O amor não precisa ser complicado – não dá pra romantizar a dificuldade

A gente nasce, romantiza amores difíceis, cresce, romantiza amores difíceis, se reproduz, romantiza amores difíceis, morre e romantiza ao som de Love Story (Taylor’s Version).

Louise Wine
3 min readMar 16, 2021

Por boa parte da vida, nós, mulheres, somos acostumadas a histórias de amor meio tortas. As que perduram entre milhares de brigas, crises e traições, sendo contadas por centenas de capítulos de novela. Também nas telonas, entre a pipoca e o refrigerante, a gente assiste com normalidade as pseudo comédias românticas de quem começa uma história de amor perpassada pelo ódio.

Essas histórias moldam o que a gente acha certo na vida real, em que os conflitos extremos são tidos como parte comum da rotina. Ciúme exacerbado? Ok. Desrespeito pela privacidade? Tudo bem. Manipulação e agressão verbal? De boa. Assim a gente aceita como normais atitudes problemáticas que destroem a nossa autoestima e nos fazem enxergar a relação em 240p.

E não precisa esperar que um biscoito da sorte te diga. (Reprodução/Instagram @thiagosian)
E não precisa esperar que um biscoito da sorte te diga. (Reprodução/Instagram @thiagosian)

Dizem que aprender com os próprios erros é bom, mas com os dos outros… Eu chamo de ápice da inteligência. Tudo se torna mais ou menos como um cursinho de dores, das quais a gente vai aprendendo a não ter, ou batalhando para passar longe. No amor, esse exemplo cai muito bem. Digamos que a gente veja amigos próximos com relacionamentos conturbados, gente colocando em prática o ditado “dois bicudos não se beijam” e fazendo a vida um do outro como uma live action do inferno.

Tem casal também que a gente sabe que um quer esquecer o ex-relacionamento, outro é casado e mantém um flerte-date pra satisfazer o ego e por último quem está num namoro em que não aguenta mais ouvir a voz da pessoa mas se satisfaz com o comodismo. Por que mesmo a gente escolhe os amores difíceis?

Se acostumar é destrutivo. Pra todo mundo. (Reprodução/Instagram @thiagosian)
Se acostumar é destrutivo. Pra todo mundo. (Reprodução/Instagram @thiagosian)

Acredito que nós nos apegamos demais às jornadas de heróis e queremos repeti-las fielmente. Algo como se gabar das grandes dificuldades impostas para finalmente amar essa pessoa. Não tomou um copinho de veneno porque eu tomei também? Absurdo. Não me deu um beijão quando eu tava com o pé na cova? Lamentável. Não pegou meu sapato perdido e foi me procurar no reino inteiro, quer dizer, na cidade inteira? Ineficiente, puts.

Depois que eu meti as caras e vivi meu primeiro amor de verdade, amor de adulto, nunca agradeci tanto como hoje. Sério, às vezes refletir sobre as bagunças amorosas ao meu redor me deixa ainda mais aliviada por ter um amor simples. Não que isso me faça melhor que os outros, jamais. No entanto, isso me faz perceber o quão raro é viver na simplicidade. Não que dê pra estar num mundinho cor-de-rosa 100% do tempo, mas que alívio é poder não ser bombardeado num relacionamento que deveria ser sua fonte de paz, né?

Sempre é possível escolher a leveza de um amor simples (Reprodução/Instagram @thiagosian)
Sempre é possível escolher a leveza de um amor simples (Reprodução/Instagram @thiagosian)

Então se você se identificou com isso tudo que eu falei acima, e está vivendo um amor difícil, escuta a dica da Lou: avalia bem se esse amor te faz mais triste que feliz. Perceba se ele te deixa mais angustiada que tranquila, mais ansiosa que leve. O que tira sua paz não vale a pena. O que constantemente te diminui não vale a pena. Perguntar o tempo todo se vale a pena… Meio que não vale a pena. No fundo, bem no fundo, a gente sabe quando agrega, quando faz a gente crescer e sorrir. Talvez a gente não reconheça, mas sabe.

--

--

Louise Wine

Jornalista. Cantora. Compositora. 24h em criação. Curiosa. Inquieta.