Inteligência Artificial além da IA gerativa: Compreendendo abordagens e aplicações inovadoras

Eliéser de Freitas Ribeiro
11 min readAug 22, 2023

--

Por Eliéser Ribeiro — Sociólogo de dados e especialista em inteligência artificial

A inteligência artificial gerativa é, sem dúvida, uma técnica de IA impressionante, mas não deve ser vista como uma panaceia universal. É fundamental observar um ótimo infográfico que pode ajudá-lo a refletir sobre as formas como os algoritmos de Machine Learning (ML) podem ser integrados nas operações comerciais e de negócios. Ele destaca as oportunidades em áreas como diagnóstico, classificação, precisão e rastreamento de indicadores, tudo isso sem recorrer à IA generativa.

Antes de saltar para a solução, é essencial identificar o problema específico que precisa ser abordado. Uma vez que o desafio seja claramente definido, você pode explorar qual abordagem ou técnica de IA é mais apropriada para a situação. Não caia na armadilha de escolher uma ferramenta antes de entender completamente o problema; é como usar um martelo procurando um lugar para bater, e você pode acabar encontrando uma janela. A aplicação imprudente de tecnologias pode levar a resultados indesejados e ineficientes, enquanto uma abordagem mais ponderada e focada pode fornecer soluções eficazes e personalizadas.

Infográfico adaptado do original de Tom Allen e Alex Wang

Vamos explorar duas técnicas cruciais de IA: Aprendizado Supervisionado e Aprendizado Não Supervisionado e suas subcategorias no texto abaixo:

1 — Aprendizado Supervisionado:

Dentro do universo da inteligência artificial, o aprendizado supervisionado destaca-se como uma técnica onde os modelos são treinados utilizando dados previamente rotulados. Nesta abordagem, o algoritmo aprende a partir de pares de exemplos de entrada e as respectivas saídas desejadas, ajustando-se para fazer previsões precisas ou tomar decisões baseadas em novos dados. Imagine uma empresa que possui registros históricos de vendas e preços; ela pode usar essa informação para treinar um modelo para prever vendas futuras. Esse treinamento guiado, com dados de entrada e saída claramente definidos, torna o aprendizado supervisionado especialmente adequado e eficiente para tarefas onde o objetivo é claramente delineado e as previsões são essenciais.

1.1 — Machine Learning (ML)

Machine Learning (ML) é uma vertente especializada da inteligência artificial (IA) centrada no desenvolvimento de algoritmos capazes de assimilar informações e reconhecer padrões a partir de conjuntos de dados. Em vez de serem explicitamente programados para realizar uma tarefa específica, esses algoritmos são treinados usando grandes volumes de dados e algoritmos adaptativos. No mundo empresarial, o ML tem aplicações abrangentes. Por exemplo, pode ser empregado para prever tendências de vendas, combinando análises de registros históricos, flutuações sazonais e variáveis econômicas. Em CRM, o ML pode otimizar a experiência do cliente, adaptando ofertas baseadas no histórico e preferências do usuário. A versatilidade do ML é evidente na variedade de dados que ele pode processar, desde números e categorias até textos e imagens, abrindo portas para soluções inovadoras em marketing, operações, vendas e gestão de riscos.

Photo by Markus Spiske on Unsplash

1.1.1 — Máquina de Vetores de Suporte (SVM)

A Máquina de Vetores de Suporte (SVM) é uma técnica avançada e central de Machine Learning que desempenha um papel crucial em tarefas de classificação e regressão dentro da inteligência artificial. A sua principal característica é a utilização de um hiperplano para separar de forma ideal as classes de dados. Esta separação precisa é o que torna o SVM tão valioso para negócios. Quando aplicada, por exemplo, na análise de comportamento do cliente, a SVM é capaz de discernir sutilmente entre compradores frequentes e ocasionais, considerando nuances em características como idade, histórico de compras e preferências. Esta capacidade de segmentação granular torna-se uma ferramenta poderosa, habilitando as empresas a desenvolverem estratégias de marketing e vendas altamente personalizadas e eficientes.

