Cachoeiro: de volta aos trilhos da cultura
Revitalização de grandes espaços públicos e ações culturais no município chamaram a atenção mostrando um lado da cidade que estava escondido há tempos
Sul do Estado do Espírito Santo, Capital Secreta do Mundo ou simplesmente Cachoeiro de Itapemirim, a Terra do Rei Roberto Carlos. Distante 139 quilômetros até a capital estadual, Vitória e se localiza a 1,188 quilômetros de Brasília. Estão situados sobre qual região estamos falando? Muito bem!
Pode-se dizer que a cidade vive uma das suas melhores épocas — em termos de aparência e organização. O prefeito do município, Victor Coelho (PSB), decidiu botar a casa em ordem neste último ano do seu primeiro mandato.
O começo dessas mudanças surgiu por meio de projetos de revitalização que foram executados ainda em 2019, como obras de drenagem, pavimentação asfáltica e a construção de muros de arrimo em regiões vulneráveis de Cachoeiro. Logo após, algumas iniciativas culturais e artísticas foram criadas no final do ano passado, através do lançamento de editais, por parte da Prefeitura Municipal, a fim de levar uma nova imagem às ruas e oferecer mais cultura ao cidadão cachoeirense.
O edital consistia do seguinte termo: atrair a atenção de artistas independentes da região sul do Estado para realizarem intervenções artísticas nos muros, escadarias e praças públicas em estilos de pintura mural, grafite etc. A iniciativa contou com o apoio de diversos empresários locais e, também, com o patrocínio de lojas de tintas.
Dentre as iniciativas culturais, a direção municipal organizou o evento “Cachoeiro canta ao Rei”, com o intuito de reviver e homenagear os momentos de ouro nas músicas de Roberto Carlos, por meio de encontros e sarais literários na casa onde o astro viveu, e dialogar sobre o convívio do artista quando ainda morava em sua cidade natal.
A arte dessa escadaria representa o rosto da heroína capixaba, Maria Ortiz. Os degraus ligam as ruas Brício Mesquita e Antônio Guido. A mulher é uma personagem marcada na história do Espírito Santo, foi considerada protagonista no episódio da expulsão de invasores holandeses no século 17, na então Vila de Vitória.
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult), equipes da Secretaria Municipal de Obras (Semo) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Semdurb), se encarregaram do lançamento do programa, como também da divulgação dos projetos vencedores e as datas de execução dos trabalhos, além da reforma de praças e plantio de mudas em determinadas regiões.
Uma das principais mudanças visuais que o projeto proporcionou foi na região da Linha Vermelha, um importante acesso de diversos bairros ao centro da cidade. A localidade também abriga um terminal de ônibus municipais e intermunicipais com intensa movimentação. O município capixaba também é conhecido pela antiga linha ferroviária da Leopoldina, via férrea que conectava a cidade à capital do Estado e ao Rio de Janeiro. Ela foi responsável pelo escoamento da economia regional do início do século passado até meados dos anos 1980, baseada no café e no transporte de passageiros, o que alavancou o desenvolvimento da região.
Por isso, um outro ambiente que ganhou a atenção de equipes da Prefeitura foi a praça Visconde de Matosinhos, localizada nas proximidades do Museu Ferroviário Domingos Lage (antiga estação). O local teve a sua calçada ampliada e recebeu paisagismo com plantas, além de um reforço na iluminação e vaga para veículos oficiais (segurança e emergência).
A praça de Fátima, um ambiente frequentado por famílias, principalmente aos domingos, foi ornamentada para o Natal em novembro passado. Havia muito tempo que ela não ficava com o seu interior rico em luzes e detalhes.
O viaduto da rua Dr. Raulino de Oliveira, que fica sobre a rua Estrela do Norte e foi reformado em 2018, é mais um espaço urbano que recebeu intervenções artísticas. No local, foram feitas pinturas que remetem ao esporte e à história da cidade, além de melhorias em paisagismo. O projeto foi elaborado pela Secretaria Municipal de Modernização e Análise de Custos (Semmac).
A “praça do táxi” também foi outro espaço público visado pelos artistas. O nome oficial é praça Guilherme Guimarães, localizada no Centro, mas poucos a conhecem por este nome. O local ganhou uma pintura com base no trabalho do artista argentino Carybé (1911–1997), para o livro “Uma viagem capixaba”, obra do escritor cachoeirense Rubem Braga (1913–1990), onde ambos registraram, com textos e ilustrações, as histórias e as características principais do Espírito Santo.
Vale lembrar que a cidade possui um teatro municipal, inaugurado em abril de 2000. O espaço herdou o nome do ilustre cronista cachoeirense, Rubem Braga.
O espaço vinha sendo usado semanalmente, com mais atrações do que nunca, mas, infelizmente, foi afetado pela grande enchente do rio Itapemirim em janeiro deste ano. Antes do imprevisto, o teatro estava prestes a completar seus primeiros vinte anos de existência e tinha uma programação especial reservada para todo o mês de abril em comemoração ao aniversário de inauguração.
Fontes: Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, Jornal Fato, Folha Vitória, Jornal Dia a Dia ES e aquinoticias.com