Sérgio Moro: de cabo eleitoral do golpismo, rumo ao STF e agora, entra na linha de sucessão de Bolsonaro

Estevam Vieira
4 min readNov 1, 2018

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Sérgio Moro, o “herói” anti-corrupção, agora ao lado do Onyx Lorenzoni (braço direito de Bolsonaro na Câmara), Alberto Fraga e Magno Malta, num governo apoiado por Roberto Jefferson e Eduardo Cunha. Não foi golpe não, foi muito golpe.

O convite a Sérgio Moro para ser ministro da Justiça (o “superministério” que reúne Justiça, Segurança Pública, Transparência e Controladoria-Geral da União e Conselho de Controle de Atividades Financeiras [COAF]), já havia sido acertado por Paulo Guedes e Bolsonaro bem antes da eleição. Quem afirma isso é o vice de Bolsonaro, general Mourão que não é bobo nem nada (com essa declaração, Mourão tenta “desgastar” desde já e em certa medida, a imagem e credibilidade de Moro, além do judiciário perante a opinião pública. Por outro lado, o “sim” de Moro talvez obrigue os golpistas envergonhados a reconhecerem sua imparcialidade com o teatro do golpe e talvez fortaleça o argumento da oposição, principalmente petista, para atacar a Lavo Jato, acusando-a de estar a serviço de projetos eleitorais).

Bem, Sérgio Moro foi responsável pela quebra de sigilo dos celulares usados pelo ex-presidente Lula — uma medida arbitrária — na véspera dele tomar posse na Casa Civil. Depois, Sérgio Moro condena e prende Lula, nas vésperas das primeiras pesquisas para Presidente. Sérgio Moro interrompe suas férias nos EUA e Europa para emitir um despacho ilegítimo (por telefonema!) a PF contra a soltura de Lula. Sérgio Moro, uma semana antes do inicio do primeiro turno das eleições, quebra o sigilo de parte da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci, tendo como objetivo a desmoralização política do PT as vésperas das eleições e como alvo principal Lula. Sérgio Moro aceita convite para Ministério da Justiça do Governo Bolsonaro. Bem, este é só um brevíssimo retrospecto recente das movimentações de Sérgio Moro, o que nos mostra desde o inicio o seu comprometimento e fidelidade com os arquitetos do golpe e a imparcialidade da Lava-Jato. Sérgio Moro é um juiz que agiu diversas vezes criminosamente para derrubar uma presidenta, destruir um ex-presidente impedindo sua legítima candidatura às eleições. É um juiz que guiou sua atuação por interesses estritamente pessoais. Seu novo cargo para 2019, apenas é explicável como pagamento pelos bons serviços prestados aos golpistas. A posse de Sérgio Moro será marcada pela concentração de tanto poder na sua mão e isso não é um bom sinal; aliás, concentração de poder na mão de poucos ministros será a marca do futuro governo.

O que esperar de Sérgio Moro e deste “superministério” nos próximos periodos?

Sérgio Moro aprofundará aquilo que já vem fazendo, a aniquilação das forças, partidos e líderes da esquerda. Ele será o algoz dos movimentos sociais daqui pra frente. Como na Colômbia, as lideranças de esquerda serão assassinadas e acusadas de terrorismo, tudo sob administração e controle do judiciário (as elites trocaram as fardas, botas, fuzis e capacetes pela toga). Aprofundará a parceria e aliança irrestrita com os EUA e Israel, dos neofascistas Trump e Netanyahu: ele terá o papel de impedir que os organismos internacionais apliquem e executem sanções ao Brasil por sua agenda de violação aos Direitos Humanos, necropolítica e repressão generalizada. Outra coisa: Lula representa a última grande liderança da esquerda brasileira e nestes últimos anos, não conseguimos forjar uma nova liderança, ou referencia. Esta necessidade está em aberto e Moro vem com a convicção para cumprir uma tarefa, que nas palavras do blogueiro Renato Rovai seria: “salgar a terra onde podem vir a brotar novos líderes sociais”.

Moro na linha de sucessão de Bolsonaro:

Bolsonaro anda a dizer que não tem a intenção e não concorrerá a um segundo mandato em 2022. O interessante é que já circula entre o núcleo duro da equipe de Bolsonaro, a ideia de Moro para a linha de sucessão (quem traz esta noticia de bastidor é a jornalista da Folha de S.Paulo, Monica Bérgamo).

Ou seja: por seus excelentes serviços prestados ao golpismo, vai ganhar seu quinhão com uma vaga no STF e em cerca de dois anos, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, ele poderá vir a despontar, também, como futuro presidenciável.

Por fim — Moro veio daquele grupo de jovens advogados, que recém formados e em busca de status, também são extremamente ambiciosos, inteligentes e loucos por um lugar ao sol (como muitos advogados e hoje procuradores na PGR por exemplo), que estudaram no exterior e voltaram ao país pensando em serem bem sucedidos na vida. Foi a “pobreza política” do país que os alçou à condição de gurus e operadores do golpismo. Deitou com o diabo, fez sua parte na trama do golpe e hoje sua ambição o levou a lugares inimagináveis.

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Estevam Vieira

Estudante de História (lutando para se formar). Nacionalista ferrenho. Escrevo aqui sem pretensões, apenas reflexões pessoais.