From: me @ 2015

Estaleiro Liberdade
7 min readDec 3, 2015

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To: me @ 2020+

Entre uma apresentação e outra, entre uma reunião e outra, entre uma ligação e outra, entre uma hora no trânsito e outra, entre uma brincadeira e outra, entre uma cerveja e outra, entre uma conversa e outra, eu fiz esse texto. Tudo corrido, como tem sido pra todo mundo.

Essa é apenas uma forma de registrar tudo o que encontrei por aqui no Estaleiro Liberdade e os assuntos que, de alguma forma, venho me questionando e que mereceram minha atenção até o momento. E, de quebra, organizar um monte de informação para futuras consultas.

O texto é longo e funciona como uma carta para mim mesmo. Para registrar o que aconteceu e que está acontecendo na chance de servir de parâmetro no futuro e entender o passado.

Por sinal, toda crítica construtiva é bem-vinda mas é importante frisar que não tenho a pretensão de ajudar nem ensinar ninguém. E sempre vale lembrar o poeta:

Espalhei meus sonhos sob seus pés. Caminhe delicadamente, porque você caminha sobre meus sonhos.

*Se quiser, clica na playlist que fiz para acompanhar o texto e aumenta o som.

Déjà Vu

A primeira coisa que me ocorreu no MVP que rolou aqui no Rio foi aquele momento: “putz, já vivenciei isso”.

Aí, me dei conta que essa sensação de “nossa, tudo faz sentido” e “é isso que estou buscando” já tinha rolado igualzinho num período de (mais ou menos) 7 anos ou, como são conhecidos, no ciclo de um setênio quando tinha feito um coaching biográfico. E aí, os pontos começaram a se conectar.

A única certeza é a mudança.

Se o coaching serviu para me apresentar aos setênios e, na época, me recolocar no mercado de trabalho e a mudar de emprego; no Estaleiro eu tive a convicção de que a única coisa constante nessa vida é a mudança.

Quando essa ficha caiu e, quando você percebe o que vem pela frente (porque você já viveu isso), é um momento único.

No início é estranho, depois começa a incomodar, fica desconfortável até se tornar, extremamente, insuportável.

Nessa hora você percebe que precisa checar os valores, rever os conceitos e se conectar com tudo aquilo que contribui para determinar como você está naquele momento e, por consequência, a melhor definição de quem você é e aquilo que te faz único, individual.

Mas tudo dá certo no final. Você sai mais maduro, mais forte e mais consciente das suas escolhas.

Terapia individual x terapia de grupo

Outra grande diferença com o processo de coaching é passar por essa reflexão com um grupo de 17 pessoas que estão, literalmente, juntos, no mesmo barco. Não estar sozinho significa muito.

E, de todas as conversas, com tanta gente interessante de diferentes backgrounds e vivendo momentos de vida distintos, as questões parecem ser as mesmas.

Estamos anestesiados

Estamos doentes. Ansiosos, deprimidos. Nos alimentamos mal, nos relacionamos mal, nos comunicamos mal, compramos compulsivamente, oportunamente, explorando datas (haja cores e causas para tantas mensagens publicitárias imediatistas) e queimamos recursos de maneira inconsequente e temos medo. Muito medo.

*Mas também tem gente pensando em como mudar isso e criando muita coisa boa.

Crise. Que crise?

Economia é expectativa. Essa é uma frase óbvia mas que demorei muito tempo para entender. E penso que somos diretamente afetados por essa expectativa, fruto do que os "formadores de opinião" acreditam que devemos saber e sentir.

Já não assino o jornal faz tempo, não vejo televisão aberta (e muita pouco tv a cabo) e isso me faz um bem danado. Para mim funciona o método que chamo de “alienação seletiva por opção”: (1) escolher a dedo as fontes que me acompanham e me informam e (2) saber a quantidade e momento em que vou consumir essas informações.

Como tomar uma decisão importante em tempos de crise

Por sinal, qual é o momento para tomar qualquer grande decisão que envolva risco?

Existe uma data boa e/ou certa pra acabar namoro, pedir demissão, dar uma notícia ruim para alguém, começar um negócio do zero?

Acho que não. E fica a dica do nosso querido Benja:

“Aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança.” (Benjamin Franklin)

Nunca fomos tão conectados mas nunca estivemos tão só.