1.1.2 — K-Nearest Neighbors (KNN)

O K-Nearest Neighbors (KNN) é uma técnica primordial no universo do aprendizado de máquina, destacando-se pela sua abordagem intuitiva e eficaz em tarefas de classificação e regressão. O cerne do KNN repousa sobre o princípio de que pontos de dados semelhantes tendem a se agrupar. Esta característica é particularmente valiosa em negócios; por exemplo, ao analisar padrões de compra, o KNN pode identificar e agrupar clientes com preferências análogas, facilitando recomendações de produtos precisas. Ao avaliar variáveis como histórico de compras, preferências de produtos e comportamento de navegação, o KNN permite uma experiência de compra profundamente personalizada e otimizada, tornando-o uma ferramenta indispensável para a maximização da satisfação do cliente.

1.1.3 — Regressão

A técnica de regressão é uma ferramenta fundamental e poderosa no domínio da IA, destacando-se por sua capacidade de estabelecer relações claras entre variáveis e fazer previsões acuradas. Em um cenário empresarial, sua aplicação é vital. Por exemplo, ao analisar a relação entre gastos com publicidade, preços e condições econômicas, a regressão pode prever com precisão as vendas futuras. Os dados cruciais para este processo englobam séries temporais de vendas, métricas de marketing e indicadores econômicos. Com a regressão como aliada, empresas obtêm insights profundos que guiam o planejamento estratégico, facilitando decisões bem fundamentadas e uma alocação de recursos mais eficiente.

1.1.4 — Árvore de Decisão (Random Forest)

A Árvore de Decisão destaca-se como uma técnica essencial e visualmente intuitiva no universo da IA aplicada aos negócios. Utilizando uma estrutura arbórea para representar uma série de decisões e seus possíveis resultados, ela oferece uma visualização clara de múltiplos cenários. Um exemplo notável de sua aplicação é na análise de risco de crédito, onde, com base em variáveis como renda, emprego e histórico de crédito, a Árvore de Decisão classifica os candidatos, garantindo decisões de crédito mais informadas. Ao trabalhar com dados demográficos e financeiros, esta técnica transforma complexidades em insights claros, otimizando a avaliação de riscos e identificação de oportunidades no mundo empresarial.

1.2 — Aprendizado profundo (Deep Learning)

Deep Learning é uma subcategoria de Machine Learning que emprega redes neurais com várias camadas (ou profundas) para modelar padrões complexos nos dados. Essa técnica é notável pela sua capacidade de aprender automaticamente características representativas dos dados sem necessidade de engenharia manual de características. No contexto de negócios, Deep Learning pode ser aplicado em diversos domínios. Por exemplo, pode ser usado na análise de sentimentos de clientes, interpretando comentários e avaliações em mídias sociais. Em logística, pode otimizar rotas de entrega através da análise de tráfego e condições climáticas. Os tipos de dados analisados são diversificados, incluindo texto, imagens, séries temporais e dados estruturados. A flexibilidade e potência do Deep Learning permitem a criação de modelos altamente adaptativos e precisos, tornando-o uma ferramenta valiosa na tomada de decisões de negócios.

Photo by charlesdeluvio on Unsplash

1.2.1 — Rede Neural Convolucional (CNN)

A técnica de Rede Neural Convolucional (CNN) é uma abordagem de IA em negócios especializada em processar dados visuais. Por exemplo, pode ser usada no controle de qualidade em uma linha de produção, detectando defeitos em produtos através da análise de imagens. Os tipos de dados analisados são principalmente visuais, como fotografias e vídeos. Essa técnica automatiza e acelera a inspeção, garantindo a qualidade e eficiência dos produtos, sem a necessidade de inspeção manual demorada e propensa a erros.

1.2.2 — Redes Neurais Recorrentes (RNN)

Redes Neurais Recorrentes (RNN) são uma categoria especial de redes neurais usadas em IA que são particularmente eficazes para lidar com sequências de dados. Ao contrário das redes neurais tradicionais, as RNN têm conexões de feedback, permitindo que a informação persista e seja passada de um passo na sequência para o próximo. Isso as torna ideais para tarefas como análise de séries temporais e processamento de linguagem natural. No contexto de negócios, uma RNN pode ser usada para prever tendências de mercado com base em dados históricos ou para análise de sentimentos em avaliações de clientes. Os tipos de dados incluem séries temporais, texto e qualquer forma de dados sequenciais, tornando as RNN uma ferramenta poderosa e versátil.

