Postal do Rio — um paraíso para a Física?

Elton Wade
3 min readJun 17, 2018

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Vista para o Pão de Açúcar do CBPF no Rio de Janeiro. (Cortesia: Herman Pessoa Lima)

Por Matin Durrani no Rio de Janeiro

Tendo voado quase pela metade do mundo de Bristol para o Rio, você pode pensar que há pouco em comum entre a cidade natal de Physics World e a metrópole brasileira.

Mas na minha visita ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) no Rio hoje, logo ficou claro pelo físico estatístico Constantino Tsallis, que hospedou minha visita, que há de fato uma ligação entre as duas cidades. Essa conexão é do físico brasileiro César Lattes, que foi o diretor fundador do CBPF.

Como Tsallis me explicou, Lattes tinha trabalhado no final dos anos 1940 na Universidade de Bristol com Cecil Powell, com o par descobrindo a partícula conhecida como méson-pi. Powell ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1950, embora Lattes (por algum motivo) tenha perdido o prêmio.

Lattes retornou ao Rio em 1949 para dirigir o novo CBPF, que desde então se tornou um dos principais institutos de pesquisa em física do Brasil (se não o melhor).

Com vista para os teleféricos subindo e descendo do Morro da Urca — a colina que é um ponto de parada para o ainda maior Pão de Açúcar — o CBPF é certamente um lugar bonito para ser um físico, especialmente em um dia como hoje com o Sol. Queimando. O prédio também tem fotos antigas de físicos que tiveram ligações com o laboratório, incluindo Richard Feynman, que fez várias visitas ao Brasil no início de sua carreira.

Em seu livro Certamente você está brincando Sr. Feynman! O grande teórico escreveu uma descrição devastadora dos problemas enfrentados pela educação física no Brasil , onde os estudantes no país eram ótimos em decorar problemas de física por rotina, mas pareciam ter pouca compreensão prática das consequências das coisas que haviam aprendido.

Mas, sentado em seu escritório, Fernando Lazaro — o atual sucessor de Lattes como chefe do CBPF — acha que ainda há desafios para a educação em física no Brasil. O problema, segundo todos os relatos, está em grande parte com a falta de professores de física de boa qualidade, com salários baixos sendo um grande prejuízo para atrair estudantes brilhantes para a profissão. Outra grande questão é que não é possível para os físicos, mais tarde em suas carreiras, treinar novamente como professores, a menos que voltem e façam um curso completo de quatro anos em ensino de física. Isso certamente está fechando a porta para potenciais recrutas.

Como Lazaro explicou para mim, ele pode ensinar alunos de 18 anos fazendo um curso de física, mas seria ilegal ensinar física aos mesmos alunos de 18 anos de idade na escola nas semanas antes de irem para a universidade.

Certamente você está brincando com o professor Lazaro?

Matin Durrani é editor da revista Physics World

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Elton Wade

A INTERPRETAÇÃO QUÂNTICA E RELATIVÍSTICA DA NATUREZA - As Ciências Naturais e a Matemática no Mundo Atual. CONSCIENTIZAÇÃO DO ESPECTRO AUTISTA.