Opinião: Netflix entendeu que transmissão ao vivo é diferente

Plataforma apresentou travamentos durante a exibição do evento entre Paul x Tyson

Gabriel Alcantara
3 min readNov 19, 2024
Netflix foi a última das grandes empresas de mídia a embarcar nos eventos esportivos. Foto: Reprodução/Netflix

Nem a maior empresa no ramo de streaming se salvou de problemas. Na última sexta-feira (15), feriado de Proclamação da República no Brasil, a Netflix transmitiu a maior luta de repercussão midiática do ano, entre Jake Paul e Mike Tyson.

A luta foi o primeiro grande evento esportivo exibido pela plataforma, que já transmitiu alguns eventos menores de golf e tênis, testando a nova empreitada em eventos esportivos ao vivo.

A plataforma anunciou em suas redes sociais que a luta principal entre Jake Paul e Mike Tyson atingiu 60 milhões de lares e 108 milhões de pessoas assistindo globalmente ao card da Most Valuable Promotions, gerenciada pelo ganhador do combate, o Jake Paul.

Taylor x Serrano, que valia vários cinturões de campeã mundial e tinha maior peso no boxe profissional, teve 50 milhões de casas que acessaram ao combate.

Mesmo com a massiva audiência, vários usuários no X (antigo Twitter), relataram problemas durante as transmissões, alegando travamentos e quedas na qualidade da exibição.

A Netflix chegou tarde na briga pelos eventos esportivos. E no final tinha uma razão por conta disso. É a pioneira no mercado de streaming e por isso, priorizou pela qualidade do serviço e usabilidade. As novas plataformas sempre se inspiram e querem trazer qualidade semelhante.

Transmitir evento ao vivo é muito diferente de passar uma série ou filme sob demanda, na hora que quiser. Depende de vários servidores específicos, os chamados CDNs, que trafegam esses dados e ligam a conexão entre o link do serviço de streaming e o usuário.

A DAZN, seis anos antes da Netflix, inovou em passar lutas de boxe somente na internet e passou os mesmos problemas, com uma quantidade infinitamente menor de assinantes, no ínicio de sua plataforma nos Estados Unidos.

Com os anos, foi entendendo as exigências de engenharia necessárias para uma estabilidade no streaming ao vivo. E hoje tem um modelo de não só concentrar na assinatura padrão. Justamente um dia após o evento entre Paul x Tyson, a DAZN passou o card latino da Riyadh Season totalmente de graça, sem a exigência de pagar uma assinatura ou pay-per-view.

DAZN trasmitiu evento de boxe gratuito um dia após o grande evento da Netflix. Fotos: Reprodução/DAZN

Após grandes resultados de audiência e problemas para alguns usuários, a Netflix vai precisar ajustar rapidamente os erros para atender as novas exigências da empresa, que entrou com tudo no mundo esportivo.

O próximo evento ao vivo será a rodada de Natal da NFL, daqui a um mês. Kansas City Chiefs contra Pittsburgh Steelers e Baltimore Ravens, enfretando Houston Texans. Dois grandes jogos que valem vaga aos play-offs, rumo ao Super Bowl.

E a partir de janeiro de 2025, o serviço exibirá a WWE em um acordo de 10 anos, valendo US$ 500 milhões por ano.

É a hora de entender as diferenças que exigem as transmissões globais. A Netflix agora sabe que concentrar milhões de pessoas ao mesmo tempo, em um único evento, é o novo desafio da empresa para se sair bem no mercado de streaming, que cada vez mais fica competitivo.

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