2 — Aprendizado Não Supervisionado:

O aprendizado não supervisionado é uma abordagem na inteligência artificial que trabalha com dados não rotulados, buscando identificar padrões e estruturas ocultas sem qualquer orientação ou instrução pré-definida. É uma forma de aprendizado mais exploratória e autônoma, pois o algoritmo deve inferir as relações e a estrutura dos dados por conta própria.

Um exemplo comum de aprendizado não supervisionado em um contexto de negócios é a análise de registros de compras de clientes. Sem categorias ou segmentos pré-definidos, o algoritmo pode identificar e agrupar consumidores com interesses e comportamentos similares. Técnicas como a clusterização K-means e a análise hierárquica são frequentemente usadas neste contexto.

Essa abordagem é especialmente útil quando não se tem conhecimento claro das categorias ou grupos que podem existir nos dados. Ela permite que as organizações descubram insights inesperados e nuances que podem não ser evidentes através de métodos tradicionais. Além disso, o aprendizado não supervisionado pode ser uma etapa valiosa no pré-processamento de dados, ajudando a reduzir a dimensionalidade e a destacar os recursos mais importantes antes do uso de técnicas de aprendizado supervisionado. É uma ferramenta poderosa para exploração de dados, segmentação de clientes, detecção de anomalias e muitas outras aplicações em diversos setores de negócios.

2.1 — Clusterização

A técnica de Clusterização, no contexto de IA para negócios, é um método não supervisionado que agrupa dados semelhantes em clusters. Por exemplo, pode ser usada para segmentar clientes em grupos com base em comportamento de compra, preferências e demografia. Os tipos de dados analisados podem incluir histórico de compras, interações online e informações de perfil. Essa abordagem permite que as empresas entendam melhor seus clientes, personalizem ofertas e desenvolvam estratégias de marketing mais direcionadas e eficazes.

Photo by Mel Poole on Unsplash

2.1.1 — Técnica de Hierarquização

A técnica de Hierarquização, no contexto de IA para negócios, é um método especializado de clusterização que organiza os dados em uma estrutura hierárquica ou árvore. Diferente de outros métodos de agrupamento, ela cria uma representação multinível dos dados, onde cada nível representa uma categoria e subcategorias. Por exemplo, pode ser utilizada para categorizar produtos em uma loja online, agrupando-os em categorias amplas como “Eletrônicos” e, em seguida, subdividindo-as em subcategorias como “Smartphones” e “Computadores”, baseando-se em características e semelhanças como preço, marca e especificações. Os tipos de dados analisados podem ser diversos, incluindo atributos quantitativos e qualitativos. Esta abordagem não apenas facilita a navegação e busca por parte dos clientes, mas também ajuda na gestão de inventário e na análise de padrões de compra, melhorando tanto a experiência de compra quanto a eficiência operacional do negócio.

2.1.2 — K-means

A técnica K-means é um método de clusterização não supervisionado em IA, amplamente utilizado em negócios para segmentar dados em k grupos distintos, onde k é um número predefinido. A técnica funciona através da seleção inicial de k centroides e, em seguida, atribui cada ponto de dados ao centróide mais próximo, iterativamente atualizando os centroides até que a solução convirja. Por exemplo, pode ser aplicada para segmentar clientes em diferentes grupos com base em características como gastos, frequência de compra, preferências e comportamento de navegação. Os tipos de dados analisados podem abranger transações, interações com o site, dados demográficos e mais. Essa segmentação permite às empresas direcionar campanhas de marketing de maneira mais precisa, alinhando ofertas e comunicações às necessidades e interesses específicos de cada grupo, resultando em uma abordagem mais personalizada e eficiente.

2.2 — Redução de dimensionalidades

A técnica de redução de dimensionalidade, no contexto de IA para negócios, envolve simplificar um grande número de variáveis em um conjunto menor, mantendo as informações essenciais. Por exemplo, pode ser usada em análise de clientes para condensar diversas características em componentes principais, facilitando a visualização e análise. Os tipos de dados analisados podem incluir idade, renda, histórico de compras e preferências. Essa abordagem aumenta a eficiência do processamento, reduz o ruído e ajuda na identificação de padrões e tendências significativos.

