.

Este exemplo ilustra vividamente a distinção entre máquinas e humanos. As máquinas, por mais avançadas que sejam, não possuem criatividade e não geram insights. A verdadeira inteligência reside na criação do algoritmo e no lampejo de criatividade que o originou, ambos produtos da mente humana. O que só reforça o contexto mencionado anteriormente.

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Conclusão
Em conclusão, a criatividade, um elemento demasiadamente humano, é a grande fronteira que separa a humanidade da Inteligência Artificial. Por mais avançadas que as máquinas possam se tornar, a capacidade de gerar ideias originais e inovadoras, de sonhar e de imaginar, é uma característica única. É essa criatividade que nos permite criar algoritmos e tecnologias inovadoras. Portanto, enquanto a IA pode replicar e aprender, a verdadeira inovação e criatividade permanecem firmemente no domínio

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Eliéser de Freitas Ribeiro

Sou sociólogo de dados, mestre em Sociologia, especialista em IA, especialista em pesquisa e análise de dados. Trabalho com Python, R, SQL, Power BI, Tableau.