Máximo Gorki, o escritor rebelde

Expressão Popular
4 min readDec 19, 2016

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Aleksei Makímovitch Piechkóv, o escritor conhecido como Maximo Gorki.

Aleksei Makímovitch Piechkóv (1868–1936), escritor consagrado com o pseudônimo de Máximo Gorki, o Amargo, nasceu em Níjni-Novgorod, na Rússia, e representou a transição da literatura naturalista e realista do século XIX à literatura socialista do século XX.

A vida e o contexto histórico em que viveu determinou a entrada de novos personagens revolucionárias na literatura russa. Durante a monarquia czarista, sua família viveu a decadência econômica da pequena burguesia, e, com a morte precoce dos pais, aos 7 anos de idade, o garoto órfão se iniciou na vida amarga e dura do povo russo.

Sem que pudesse ser sustentado, saiu de casa em busca de trabalho, vagou por cidades e campos, conheceu de perto os personagens de suas histórias: camponeses, operários, marinheiros, desempregados, moradores de rua, prostitutas, estudantes, etc.

Aos 9 anos, foi lavador de pratos de um navio, estivador, padeiro, jardineiro, fazendo inúmeros amigos com quem compartilhou a leitura de diferentes tipos de literatura. Com esperanças, procurou a universidade de Kazan, mas foi rejeitado por ser um trabalhador pobre.

Aproximou-se do movimento “naródniki”, de valorização da cultura camponesa, mas não conseguiu identificar-se com seus princípios políticos. Mais uma vez a amargura tomou conta de sua vida, quando tentou suicídio com revólver. Ferido no pulmão, ele sobreviveu, mas obrigado a conviver para sempre com doenças como a tuberculose.

Continuou suas viagens por terras longínquas, conhecendo profundamente todas as culturas do povo russo, quando publicou seus primeiros em jornais contos com personagens retiradas dessa realidade e foi preso por suspeita de atividades políticas de oposição à monarquia czarista.

Anton Tchekhov, em 1900, com Máximo Gorki, em Yalta.

A prisão o aproximou de militantes revolucionários e da teoria marxista. Seu estilo sincero e crítico foi rapidamente reconhecido pelos leitores. Constituiu família e viveu a fama de grande escritor, ao lado de Tchekov e Tosltói. Com o dinheiro, apoiou os movimentos revolucionários e colocou sua literatura a serviço da revolução socialista.

Leon Tosltoi com Gorki em Iasnaia Poliana.

Sofreu novas perseguições, censuras, prisões, conheceu a deportação, mas sua fidelidade à luta do povo russo o tornou ainda mais querido e popular. Perdeu o título de membro da Academia de Ciências, seção de Literatura, por ordem do czar, mas ganhou apoio dos escritores progressistas.

Greve dos operários da fábrica Putilov, em 1905, ano do ensaio geral da revolução soviética.

Ao estrear na dramaturgia, ainda sob pressão da censura, ganhou notoriedade no exterior. Por isso, ao ser preso mais uma vez em 1905, a campanha internacional forçou o governo a libertá-lo. Fundou com os bolcheviques, facção do Partido Social-Democrático Russo, o jornal Vida Nova e procurou no exterior apoio financeiro para a revolução.

Lênin em visita a Gorki, em Capri, 1908, joga xadrez com Bogdanov.

No exterior, entrou em desacordo com Lênin sobre questões religiosas, mas assim que a revolução russa foi vitoriosa, em outubro de 1917, passou a participar ativamente da construção da cultura do governo soviético.

Com Tosltoi, durante inauguração de biblioteca soviética.

No Estado, organizou atividades literárias e a publicação de a coleção de obras internacionais. Depois da morte de Lênin, passou pela pressão do governo Stalin para a formatação de um estilo único de arte, o realismo socialista, perdendo muito da força de sua literatura inicial.

Nesse período, valorizou a formação de uma frente internacional contra o avanço do fascismo. Sua morte, em 1936, aos 68 anos, foi atribuída, mais recentemente, a um suposto envenenamento que poderia ter sido feito pela polícia política stalinista.

Edição de “A Mãe”, de Gorki, em russo.

Principais obras de Gorki, em ordem cronológica:

1897- novelas Konovalov, Malva, O casal Orlóv, Os ex-homens;

1899- Fomá Gordieiev;

1901- peça Os pequenos-burgueses;

1902- peça No fundo;

1904- peça Os veranistas;

1906- peça Os inimigos;

1907- A MÃE;

1908- Vida de um homem inútil; Uma confissão;

1909- A cidadezinha de Okurov; Vida de Matviéi Kojemiákin;

1914- Páginas de um diário; autobiográfico, Infância;

1916- autobiográfico, Ganhando meu pão;

1922- novela Sobre o primeiro amor;

1923- autobiográfico, Minhas universidades;

1924- Páginas de um diário;

1925- O negócio dos Artamonov;

1925–1936- Vida de Klim Sámguin;

1931- peça Iegor Bulitchóv

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