Rafael Buarque Montenegro
2 min readJun 8, 2017

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Jana, vi um amigo poeta e pesquisador da área de Letras dizendo esses dias que com tantas oficinas e cursos de escrita criativa “ensinando a ser escritor” logo precisaríamos de uma oficina onde se ensinasse a “ser leitor”. Eu (para o bem ou para o mal) nunca gostei de cursos de escrita. Não acho que se aprende a ser escritor. Ou se é ou não se é. Muita gente esquece disso e acaba gerando a demanda que você fala no texto. Vejo muitas pessoas na minha timeline, jovens pessoas autoras, que na maior parte do tempo estão mais preocupadas com marketing do que com escrita de fato. Ou que escrevem pelos motivos errados, leia-se views, cliques, fama, dinheiro, e por isso correm atrás dessas “fórmulas mágicas do sucesso”. Posso ter falado besteira, mas acho que é um problema de geração. Nós, millenials, somos em geral uns fudidos e a internet e sua instantaneidade só piora a situação. Queremos tudo pra ontem e achamos que merecemos o que queremos. Só que como você disse, a vida real não é bem assim. Escrever, como pintar, é um trabalho solitário, é o trabalho de uma vida, e nada garante reconhecimento. Por isso que hoje meu primeiro conselho para pessoas autoras que estão iniciando é: se você puder ser outra coisa, seja. Esqueça essa história de escrita e vá fazer outra coisa (Já copiei esse conselho de outro amigo autor). Mas se você não pode, mergulhe de cabeça e não espera nada de volta. Apenas conte suas histórias. E como eu não posso ser outra coisa - já tentei muito, de verdade - vou capengando e tentando sobreviver.

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Rafael Buarque Montenegro

Escritor, jornalista e produtor audiovisual. Aqui no Medium escrevo contos, artigos, reportagens e outras divagações literárias.