South by Southwest: como sobreviver no melhor festival de conteúdo do mundo

Fabricio Vitorino
5 min readMar 28, 2016

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O South by Southwest é o maior festival de conteúdo do mundo. Desde 1987, é na simpática Austin, Texas, que as tendências são ditadas e que os melhores do mercado trocam conhecimento, divididos em quatro circuitos: Educational, Interactive, Music e Film. Empresas como o Foursquare e Twitter apareceram para o mundo no SxSW. Hanson, John Mayer e White Stripes também são “crias” de lá. Ah, e sabe a Adele? Pois é. Em 2007, ela também cantou em Austin. Para 4 pessoas… (Já Amy Winehouse tocou para um pouquinho mais).

Logo, estar no South by Southwest — simplesmente “South by”, para os mais íntimos — virou um objetivo pessoal. E após alguns anos batendo na trave, decidi que 2016 seria o ano. Afinal, completo 10 anos de Globo.com, sendo seis como editor de capa do portal e quatro como editor-chefe do TechTudo. Merecia esse “presente”.

SxSW: Brasil, com Z, também está lá (Foto: Fabrício Vitorino)

Optei pelo Interactive, circuito que discute as tendências na produção de conteúdo. Sem discriminação de mídia, lá falamos, em altíssimo nível, de TV, jornais, revistas, sites, Snapchat, Twitter, Facebook, Periscope e praticamente toda plataforma — conhecida ou não. Afinal, em qual outro evento você pode conversar com gente do New York Times, Vox Media, The Verge, Mashable? Onde mais você pode ver ícones como Joel Sartore, Dan Rather e Anthony Bourdain?

South by Southwest, by the numbers (The New York Times, 10/03/2016)

Então, se você já conhece o South by (ou se está sendo apresentado a ele agora), tenha em mente o mantra “duas pessoas não vivem o evento da mesma forma”. E isso é verdade. Para ilustrar, tive a companhia constante do fera Felipe Menhem (cujos textos sobre o SxSW recomendo), e por vezes, parecíamos que estávamos em dois festivais diferentes.

Também, pudera: por dia, são cerca de 300 opções de eventos — entre painéis, sessões, mesas e encontros — em 150 lugares diferentes, por toda a Austin, que atraíram cerca de 350 mil pessoas, em doze dias de evento. Esse ano, inclusive, tivemos a participação de Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, e a primeira dama, Michelle Obama. Percebam a importância que o SxSW ganhou.

Nos melhores momentos, lembro de Joel Sartore, da National Geographic e Dan Rather, maior âncora de TV da história; um interessantíssimo painel sobre uso sem limite do WhatsApp no Brasil, por Fernanda Saboia, da Huge; outro sobre a humanização das histórias, com um trio da Vox Media, Refinery 29 e Hearst Magazines Digital Media.

Também destaco a dupla de social media da CIA — agência de inteligência americana -, que fez um inacreditável painel; em outra sessão, discutimos a liderança nas newsrooms e a diversidade na produção de conteúdo.

Nos últimos dias, um superpainel sobre como produzir reviews, com gente da Wirecutter, Slashdot e do The Verge; também estudamos as técnicas dos tabloides, o futuro dos comentários na internet e como trabalhar com dados.

E estes são apenas os melhores momentos. Foram exatamente 21 sessões assistidas, em cinco dias de evento. Fora os papos fora das salas, nos corredores, bares, hostel, ônibus e esquinas texanas. Uma avalanche de informação que, se não for minuciosamente documentada, tende a perder-se no tempo e no espaço.

Por isso, nesse primeiro texto, deixo aqui meus mandamentos para viver bem no South by Southwest:

1 — Cada um faz seu evento. Duas pessoas não vivem o SxSW da mesma forma. Logo, converse com o máximo de gente que puder;

2 — Tente chegar um dia antes do evento. As filas para credenciais são gigantescas no primeiro e segundo dia;

3 — Aliás, reserve hotéis e passagens aéreas com muita antecedência. Austin é pequena, mas transporte público não é seu forte. Logo, estar em um bom “ponto” é essencial;

4 — Planeje, planeje, planeje. Olhe os circuitos, as sessões, entre em todas as descrições. Ainda que sejam quase 500, vale olhar uma a uma. Os nomes, cargos e experiências dos painelistas não ficam expostos;

5 — Separe ao menos meia hora para deslocar-se entre os lugares. Entenda também que, para alguns, é preciso mais tempo;

6 — Tenha sempre um plano B. Aquela palestra que você quer muito ir pode lotar, se você não chegar cedo. Aliás, tenha um plano C também;

7 — Perder um horário, uma palestra, não é o fim do mundo. Aproveite para comer, beber e fazer anotações a todo tempo. Nada pode ser esquecido!

8 — Faça perguntas. Sempre que possível, converse com os palestrantes ao final do evento. É uma chance única. E eles adoram papear!

9 — Evite os supereventos, com nomes muito populares. Costuma ser perda de tempo com filas. E o conteúdo tende a ser menos interessante;

10 — Escolha palestras diferentes da sua área de atuação. Seja cabeça-aberta;

11 — O networking é 50% do SxSW. Construa amizades, fale, ouça, troque experiências, leve cartões. Vá aos happy hours, entre em grupos de WhatsApp, Face, Telegram. Tudo, ali, é informação. Não feche portas!

12 — FOMO é o “Fear of missing out”, algo como “Medo de perder alguma coisa”. Ele entra em você no momento que você pega o badge (credencial). E não sai mais. Viva bem com ele, e não sofra pelo que não conseguiu ver.

Depois de um dia de palestras, é hora de voltar para casa (Foto: Fabrício Vitorino)

Essas são minhas 12 dicas para viver bem um South by Southwest. E para falar do “meu SxSW”, reservei quatro textos, que vou publicar aqui no Medium — cujos “donos”, aliás, também ouvi durante uma sessão por lá. Amanhã, começo o resumo em três partes das sessões que vi, que não vi e de (quase) tudo o que aprendi em Austin.

E já adianto: não houve uma grande tendência dominante por lá. O SxSW 16 foi um misto de várias microtendências, disputando atenção e lutando para sobreviver.

Foi ao SxSW? Quer ir? Comenta aí. Quem sabe a gente não se esbarra por lá em 2017?

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Fabricio Vitorino

Homepage editor @ Globo.com + Fmr-editor-in-chief @ Techtudo + PhD student and Master in Russian @ USP. Tech / Education / Journalism / Russia