A simplicidade da vida

Pâmela Marques
2 min readOct 26, 2017

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A vida parecia tão mais simples há quinze anos atrás. A gente combinava de conversar sentado na calçada, tocar um violão na pracinha ou apenas ir à sorveteria. O relógio não corria tão depressa. Estar com o outro era mais prazeroso. Abraçar o amigo que há muito não víamos era incrível. A gente sentia saudade e ligava, sentia saudade e batia à porta, sentia saudade e fazia de tudo para estar.

Só que o tempo passou, a tecnologia veio e as coisas “evoluíram”. Minhas aspas à evolução se mantém por acreditar que regredimos consideravelmente. Escondemos nossos sentimentos por atrás das telas, trocamos o calor humano por caracteres, sorrisos foram substituídos por emojis. Olho para nós há quinze anos e tenho saudade de ser com o outro. De tocá-los, de amá-los, abraça-los. A tecnologia vem nos engolindo. A vida do outro nos atraem e passamos a admirá-la como se fossem vitrines.

A vida parecia tão mais gostosa há quinze anos atrás. A gente sabia a importância de ser e estar com alguém. Nós olhávamos nos olhos do outro enquanto conversávamos, nós comíamos e saboreávamos os nossos pratos, nós estendíamos alguns minutos mais, porque a conversa estava gostosa. Nós sabíamos amar a simplicidade e transparência do outro.

Sinto medo de olhar para as vitrines alheias e desejar, tão somente, aquela vida para mim. Tenho receio de perceber que estou vivendo em função das conquistas alheias e deixar os meus sonhos de lado. A gente olho o outro sendo feliz nas redes sociais e esquecemos que todos têm seus dias cinzas. Que nós não nos iludamos com o azul do mar da Grécia ou com a beleza de Paris e suas luzes. Que compreendamos que a vida é muito maior do que postagens de good vibes e sorrisos em outros países.

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