EMBALAGEM MERAMENTE ILUSTRATIVA

Uma revisão sobre a estética dos produtos da era industrial

Renan Castro
3 min readFeb 24, 2015

Acreditamos no que ja fora dito: o design nasceu com o firme propósito de por sentido na bagunça da era industrial.

Em uma sociedade que dava seus primeiros passos em direção as gôndolas, exercer o poder de compra se alastrou como uma verdadeira epidemia nas últimas décadas. Ao mesmo tempo, a linha de produção em massa e a chegada da publicidade, acabou desandando não só com a qualidade, mas também com a função e a beleza das mercadorias.

Gelatina Santa Amália foi o produto escolhido para experimentação de redesign de identidade visual

Foi a partir dessa introdução da família nas relações de comércio, que observamos os agentes da comunicação passarem a adotar uma mesma fórmula como padrão estético para divulgar os bens de consumo: fotografias que tentavam retratar cada produto assim como ele era (seja em rótulos, embalagens ou anúncios). Mas, lamentavelmente, conforme avançamos com as técnicas de manipulação, todo item ou peça comercializada no mercado, acabou tendo uma representação bem menos condizente com a realidade. As indústrias passaram a abusar das letras miúdas e imagens meramente ilustrativas; desde pacotes de biscoito, sanduíches fast-food ou propaganda de margarina. Deixou-se tudo mais pomposo, mas tecnologicamente falso.

Baseado no senso comum, muitas vezes sabemos que estamos sendo enganados. E para cada marca que segue a mesma receita, lá se vai pelo ralo a oportunidade de ir contra a poluição visual encontrada nas prateleiras. Daí, que finalmente abrimos espaço para aplicar esses conceitos enraizados em nossa cultura, juntamente com o papel do design gráfico.

Convenhamos: identidade visual cabe em todo lugar, por mais simples ou banal que tal objeto pareça. Até mesmo uma caixinha de gelatina de framboesa.

Ao longo do tempo, gostamos de deixar claro que para toda marca que existe, o projeto pressupõe de uma linguagem visual. No desenvolvimento de qualquer identidade, devemos procurar uma harmonia entre os diversos elementos de determinada marca, por mais instintivo que seja. O resultado no mínimo, tem que agradar aos olhos de quem vê.

Se observarmos o padrão utilizado pela publicidade, o verdadeiro conteúdo raramente chega próximo do que vemos na capa. Mas, lamentavelmente, acostumamos a comprá-lo assim mesmo.

É por isso que temos esse caso da marca Santa Amélia. Uma reformulação feita com base naquilo que realmente interessa em uma identidade visual.

Na embalagem, nada de retratos ou da coisa propriamente dita. É melhor recorrer ao minimalismo dos ícones que funcionam tão bem como uma placa de sinalização. Apesar de parecer deveras simplista, a informação se torna visualmente agradável, e principalmente, definindo o ponto de partida para a construção de marca.

“Com essa proposta, o intuito é buscar uma identificação que muda até mesmo o que esta no entorno do produto, permitindo que o simples ato cotidiano de se deparar com uma embalagem de gelatina, possa ser uma experiência bem mais interessante e sincera.” acredita o escritório de design responsável pelo projeto, folia dos reis.

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Renan Castro

Escritor da NewOrder.in onde publica ensaios + textos sobre processo criativo, comportamento de consumo & comunicação. Estratégia & Insights na Mutato.