O mundo precisa de mais escritores de ficção científica.

Nossas histórias de futuro estão atrasadas.
A tecnologia é uma das pernas que fez a humanidade caminhar. A outra, a imaginação.
Falo da capacidade de enxergar acima das muralhas técnicas.
Um exemplo. A humanidade criava sua máquina de voar, e, os foguetes já existiam, na ficção. Não conseguíamos sequer sair do chão, mas a lua já era nossa. Mundos inesperados, máquinas ímpares… E, olhando à frente, nos preparávamos.
Mas, você conhece o clichê: o mundo mudou!
Hoje, a tecnologia FAZ tecnologia.
A inteligência, mais artificial que nunca, constrói inteligências mais precisas e rápidas.
E diante da velocidade técnica, já não temos os arautos da imaginação a criar clarões.
A ficção científica é um pomo de luz que dá flashs hipotéticos em meio à neblina.
O mundo precisa de autores que apontem sua luz longe na escuridão. Lon-ge.
Hoje, as leis são lentas, pois a filosofia é reativa à engenharia. E isso é tão útil quanto faróis apontando para dentro do carro.
É preciso discutir ética e estética antes, muito antes, dos fatos, de fato.
Vivemos tempos em que advogados e médicos são atropelados por historiadores.
A ciência não avança como poderia pois as discussões certas estão sendo feitas no tempo errado: depois.
Sofremos por decisões simples, pois não previmos que elas seriam necessárias.
Nunca discutimos o carro autônomo, o algoritmos de indicação, as bolhas ideológicas… nunca houve ficção de impacto sobre estes e tantos outros temas.
A ficção já foi, e precisamos que ela seja outra vez, um farol que sinaliza ilhas, recifes e praias, em tempo hábil para decidir nossa direção.
Escritores, a humanidade precisa de vocês. Tomem as telas. Sejam assunto.
Precisamos enxergar e discutir as regras de mundos ainda não construídos.
Outro mundo chegará!
Próteses inteligente, máquinas sensíveis, algoritmos criam livros, biotecnologia. Tudo está chegando.
A engenharia avança. E a ficção, atrasada, é trazida de arrasto.
Reage, ficção!