Somos afetados por toda sorte de informação numa escala global mais rápido do que conseguimos processar. Conflitos, questões culturais complexas acabam sendo demasiadamente simplificadas e, equivocadamente, reduzidas a esteriótipos e posições extremas como “gosto”x“não gosto”, “amo”x“odeio”, “coxinha”x“petralha”.

Essa polarização que pode ser resumida em “nós” x “eles” nos afasta e elimina qualquer chance de construir um diálogo e de buscar uma solução consensual. Ninguém tem saco para ouvir e enxergar o mundo com outra lente; nem que seja por um momento. Todo mundo quer falar, ninguém quer escutar.

Podemos mudar o mundo…

Nós podemos ser a primeira geração a ter sucesso em acabar com a fome e a pobreza; assim como também pode ser a última a ter uma chance de salvar o planeta.

“To whom much is given, much will be expected.” — Luke 24:12
“With great power comes great responsibility.” — Uncle Ben (Spider Man)

…mas nunca tivemos tantas escolhas. E isso gera uma paralisia.

Pelo excesso de opções, quando tomamos uma decisão, longe de sentir satisfação, ficamos ruminando (continuamente) se escolhemos o melhor caminho. Em 100 possibilidades, ao escolher uma, optamos por deixar 99 de lado.

O processo de decisão e de tomada de decisão ficou mais angustiante com tantas opções. Ainda mais se pensarmos que, em última análise, a vida é uma série de escolhas.

E isso gera uma brecha para oportunistas de toda sorte.

Desconfie do over promise.

Não existe atalho. Coaching é uma maneira excelente de você se autodescobrir, ferramentas são essenciais e ajudam pra caramba mas não existe atalho, não tem fórmula de “faça isso e receberá aquilo.”. Não acredite que um profissional, seja ele quem for, vai te entregar tudo bonitinho, formatadinho num passo-a-passo que é replicado com várias pessoas e que você será o próximo case de sucesso. Não existe essa de padronizar pessoas. Ao menos pela minha experiência.

Qual o sentido disso tudo?

Qual o meu papel no mundo? O que vou fazer nesses 30.000 dias por aqui?

No meu caso e, obviamente, só posso falar por mim, a ficha caiu quando, recentemente, fui pai. As questões me incomodavam mas era tudo muito solto não tinha “pé nem cabeça”. Ainda não cheguei lá, não tenho um propósito definido de forma clara e cristalina mas acredito que mudei bastante desde que entrei no Estaleiro. E tenho a certeza que vou mudar ainda mais daqui pra frente. Mas as coisas parecem estar se encaixando; hoje, já consigo vislumbrar um caminho.

Entre chamas, corcovas, rugidos e choro

Acredito estar vivendo uma metamorfose com profundos questionamentos internos em busca de uma atualização para uma melhor versão de mim mesmo.

Afinal, não tem jeito. Tem um hora que é mais forte que você; seu corpo já não te permite violentar a si mesmo ou as suas convicções e a decisão fica mais clara. Não mais fácil, mas clara, óbvia. E, ao mesmo tempo, dá um frio danado na barriga. Frio que é assustador mas libertador. Porque, mais uma vez, você sabe que vai ter que sair da zona de conforto mas você vai se sentir vivo.

Porque você, aparentemente, vai estar perdido mas essa é a única maneira de se achar.

Thomaz M.

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Algumas referências que inspiraram esse texto e que foram compartilhadas nesse tempo de Estaleiro Liberdade:

Roman Krznaric

Bene Brown

Projeto Draft

Box 1824

Kirby Ferguson

Série da Forbes sobre Modelo de negócios

Bernardo Toro

Uncollege

Curta animado sobre o Poder da Empatia

Educação Descontruída

Introdução à CNV

Estamos destraídos

Arquitetando conversas *(Guto Gutierrez)

An Incomplete Manifesto for Growth

Hell Yeah or No (Resumindo a porra toda):

Se dinheiro não existisse

Mas afinal, o que é inteligência?

Seu trabalho também não está a fim de você.

A volta ao mundo em 13 escolas.

VLEF — Vai Lá e Faz (livro gratuito na versão pdf)

Gustavo Tanaka

Estudo sobre empatia

The best career advice (Fast Co.)

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Estaleiro Liberdade

O Estaleiro Liberdade é uma escola de empreendedorismo por autoconhecimento. Só que pirata.