2.2.1 — Análise de Componentes Principais (PCA)

A técnica de Análise de Componentes Principais (PCA) é uma abordagem de redução de dimensionalidade usada em IA para negócios. Ela transforma um conjunto de variáveis correlacionadas em componentes principais independentes. Por exemplo, pode ser aplicada na análise de mercado para sintetizar diversas métricas financeiras em fatores principais, facilitando a interpretação. Os tipos de dados analisados podem incluir vendas, lucros, e taxas de crescimento. A PCA ajuda a revelar as estruturas subjacentes dos dados, melhorando a compreensão e a tomada de decisões.

Photo by Clay Banks on Unsplash

2.2.2 — t-Distributed Stochastic Neighbor Embedding (t-SNE)

A técnica t-Distributed Stochastic Neighbor Embedding (t-SNE) é um método sofisticado de redução de dimensionalidade em IA, particularmente eficaz na visualização de dados de alta dimensão em um espaço bidimensional ou tridimensional. Diferente de outras técnicas, o t-SNE preserva a semelhança entre os pontos de dados, minimizando a divergência entre distribuições probabilísticas em diferentes dimensões. No contexto de negócios, pode ser aplicada para visualizar e interpretar padrões complexos de comportamento do cliente, agrupando clientes similares com base em variáveis como histórico de compras, interações na web e preferências. Os tipos de dados analisados podem ser multifacetados e ricos em informações. A aplicação do t-SNE descomplica as complexas relações de dados, traduzindo-as em insights visuais, o que auxilia as empresas na criação de estratégias de marketing mais segmentadas, personalizadas e eficazes, adaptadas às necessidades e comportamentos específicos dos clientes.

2.2.3 — Fatoração de Matriz Não-negativa (NMF)

A técnica de Fatoração de Matriz Não-negativa (NMF) é uma abordagem especializada em IA para negócios que decompõe uma matriz em duas matrizes de menor dimensão com valores não-negativos, preservando as características essenciais dos dados. Esta decomposição facilita a análise de padrões e características, já que reduz a complexidade dos dados, mantendo a informação relevante. Por exemplo, na análise de sentimentos de avaliações de clientes, a NMF pode ser utilizada para identificar tópicos e tendências dominantes, agrupando comentários semelhantes. Os tipos de dados analisados podem ser variados, incluindo texto, avaliações e feedback dos clientes. Ao aplicar NMF, as empresas podem extrair insights valiosos a partir de grandes conjuntos de dados, revelando padrões ocultos que proporcionam uma compreensão mais profunda das preferências e necessidades dos clientes, o que é crucial para estratégias de engajamento e personalização eficazes.

3. Conclusão

A aplicação da inteligência artificial (IA) nos negócios envolve uma variedade de técnicas, cada uma com sua especificidade e aplicação. Desde métodos de aprendizado supervisionado como SVM e KNN até técnicas não supervisionadas como Clusterização, Hierarchical, K-means, além de métodos de redução de dimensionalidade como PCA, t-SNE e NMF, cada abordagem tem sua utilidade e exemplos de aplicação. No entanto, o elemento crucial para o sucesso na implementação dessas técnicas é a compreensão clara do problema de negócio que se deseja resolver. Identificar o desafio específico permite que a organização selecione a técnica mais adequada, maximizando a eficácia e eficiência. A escolha imprudente de uma técnica sem entender completamente o problema pode levar a resultados indesejados e ineficientes. Portanto, o entendimento do problema é o primeiro passo vital antes de se destacar a técnica mais apropriada.

Contato Eliéser Ribeiro Linkedin

Mais textos do autor no Medium:

. Desvendando a IA generativa. Clique aqui.
.
O peso do primeiro gol: uma análise dos gols do Brasileirão de 2014 a 2022. Clique aqui.

· Programa de 5 passos para mitigar efeitos de vieses em produtos digitais desenvolvidos com reconhecimento facial Clique aqui

. Qual o mecanismo de funcionamento do ChatGPT? Clique aqui

. Desvendado o algoritmo de navegação Clique aqui

· 6 coisas que não te falam sobre startups que fracassaram Clique aqui

· Salvando o futuro Clique aqui

--

--

Eliéser de Freitas Ribeiro

Sou sociólogo de dados, mestre em Sociologia, especialista em IA, especialista em pesquisa e análise de dados. Trabalho com Python, R, SQL, Power BI, Tableau.